Mathew Lipman
Capacidade de raciocínio e argumentação
É preciso entender o que se lê e o que se ouve.
Aprender a expressar as suas perguntas e dúvidas, ter pensamento próprio
e descobrir respostas para as suas perguntas.
Partilhar ideias e ouvir as ideias dos outros.
Descobrir soluções e significados para as questões que
colocam.
O nosso sistema escolar ensina que a água consiste em oxigénio
e hidrogénio. Quem não aprende isto é classificado/considerado
como sendo estúpido. Porém, as questões mais interessantes
são muitas vezes ocultadas.
Só podemos realmente ter opiniões imparciais quando se trata
de coisas que não nos interessam, Oscar Wilde
Ir crescendo num clima de assunção de responsabilidades ...
O poder deve ser fruto de uma autoridade que a pessoa é - não
deve ser de uma autoridade que a pessoa tem - é de uma autoridade
que uma pessoa é ...
Manifestei-me fisicamente ... Estar disponível para ouvir ... A autoridade
decorre do exercício de competência.
A autoridade de uma autoridade não é volátil. Hoje uma
pessoa tem poder, amanhã não. A autoridade não pode
resultar do poder informal, que muitas vezes leva ao mau exercício
do poder.
As coisas que mais afectam a autoridade são: não usar o poder,
usar mal o poder e abusar do poder. Quem faça uma destas três
coisas perde a autoridade.
"What you have been obliged to discover by yourself leaves a pith in your
mind which you can use again when the need arises" G. C. Lichtenberg
Force Concept Inventory FCI - teste conceptual (validado) sobre forças.
Fluid Mechanics Concept Inventory (FMCI) - teste conceptual.
"If I had to reduce all of educational psychology to just one principle,
I would say this: The most important single factor influencing learning is
what the student already knows. Ascertain this and teach him accordingly."
Ausubel 1978
"It's not what you don't know that hurts you. It's what you know that ain't
so." Mark Twain.
Ganhos de aprendizagem
Ideias prévias
ser capaz de explicar ... analisar criticamente ...
Aprendizagem coerente, sistemática e fiável ...
Saber qual o ponto de partida (conhecimentos/ideias prévias) ... e
qual o progresso conseguido quer por um aluno individualmente quer pela turma
...
Abordagem conceptual ao ensino da física ... construção
do conhecimento ... partindo daquilo que já sabem (ou acham que sabem!)
... explorando as ideias prévias dos alunos ...
Os alunos abordam a aprendizagem com um conjunto de ideias definidas sobre
o funcionamento do mundo ... parece que
a maior parte destas ideias não é arbitrária nem representa
necessariamente um erro trivial ... muitas são idênticas ao
pensamento pré-newtoniano ... correspondendo a modelos mentais coerentes
... estas ideias muito estáveis/enraizadas que muitas vezes resistem
a vários anos de instrução, condicionando a aprendizagem.
Há alunos que questionam os professores se devem responder de acordo
com o que o professor ensinou ou se se devem responder de acordo com aquilo
que eles pensam. Pergunta-se há diferença?!!!
A aprendizagem resulta do confronto entre as nossas experiências /
conhecimentos prévios e novas experiências / conhecimento científico.
O novo conhecimento é o resultado deste confronto.
Existe muitas vezes a sugestão - sugestionamos o resultado da experiência
- perturbamos (condicionamos a experiência).
Qualquer sistema de aprendizagem /modelo de ensino só realiza o seu
objectivo contribuir para a substituição permanente das ideias
velhas pelas ideias novas/científicas. É frequente ouvirmos
dizer que depois do exame se esquece tudo ...
Os teste de diagnóstico efectivos/de qualidade são uma peça
fundamental de um modelo de aprendizagem porque podem permitir a identificação
das concepções cujo processo de aprendizagem pretende substituir
pelas concepções científicas aceites (conhecimento científico
aceite) através de um conflito cognitivo. É este conflito cognitivo
que abre as portas à aprendizagem significativa - que em ciência
é vista como uma construção eficaz do conhecimento.
Sem este conflito a mudança conceptual se ocorrer é menos provável
e a aprendizagem significativa poderá ficar comprometida.
Mudança conceptual: concepções alternativas substituídas
através do conflito cognitivo pelo conhecimento científico
aceite. Para termos aprendizagem efectiva, isto é, a construção
eficaz de um corpo de conhecimentos / conhecimento científico (senso
científico) é necessário provocar um conflito entre
as concepções alternativas e as concepções resultantes
da aplicação do método científico.
Senso comum - senso científico: ideias prévias /explicações/visões/teorias
prévias vs conhecimento científico.
Conflito cognitivo: O senso científico deve substituir o senso comum.
A resposta não pode vir antes da dúvida. O aluno deve questionar-se
- por em dúvida o seu corpo de conhecimentos - e procurar uma resposta
através do método científico uma resposta científica
para a dúvida/pergunta.
É fundamental conhecer/clarificar o significado as palavras de modo
que haja correspondência entre o significado físico e os diferentes
usos do vocábulo pelo aluno. Lembro-me sempre do vocábulo tribologia.
É importante apresentar contra exemplos familiares. Exemplo força
da gravidade como força à distância, isto é sem
contacto directo entre os corpos. As forças electrostáticas
e magnéticas são bem mais familiares e servem para mostrara
a acção à distância.
É fundamental que o corpo de conhecimento seja apresentado com rigor
e de forma esclarecida. Exemplo: digramas de corpo livre /diagramas de força
etc. com elevada qualidade didáctica. Outro exemplo: diferença
entre a primeira e a segunda lei de Newton da dinâmica. A primeira
não é um caso particular da segunda. Importância do referencial
inercial.
A apresentação/realização de experiências
conflituantes - experiências contra-intuitivas - é muitas vezes
essencial para iniciar o abandono das concepções acientíficas.
Para que haja impacto pedagógico ter sempre presente que a resposta
não deve vir antes da pergunta/dúvida.
As ideias prévias dos alunos devem ser encaradas como hipóteses
alternativas sérias e, por isso, serem sujeitas a avaliação
usando os métodos e procedimentos científicos e didácticos
comummente aceites. Processos e métodos de ensino e aprendizagem assentes
nestes pressupostos produzem alterações de conhecimento e atitudes
científicas que vão muito para além das resultantes
da autoridade científica do professor ou do manual.
Os métodos de ensino e aprendizagem devem promover a vontade/atitudes
de observar, conhecer e compreender o mundo que nos rodeia. A re-observação
devem ter como função questionar (por em causa) as noções
consideradas válidas pelo nosso sistema de valores/conhecimentos,
levar a novas perguntas e à proposta de hipóteses. A reformulação
das nossas explicações deve responder às questões/dúvidas,
em suma tornar-nos mais esclarecidos.
Desde muito cedo procuramos compreender/explicar o funcionamento do mundo
que nos rodeia. Cada um de nós cria desde que nasce um corpo de conhecimentos
"primitivo" baseado essencialmente nas informações transmitidas
por aqueles que cuidam de nós (progenitores/educadores), nem sempre
racionais/científicos.
Remover ideias pré-concebidas sobre as quais se edifica o nosso pensamento/conhecimento
pré-escolar. Mesmo na linguagem comum continuamos a usar/expressar
ideias pré-concebidas - linguagem comum. Por exemplo, dizemos que
o Sol nasce a Este.
Temos de ter consciência que a observação/comentário
se refere estritamente ao lugar onde estamos.
Dadas as enormes quantidades de informação disponíveis/acessíveis
é cada vez mais premente dispormos de conhecimentos e atitudes
(cientificas) que nos permitam questionar essa informação racionalmente,
avaliar decisões /propostas dos diferentes poderes de decisão.
Compreender princípios básicos de funcionamento dos equipamentos
que manuseamos no dia-a-dia.
Temos de fazer regressar as grandes perguntas ... quando éramos crianças
pedíamos respostas que nos falassem das causas primárias, de
como tudo tinha começado, como era antes e como seria depois. ...
esquecemos, provavelmente devido à azáfama do dia-a-dia e também
porque as luzes da noite nãos nos permitem ver o céu.
Aquilo que aprendemos determinará o nosso futuro. É urgente
estimular/promover a curiosidade por certos fenómenos recorrentes
...