Dois Longínquos Lugares da Escola
A resistência da Escola no Afeganistão ou
a Vontade de Estudar
Mapa do Afeganistão
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O
Afeganistão esteve sob o poder dos Talibã (“estudantes
de teologia”) desde Setembro de 1996. Este regime e a guerra que se
abateu sobre o povo afegão, destruiram 3600 escolas afegãs, ou seja, grande parte dos espaços que antes estavam
reservados à escola.
Mas o povo
afegão não desistiu
de aprender e criou espaços alternativos que, embora
com condições muito precárias, permitiram perpetuar a ideia de escola no
Afeganistão.
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O
exemplo do Instituto Gulbar, no Norte do Afeganistão, é eloquente. Em 2001, a 40 quilómetros
da frente de batalha, todas as manhãs o início das aulas era anunciado
com
cartuchos de munição vazios que caíam das vigas de um corredor pouco
iluminado. Os alunos, enquanto escutavam
o som rouco dos cartuchos de munição, iam entrando no Instituto através
daquilo que restou do portão principal, destruído
no final de 1998. Os lápis e cadernos eram levados pelos próprios alunos pois
praticamente todo o material escolar havia sido destruído. Apesar de os Talibã
terem proibido
o ensino das meninas com mais de oito anos, o Instituto
Gulbar continuou a oferecer aulas para os meninos,
de manhã, e para as meninas, na parte da tarde.
Escola de raparigas |
Escola de rapazes |
Uma professora, Latifa, ensinou
ilegalmente durante quatro anos vinte alunas que queriam aprender a ler e a
escrever. A professora descreve a situação de uma menina de seis anos,
sua aluna, que um dia, quando ia da escola para casa, foi abordada por um carro com
soldados Talibãs, violentamente revistada e interrogada. A menina manteve-se
firme e nada disse sobre a localização da escola. Impotente, Latifa assistiu a tudo, da janela da
escola. Não podia correr em auxílio da menina pois
se o fizesse a escola deixaria de existir.
Esta escola continua a existir, agora legalmente. Lalifa
ensina todas as manhãs, das 8:00 às 11:00, numa sala com um tapete onde as
alunas se sentam, uma ardósia na parede e giz.
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Rapariga afegã na escola
de Latifa
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Actualmente, a situação do Afeganistão parece ter
melhorado. As crianças já podem ir para a escola livremente. Mas muita coisa tem ainda que mudar. Por exemplo, no interior do país, sobretudo nas províncias mais pobres do
sul dominadas pelos pashtuns, a guerra parece não ter ainda terminado.
Assim, nos arredores da
província de Ghazni, são diariamente necessários 20 homens armados para proteger a escola
feminina Johan
Malaka Ghazni, bombardeada em Dezembro de 2002. Mesmo em Cabul, a liberdade de aprender nem sempre é respeitada. Por exemplo, a Escola de Música de Cabul, que
reabriu depois de oito anos sem funcionar, continua a não aceitar mulheres.

Grupo de meninas a caminho da escola
Digamos que, apesar das dificuldades, existe uma enorme vontade de estudar. Até as populações nómadas realçam a importância da educação das
suas crianças. Os Kuchis, grupo nómada originário do norte do Afeganistão
(província de Parwan), em vez
de partir para o Sul, resolveram no último ano fixar-se na pequena vila Sherak para
aí construir uma rudimentar escola para as suas 142 crianças. A escola de Sherak
é desde então uma realidade. A UNICEF forneceu ardósias, livros e outros materiais
escolares.
Como a maior parte dos
seus colegas, este menino não sonha com a guerra mas com a escola
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Desenho de um aluno afegão
anónimo
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[Dois Longínquos Lugares da Escola]
[Escola
Chinesa, Luso-Chinesa e Portuguesa de Macau] [Bibliografia]
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