Criação: Como Portalegre era capital de distrito foi logo contemplada com um liceu nacional devido à reforma de Passos Manuel e a reorganização do curso dos liceus, promulgada pelo governo de Costa Cabral, determinava como cadeiras específicas Agricultura e Economia Rural. O início de funcionamento do liceu aconteceu em 1851. Passados 65 anos, o professor António José Lourinho propôs que o liceu se passasse a chamar Mouzinho da Silveira. Esta proposta foi aceite e o liceu passou a ter a designação de Liceu Mouzinho da Silveira. Trinta anos depois, o liceu voltou a chamar-se Liceu Nacional de Portalegre. Passados mais trinta anos, Mouzinho da Silveira foi designado para patrono da instituição. O liceu dispunha de secções instaladas noutras localidades da região, sendo de destacar Elvas, Campo Maior e no Convento de S. Francisco. Estas secções foram muito uteis aquando da explosão escolar. No primeiro ano de funcionamento, o liceu funcionou em casa dos professores, pois só em Julho de 1852, o Governo decretou a instalação do Liceu Nacional de Portalegre no Seminário Episcopal. A ocupação destas instalações aconteceu no ano lectivo de 1852/53. Foi feita uma ligação entre o seminário e o liceu, pois os alunos do seminário frequentavam as aulas do liceu. No entanto, estas instalações vieram a revelar-se insufucientes, pois o liceu necessitava de mais espaço. A solução encontrada foi a mudança do liceu para as instalações do extinto Convento de S. Bernardo. Este liceu chegou a ser considerado como o pior dos liceus a nível de instalações. Foram então encontradas novas instalações no palácio Achaioli em 1887. Foi feita uma comemoração devido às instalações, mobiliário e material didáctico que este recebera. O liceu esteve neste edifício até 197. É nesta data que se transfere para o primeiro edifício expressamente construído para o efeito. Neste liceu era ministrado o curso geral dos liceus aos rapazes e às raparigas. Havia um baixo número de alunos, o que implicava a coexistência de ambos os sexos no mesmo edifício. No entanto, o pátio era dividido. Este liceu pretendia ter todos os anos do curso liceal e para isso teria de ser elevado à categoria de central, pedido que foi aceite em 1911. O curso complementar foi leccionado até 1928, ano em que houve uma revisão nas categorias dos liceus. Em consequência, Portalegre vê o seu liceu voltar à categoria de liceu nacional. Esta medida diminuiu o número de alunos. Nos finais da década de 50, foi autorizado novamente um curso complementar para a componente de Ciências e na década de 60, o liceu foi contemplado com todo o ensino secundário entrando assim em funcionamento as várias vertentesde cursos complementares.
Instalações: Localização: De inicio: Em instalações provisórias Em 1852: Seminário Episcopal de Portalegre Em 1880: Convento de S. Bernardo Edíficio Construído para o Liceu Em 1887: Palácio Achaioli Edíficio Construído para o Liceu Em 1976: Avenida do Bonfim Os primeiros anos de vida deste liceu foram marcados por uma grande instabilidade em relação às instalações. No ano lectivo de 1851/52, as aulas foram leccionadas nas casas dos professores.
Palácio Achaioli (1928) No inicio da década de 20 começaram a escassear os espaços havendo a necessidade de ampliar as instalações. Este começou a ser considerado um liceu de prestígio e começou a ser pedido que este fosse elevado a centra. No entanto este pedido não foi satisfeito, mas foram feitas obras de conservação e ampliação das instalações. Nestas obras foram feitas um ginásio e uma sala de Canto Coral.
Sala do conselho (1928) Sala de Ciências Naturais (1928) Mesmo com as várias obras de ampliação e de construção, o liceu foi-se degradando constantemente o que levou a necessidade de um novo liceu. A decisão de construir um novo edifício foi dada em 1967 e estas foram concluídas em 1975. Nestas novas instalações a biblioteca conseguiu angariar várias doações e os laboratórios tinham aqui material especifico e estavam com melhores condições. Havia também espaço próprio para Desenho, Geografia e Música. Sala de aula de Química (1928) Este novo edifício tinha umas condições excelentes. Era cheio de cor, estilo, bem equipado e bem preparado para a vida escolar.
Traços Liceais: Os professores e alunos que passaram por este liceu marcaram a vida deste. "A memória local guarda assim essas figuras de professores em contextos profissionais, ideológicos, religiosos, culturais, sociais, políticos, lúdicos, conforme os casos e os contextos, mas onde também se encontra sempre presente o prestígio social que era claramente reconhecido à profissão de professor" (Maria João Mogarro). Relativamente ao número de alunossabe-se que de inicio eram apenas 19, cerca de 50 no final dos anos 50 e no final dos anos 80 do séc. XIX chegaram a atingir cerca de 100 alunos. No inicio do séc. XX, o número de alunos voltou a descer para os 50. Quando o liceu passou à categoria de liceu central, este teve um novo aumento do número de alunos que era de cerca de 200 alunos no início dos anos 20, situação que se manteve até perto dos anos 50. O associativismo no liceu assumiu várias formas ao longo da história do liceu. A mais antiga era a Sociedade Filantrópica Académica Portalegrense e tinha fins de solidariedade. Havia também jornais escolares, dos quais se destacam, O Académico, A Juventude, Alô!Daqui LMS, entre outros. Em relação às comemorações, havia o 1º de Dezembro e a sessão solene de abertura das aulas, onde eram distribuídos prémios aos melhores alunos. Na década de 60, começaram a haver os bailes de finalistas que ocorriam no Carnaval e a festa de encerramento do ano lectivo, que incluiam exposição de trabalhos, manifestações desportivas, actuação do Órfeão e peças de teatro. Há também referências a saraus, representações teatrais, palestras e conferências. (Pinheiro, 1999; Oliveira, 1981)
Conclusão: "A história desta instiuição exemplifica a evolução do ensino liceal em Portugal. Numa dimensão local e regional, o seu itenerário confunde-se com a história da própria cidade. No quotidiano e nas manifestações, o liceu, os seus alunos e os seus professores surgiram estreitamete ligados à população e às suas vigências. A cidade fez seus os combates do liceu local, travados pela valorização e dignificação do seu estatuto; os professores formaram o eixo principal da elite cultural local, marcando fortemente as actividades sociais, politicas e religiosas, com a sua acção. Por isso, o conhecimento da história do Liceu de Portalegre assume um papel fundamental na construção da idenidade da própria instituição escolar, dos seus alunos e dos seus professores, assim como da cidade com a qual manteve uma relação indissolúvel, ao longo de mais de um século." ( Maria João Mogarro)
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Olga Pombo: opombo@fc.ul.pt
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