Criação: A cidade de Évora foi contemplada com um liceu, devido a ser capital de distrito. Este é um dos liceus que hoje em dia foi convertido em escola secundária. O inicio deste liceu foi previsto para 1836, mas só em 1841 é que este iniciou o seu funcionamento. Este apenas dispunha de três das dez disciplinas proferidas na reforma de Passos Manuel. Estas disciplinas eram Gramática e Língua Latina; Ideologia, Gramática Geral e Lógica e Oratória, Poética e Literatura Clássica. Ainda nesta década iniciaram-se as disciplinas de História, Cronologia, Geografia, Francês, Inglês, Economia Industrial, Escrituração, Aritmética, Geometria e primeiras Noções de Álgebra. Este liceu funcionou sempre no mesmo espaço, mas as primeiras salas estavam nos claustros do Colégio do Espírito Santo e durante muitos anos, o liceu partilhou instalações com outras instituições, nomeadamente o Governo Civil, a Direcção de Finanças, os serviços de Obras Públicas, e as instituições educativas da Casa Pia e da Escola Industrial Comercial. Claustro do edifício do liceu (actual Universidade de Évora), anos 40
Instalações: Localização: Instalações provisórias para o liceu De 1841 até 1978: Colégio Espírito Santo
A saída da Casa Pia trouxe ao liceu mais espaço, o que fez com que fosse feito nesses novos espaços uma sala de Desenho, um Gabinete de Química e um Gabinete de Ciências.
Traços Liceais: O liceu ficou marcado por alguns acontecimentos importantes que fizeram o próprio clima do liceu. Regras, festas, associações estudantis, entre outras. O primeiro traço de uma associação estudantil foi a Associação Académica Filantrópica Eborense, que foi fundada em 1890. Os seus espectáculos revertiam principalmente em favor de estudantes pobres, apoiando-os. Esta acaba por se extinguir, em 1910, porque os alunos que dela faziam parte foram acabando os seus estudos e saindo do liceu, e não houve ninguém a suceder-lhes na Associação Académica Filantrópica Eborense. Depois desta associação, surgiu uma nova que se denominava de Associação da Tuna Académica. Estes faziam espectáculos musicais e com o dinheiro ganho suportavam as despesas das visitas de estudo que faziam. Em 1912/13, surgiu a Associação Orfeónica. Esta tinha mais ou menos as mesmas funções que a Tuna Académica, mas esta era mais organizada. Apesar de tudo, a Tuna Académica tornou-se a mais importante associação estudantil, tornando-se uma presença constante nos acontecimentos da cidade. Esta foi também caracterizada pelo clima de sociabilidade estudantil existente nas tunas. Secretaria do liceu (anos 40) Em 1920, foi fundada a Associação Académica. Esta tinha seis secções:
Havia também uma organização ligada ao Desporto, nomeadamente ao nível do futebol, desporto que teve muita importância naquele tempo. Este foi introduzido em 1908 e fundou o Vitória Académico, clube de futebol constituído por estudantes. Outra das organizações a referenciar, foi a publicação de um jornal, o "Scholastico Eborense". Este ocupava-se principalmente de fazer divulgação cultural, nomeadamente de biografias, folhetins, polémicas literárias e algumas críticas dirigidas ao público estudantil. No entanto, foi o jornal académico de maior prestígio na época foi "O Corvo". Este foi fundado em 1921, e a sua primeira publicação teve lugar no dia 1 de Dezembro. As comemorações do 1º de Dezembro eram os momentos mais importantes do ano lectivo. Estas eram normalmente organizadas por alunos finalistas. A implantação da Mocidade Portuguesa veio alterar as tradições do liceu, mas este resistiu durante algum tempo tentando manter algumas das tradições. Em algumas delas acabou mesmo por prevalecer a vertente tradicional. Um outro marco importante na história do liceu foi a comemoração do seu centenário em 1941. É ainda de referir que no ano lectivo de 1945/46, organizaram-se turmas separadas, ou seja, turmas exclusivamente masculinas e turmas exclusivamente femininas. No entanto, esta situação não agrador aos professores e este foi o único ano em que aconteceu tal situação.
Conclusão: O liceu conseguiu manter um espírito académico, apesar de terem havido alguns contratempos. Destas tradições são de destacar a Tuna Académica e o uso de capa e batina. Uma outra característica centra-se na figura de António Bartolomeu Gromicho, reitor do liceu e elemento marcante e decisivo na evolução do liceu.
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Olga Pombo: opombo@fc.ul.pt
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