Criação: Este liceu constitui talvez o caso do liceu que mais dificuldades sentiu em Portugal. No decreto de Passos Manuel, de 17 de Novembro de 1836, foi definida a rede de liceus que iriam contemplar em Portugal, pois este definia que cada capital de distrito devia ter um liceu. Apesar disso, a cidade de Viseu teve de esperar 13 anos para que tal se concretizasse. E em 1849, depois de muitos esforços, é que foi estabelecido um liceu. Este, tal como muitos outros, não tinha instalações próprias e tinha falta de professores. Os primeiros passos do liceu foram dados através da realização do Concelho do Liceu Nacional de Viseu. O local escolhido para o início do liceu foram duas salas no Seminário Episcopal, e a nível de material, o primeiro contributo foi dado pelo Bispo de Viseu, D. José Joaquim de Azevedo e Moura. As duas salas cedidas no Seminário Episcopal eram escassas tendo em conta que o liceu contou à partida com cerca de 180 alunos. O liceu funcionou durante 19 anos nesta situação. A sucessvas reformas do ensino, criaram condições externas para a implantação e desenvolvimento da rede nacional de liceus. O panorama vivido no liceu de Viseu era inadequado e tentou-se resolver o problema das instalações o quanto antes. Não foi desde logo, possível colocar o liceu num edifício próprio, mas este foi mudado para o Paço dos Três Escalões, permitindo um melhoria nas condições de ensino. Seminário Diocesano (anos 40) Instalações: Localização: De inicio: Em instalações provisórias Em 1849: Seminário Diocesano Em 1868: Paço dos Três Escalões Em 1922: Colégio da Sacré-Coeur Edíficio Construído para o Liceu Em 1948: Avenida Infante D. Henrique
A mudança das instalações trouxe uma melhoria das condições, o que fez com que fosse exigida a elevação do liceu à categoria de primeira classe. Esta exigência acabou por ser aceite e veio estipulada no Decreto de 31 de Dezembro de 1868. Esta mudança foi significativa, na medida em que os alunos puderam começar a realizar os exames neste liceu sem terem de se deslocar a outro estabelecimento. O aumento do prestígio do liceu teve como consequência a sua elevação a "liceu nacional central" pelo decreto de 13 de Julho de 1898. A partir desta altura o liceu teve direito a um curso complementar. Esta situação trouxe muitos alunos de outras zonas que pretendiam prosseguir os estudos. Devido ao novo estatuto e elevado prestígio do liceu, tornou-se necessário mudar de instalações. Esta situação veio a verificar-se em 1922, e este mudou-se para o antigo Colégio das Irmãs Congreganistas. Esta mudança só se verificou no ano de 1922, porque neste edifício já estava instalada a Repartição de Obras Públicas do Ministério do Fomento e o liceu veio partilhar instalações com esta repartição. É de referir que, a 18 de Março de 1911 o liceu passou a chamar-se Liceu Central de Alves Martins. O nome dado foi em homenagem ao Bispo António Alves Martins que reuniu esforços para impulsionar o liceu na sua evolução e expansão. Desde o período da Reforma de Jaime Moniz que se verificou um aumento gradual dos número de alunos e em 1911/12 chegou mesmo a atingir os 430 alunos. Este crescimento é bastante significativo tendo em conta que Viseu é uma cidade no interior do país, inserida numa zona em que a população estava muito sujeita à emigração e onde a maior parte da população era rural. É de refeir que, para este crescimento contribuiu a presença feminina no liceu. As obras para a construção de um edifício de raiz, passaram a ser uma aspiração permanente na vida do liceu. Uma das muitas hipóteses que surgiram foi a criação de um liceu feminino. Esta hipótese foi colocada em virtude do aumento de alunos que se verificou a partir de década de trinta. A segregação da população feminina veioa aliviar a sobrelotação do liceu. No entanto, esta solução não foi permanente e no palno de liceus de 1938 foi atribuido ao liceu de viseu a construção de um edifício de raiz exclusivamente para uso do liceu. Este novo liceu tinha uma composição arquitectónica com posição em U, formando um pátio de entrada virado para a avenida na zona de Marzovelos. A construção deste edifício foi iniciada em 1941 e demorou seis anos, devido a alguns problemas que surgiram, sendo de destacar a falta de mão de obra e a escassez de material. É de referir que outro dos factos que contribuiu para esta situação foi a II Guerra Mundial. Este novo edifício acabou por ser inaugurado em Abril de 1948.
Traços Liceais: O sucesso deste liceu começou na promoção deste a liceu de 1ª classe e mais tarde a liceu nacional central, o elevado número de alunos inscritos e a intensidade da vida cultural. As práticas de cariz cultural, tiveram um carácter multifacetado, nomeadamente nas origens e nas modalidades que vieram a adoptar. Merecem destaque as excursões educativas, visitas de estudo, conferências educativas, cursos facultativos, festas e comemorações. Das práticas realizadas pelas associações são de destacar as actividades musicais, actividades de leitura, actividades assitenciais e desportivas e actividades jornalísticas. As excursões educativas e as visitas de estudo eram naquela época entendidas "como elemento de estudo de seguros e benéficos resultados para os alunos" (Anuário do Liceu, 1914). Estas tinham diversos fins, tais como, científicos, culturais e lúdicos. Dos jornais que foram publicados, são de destacar o Ideia Nova, a Mocidade, O Investigador, o Académico, o Maganão, A Vespa, o Pelourinho, A Academia, A Desforra, A Luz, a Esperança, o Despertar, entre outros. É de referenciar o intercâmbio escolar realizaado pelos alunos deste liceu com outros países, com o objectivo de trocar trabalhos e informações. Haviam ainda alguns clubes escolares, que tinham como objectivo desenvolver o espírito associativo de feição corporativa, contribuir para a aquisição de conhecimentos científicos e estimular a cultura geral dos alunos. Do ponto de vista escolar, a sua influência ultrapassava os limites da cidade de Viseu, principalmente pelo seu estatuto de "liceu nacional central". Quanto ao seu papel como pólo dinamizador de actividades de cariz cultural, atingiu uma amplitude muito grande devido às actividades próprias do calendário escolar ou de acções das associações do liceu. Em 1947, em consequência da reforma deste ano, o liceu passou a chamar-se Liceu Nacional de Viseu, sendo retirado o nome do patrono do liceu Alves Martins. Este facto veio a ser considerado como um abaixamento de categoria, devido à perda do termo "central". A construção do novo edifício do liceu correspondeu à satisfação de uma necessidade , representando um passo importante na vida da cidade de Viseu. A explosão escolar, trouxe para o liceu problemas nas instalações, que mesmo novas não conseguiram acompanhar este aumento repentino do número de alunos. Este crescimento fez com que tivesse de ser necessária a construção de um liceu feminino. Em 1949, houve a comemoração do centenário do liceu. Foi organizado um vasto programa de festas que era composto de actividades culturais, recreativas, religiosas e de confraternização. Todas estas actividades constituiram uma marca própria que o diferenciaram como pólo produtor de manifestações culturais. Destas comemorações são de destacar o Dia de Nuno Álvares Pereira, o dia 1 de Dezembro, a Semana Colonial, entre outras. Pretndia-se com estas actividades "suscitar e alimentar no espírito dos alunos essencialmente um forte e consciente sentimento de amor à Pátria" (Actas do Conselho Escolar, sessão de 10 de Maio de 1957). A vasta actividade associativa do liceu sofreu uma grande mudança no ano de 1942 quando o Centro da Mocidade Portuguesa começou a extinguir e a subordinar algumas destas associações.
Conclusão: Durante o período de 1849 e 1947, o Liceu de Viseu teve bastantes dificuldades. O seu percurso ficou marcado por dois grandes ciclos:
"Tal como em outras regiões do país, o liceu constituiu um elemento central na afirmação de Viseu como pólo urbano e como zona de referência para a formação liceal dos jovens da Beira Alta" (João Nuno Montenegro).
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Olga Pombo: opombo@fc.ul.pt
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