Criação: É no contexto da concepção de Estado que surge uma adaptação ao sistema de ensino que implicou a criação de liceus em Portugal, e entre eles o de Castelo Branco. Este ainda sem estatuto de liceu, dispunha das disciplinas de Gramática Latina, Filosofia e Retórica. O liceu funcionou em instalações provisórias até 1836. Foi nesse ano que, com a reforma de Passos Manuel, foi criado um liceu em cada distrito. Esta nova situação, trouxe alguma instabilidade, pois não havia professores nem instalações próprias para tal. Nesta altura, o clero ainda estava muito ligado ao ensino e não acreditava nestas inovações, bem como a população local. Teve-se então de implementar um liceu que tivesse um clima mais tradicional e, através deste conseguiu-se implantar o liceu em 1848. Este dispunha das cadeiras de História e Oratória; Gramática Latina e Latinidade; Filosofia e Aritmética. "Em nome de sua Majestade a Rainha, está definitivamente constituído o Liceu Nacional de Castelo Branco" (Auto de Constituição definitiva do Liceu, in Fundo do Ministério do Reino).
Instalações: Localização: De inicio: Em instalações provisórias Quase desde o início: Edifício da Misericórdia Velha Em 1863: Palacete no Largo da Sé Em 1911: Paço Episcopal Edíficio Construído para o Liceu Em 1946: Avenida Nuno Álvares
Traços liceais: Em consequência da Reforma de Jaime Moniz, o liceu recupera o seu prestígio, começando a ter uma maior procura por parte dos alunos. Após a extinção do Colégio de S. Fiel, o número de alunos do liceu aumentou consideravelmente. As tranformações afectaram também o convívio e a diversão. As bandas passaram a animar as festas, as solenidades e os coretos de domingo. Surgiram ainda as récitas académicas e a Tuna. Havia também a comemoração do 1º de Dezembro com um sarau literário e musical. Destes rituais, faziam parte o uso de capa e batina e as praxes dos caloiros. Estas constavam em jogos e brincadeiras que se seguiam de um jantar. Apareceram os jornais académicos, "O Cri-Cri" e "O Átomo". O primeiro tinha um carácter literário e o segundo incidia na vida académica local. Com a implantação da República, o liceu foi mudado para o Paço Episcopal, onde ja dispunham, para além das salas normais, de uma sala de Desenho, de um museu de História Natural, de um laboratório de Físico-Química e de uma biblioteca. Tinha ainda salas para a secretaria, reitoria, professores, funcionários e arrecadações. É ainda de referenciar as boas condições de higiene, os pátios para os alunos e um posto meteorológico. Liceu no Paço Episcopal (1914) Com o aumento do número de alunos no liceu, formaram-se dois grupos de futebol e em 1912/13, foi feita a primeira grande viagem de estudo dos alunos até Coimbra e Figueira da Foz. Em 1913/14, surgiu o "Baptismo dos Caloiros" que se realizava no dia 1 de Novembro. Este foi um período de grande dinamismo no liceu. A escolha de Nuno Álvares para patrono aconteceu em 1918, numa reunião do Conselho Escolar, pois este era considerado um grande patriota. Durante os anos de 1917 até 1922, o liceu viu os efeitos da guerra, da fome e da pneumónica. Apesar disto, os alunos continuaram a seguir a tradição principalmente no uso de capa e batina. No entanto, o número de alunos decresceu. Em 1923 o país começa a recuperar, e o número de alunos cresce novamente, chegando a atingir cerca de 710 alunos em 1933/34. Evolução: Com a implantação do Estado Novo, passou a ser motivo de comemoração o dia 28 de Maio, data que foi bem recebida pelos estudantes de Castelo Branco. Surgiu a censura e os jornais académicos passaram a ser vigiados por professores e reitor do liceu. Estas novas mudanças visavam preparar elites e tornou-se mais importante a formação ideológica do que a instrução e a qualidade mais importante que a quantidade de alunos. A Mocidade Portuguesa apareceu como difusora desta doutrina, através de boletins e revistas. A cidade começou a ter novas avenidas e começou a construir um novo liceu. Apesar do entusiasmo em ter um novo edifício para o liceu, o número de alunos a frequentarem-no começou a decrescer desde 1934, chegando aos cerca de 430 alunos no ano lectivo de 1844/45. As razões deste decréscimo deviam-se às dificuldades sociais do momento, à expansão do ensino particular e à criação de um liceu na Covilhã. A construção do novo edifício, teve início em 1941 e em Maio de 1944 foi dado por concluído. O liceu foi transferido no ano lectivo de 1945/46. A inauguração aconteceu no dia 2 de Maio de 1946 e o convívio desta inauguração durou cerca de três dias. Com esta festa iniciou-se um convívio que começou a ser tradição. Foi realizado durante os anos de 1956, 1961, 1966, 1971.
Conclusão: Devido à exigência de qualidade e da formação de elites do Estado Novo, foi adiada a explosão escolar. Mas, depois da segunda Guerra Mundial, o número de alunos começou a aumentar rapidamente, chegando a atingir 1373 alunos no ano lectivo de 1967/68. É de referir que a percentagem de alunas começou igualmente a crescer ultrapassando os rapazes no ano lectivo de 1954/55. Já no novo edificio, começou a haver problemas de salas para tantos alunos, o que fez com que, tivesse de haver obras para construir mais salas. Enquanto essas obras não foram feitas, as aulas chegaram a funcionar até no refeitório e até nos vestiários por falta de espaço. Novo edifício do liceu (1946) O "tufão" (6 de Novembro de 1954) foi um acontecimento que marcou Castelo Branco. O edifício liceal ficou muito danificado e chegaram mesmo a morrer alunos. O liceu abriu 8 dias depois e a Tuna Académica realizou espectáculos em favor das vítimas. A ala sul do edifício teve de levar reparações. Nesta altura, Mourão Correia era reitor do liceu. Não era a pessoa indicada para o cargo, pois preocupava-se demasiado com a sua imagem junto da opinião pública. Este procurou combater os efeitos da explosão escolar seguindo modelos elitistas. No entanto, este foi mudando a sua atitude ao longo do exercício do seu cargo. A política de Veiga Simão veio unificar o Ciclo Preparatório, como forma de promover a igualdade de oportunidades a par da transformação da estrutura social e do mercado de trabalho.
VOLTAR PÁGINA PRINCIPAL |
Olga Pombo: opombo@fc.ul.pt
|