Poesia

 

Como diz Bonnard (1972, II, 246) "a poesia nasceu, ou pelo menos viveu, à sombra do Museu". 

Na verdade, os grandes poetas Alexandrinos são eruditos que polvilhavam a sua poesia de explicações técnicas e científicas, de alusões sábias e observações eruditas exigindo do leitor conhecimentos aprofundados para a sua compreensão.

De entre os muitos poetas alexandrinos, destacam-se:  

Calímaco (300 - 240 a.C.) nasceu em Cirene (hoje Shahhat, Líbia), e foi educado em Atenas. Após um período em que ensina gramática em Eleusis, perto de Atenas, é designado por Ptolomeu II como bibliotecário da Biblioteca de Alexandria, cargo que ocupou durante cerca de vinte anos.
São lhe atribuídos mais de 800 livros. Das obras em prosa, a mais importante é Pinakes, um catálogo das obras existentes na biblioteca, com o qual Calímaco se constituiu como fundador dos estudos críticos da literatura grega. Como poeta distinguiu-se pelos seus poemas curtos, entre os quais sobressaem seis hinos e cerca de sessenta epigramas.Neste campo, Calímaco influenciou fortemente os poetas romanos, especialmente Cátulo, Ovídeo e Propertio.
Das suas obras, sobreviveram ainda alguns fragmentos de Aetia, uma colecção de lendas gregas em versos elegíacos, e a curta obra épica Hecale.

Apolónio de Rodes(295 - 215 a.C.), gramático e poeta épico, manteve em Rodes uma famosa escola de retórica. Após a morte de Calímaco, com quem se havia desentendido, regressou a Alexandria, onde foi igualmente director da Biblioteca. Tal como em Calímaco, a sua poesia está carregada de erudição. Como ele próprio confessa, "a leitura é a substância do estilo" (cit. in Bonard, 1972, II, 247).  

Apolónio compôs ainda o grande poema épico da poesia Alexandrina "Argonautica" (poema em cinco cantos que narra as aventuras de Jasão e seus companheiros, numa expedição à Cólchida, na nau Argo, em busca do velo de ouro).

 

Teócrito(310 - 250 a.C.) nasceu em Siracusa, Sicília, passou algum tempo na ilha de Cós e depois foi viver para a corte de Ptolomeu II em Alexandria, onde foi membro da pleiade dos poetas alexandrinos. Criador do estilo poético pastoral, chegaram até nós trinta poemas idílicos e vinte e quatro epigramas curtos, se bem que as autoridades no assunto questionem a autoria de alguns. Dos poemas idílicos, dez são pastorais, outros relatam a vida citadina ou temas mitológicos.O seu seguidor mais célebre foi Virgílio que, nas Eclogas, introduziu a forma pastoral na poesia Latina.

 

Aristófanes  de Bizâncio(257 - 187 a.C.) discípulo de Zenódoto - primeiro bibliotecário da biblioteca de Alexandria - foi filólogo e gramático. Sucedeu a Apolónio de Rodes na direcção da biblioteca. Estabeleceu a metodologia científica  para a crítica textual e para a edição de textos antigos, tarefa à qual ele dedicou toda a sua vida. Criou uma escola de edição e crítica textual na Biblioteca na qual teve como discípulo e continuador Aristárco de Samotrácia. Ficou conhecido pelos seus trabalhos no campo da linguística, da literatura, da crítica textual e pelo estudo sistemático da pontuação e dos acentos ortográficos. Inventou marcas de pontuação como o ponto final, a vírgula, o hífen e o asterisco. Estas marcas tornaram-se essenciais para a edição e pesquisa na crítica textual.
Aristófanes foi autor de edições críticas das obras de Homero, Hesíodo, Píndaro, Ésquilo e Aristófanes. O seu trabalho mais conhecido são os seus tratados léxicos e gramaticais. Um dos seus trabalhos contém uma colecção de alguns provérbios gregos.

 

Aristárco de Samotrácia(215 - 131 a.C.), foi discípulo de Aristófanes e sucedeu-lhe na direcção da Biblioteca de Alexandria. Ele escreveu alguns comentários de escritores clássicos em cerca de 800 papiros e publicou uma edição científica dos Hinos Homéricos. Foi o primeiro gramático a dividir o discurso em 8 partes: nomes, verbos, particípios, pronomes, artigos, advérbios, preposições e adjectivos.

 

Olga Pombo opombo@fc.ul.pt