Tapeçaria

Tapeçaria "O número"

Intitula-se «O Número» a tapeçaria executada por Almada Negreiros para o Tribunal de Contas em Lisboa. Nele se conjugam, em forma de arte, o mito, a alegoria e o símbolo:

o mito liga-se à criação do mundo e de todos os seres vivos, representada pelos sólidos platónicos

a alegoria referente à história de Prometeu, que deu ao Homem a mais sagrada de todas as qualidades, o Fogo Sagrado: "dei-lhes o belo achado do número". (frase escrita na parte inferior da tapeçaria)

No centro encontra-se o símbolo do homem (e do universo), os braços e as pernas afastados em cruz, enquadrado e inscrito num círculo, por seu lado inscrito num segundo quadrado. Ladeando esta parte central, podemos observar duas figuras humanas: do lado esquerdo o Grego, simbolizando a origem do conhecimento; do lado direito, o Renascentista, símbolo da redescoberta, da recuperação do Saber.

"Almada realizou em 1958 uma tapeçaria intitulada «O Número» em que o motivo central é uma figura de homem de braços e pernas abertos, à maneira do célebre desenho de Leonardo, inscrito num quadrado que se inscreve num círculo, o qual por seu turno se inscreve num quadrado. (...)

Aí vemos, à esquerda do motivo central - que no painel «Começar» viria a ser a estrela pitagórica - as «descobertas» de Almada que marcaram a sua vocação aritmológica: o Vaso de Susa, o pormenor do friso do Palácio de Cnosos, a Tetraktis pitagórica, o traçado com que Almada procura determinar o Ponto da Bauhütte e a Figura superfula ex-errore colhida em Leonardo Da Vinci. Estes cinco motivos são equilibrados simetricamente, à direita de quem olha, pelos cinco «corpos regulares» de Platão."

(Lima de Freitas, 1985, p.171)

Toda esta composição é coroada com as legendas de:

a) Raimundo Lulio (Renascentista): «Ah Numerante que estabeleces o Número/ Ah Espírito Santo que aperfeiçoas o Número!»

b) Ésquilo (Grego): «Prometeu: Dei-lhes o belo achado do Número»

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