Os três sonhos de Descartes

 

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    Descartes acorda sentindo uma dor aguda no lado esquerdo do corpo e volta-se para o lado direito. Faz uma pequena oração a pedir a Deus que lhe afaste os pesadelos pelos quais algum espírito mau o quer atormentar.

    Após ter reflectido durante duas horas sobre os bens e os males deste mundo, Descartes adormece de novo e tem, então, um segundo sonho.

   

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    Descartes entende o estrondo do trovão e a claridade luminosa do raio, bem como as faíscas deste derivadas, como um sinal da Verdade que descia sobre ele para o possuir.

    Readormece e dá-se então o terceiro sonho.

 

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    Ainda a dormir, Descartes apercebe-se que está a sonhar e interpreta este último sonho do seguinte modo: o Dicionário significaria a reunião de todas as ciências; o Corpus Poetarum, a união entre a filosofia e a sabedoria; o Est e Non, o sim e o não, representariam a necessidade de opção entre a verdade e a falsidade na ciência.

 

 

    Que sentido atribuir a estes sonhos? Que significado oculto poderão eles esconder? Que terá, de facto, Descartes descoberto nesse dia 10 de Novembro de 1619? Que entusiasmo o levou a deitar-se com o espírito perturbado e ter três sonhos consecutivos a que deu uma importância decisiva para a sua vida?

   As opiniões divergem quanto a esta questão.

  • Terá sido a descoberta da ideia da constituição de uma Mathesis Universalis, isto é, da unidade do corpo das ciências?
  • Será que Descartes descobriu, com o princípio da Geometria, a generalidade do método, apercebendo-se que o método se aplica, não só às coisas matemáticas, mas também às coisas físicas e espirituais?
  • Ou, simplesmente, será que Descartes descobriu a sua vocação filosófica, que estes três sonhos foram como que a revelação simbólica de que deveria consagrar a sua vida à missão de filosofar?

 

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Olga Pombo opombo@fc.ul.pt