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.Departamento de Geologia

da Faculdade de Ciências de Lisboa

 

 

Faculdade de Ciências de Lisboa (FCUL)

 

 

Universidade de Lisboa

 


 

Carlos Marques da Silva

 


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Dados biográficos


Bibliografia


Paleontologia no GeoFCUL


Materiais de divulgação da Paleontologia


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Temas de Paleontologia

 

Índice / Introdução

 

O que é um paleontólogo?

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Fóssil

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Fóssil vivo

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Fóssil índice

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Somatofóssil

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Icnofóssil

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Paleontologia

 

Tafonomia

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Paleobiologia

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Micropaleontologia

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Moldagem

 

Mineralização

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Geodiversidade

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Dinossáurio ou dinossauro?

 

Clypeaster

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Carcharocles

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Como citar esta página web:

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Silva, C.M. da (2008) - Temas de Paleontologia: Fóssil índice.

Acessível em http://webpages.fc.ul.pt/~cmsilva/

Paleotemas/Indexpal.htm, consultado em:

[inserir a data da consulta].

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Temas de Paleontologia           

 

 

Fóssil índice

 

 

por Carlos Marques da Silva               

 
 

 

Em sentido estrito, a expressão fóssil índice é usada em Estratigrafia para designar fósseis de grupos taxonómicos (normalmente de categoria género ou espécie) com base nos quais são definidas biozonas, para datação relativa dos estratos geológicos.

De um modo mais lato, informal, a expressão fóssil índice (ou fóssil de idade, fóssil característico ou fóssil estratigráfico) é muitas vezes utilizada para designar genericamente os fósseis de grupos taxonómicos que permitem datações relativas mais finas, mais detalhadas, ou que permitem identificar determinado intervalo biostratigráfico, em concreto.


 

O que é uma biozona?

Uma biozona (uma unidade biostratigráfica) é um corpo rochoso (por exemplo, um conjunto de estratos geológicos) definindo ou caracterizado estratigráfica e geograficamente com base no seu conteúdo fossilífero. Existem vários tipos de biozonas (de extensão, de associação, de intervalo, de abundância, de linhagem), todos eles definidos com base em fósseis.  

Cada biozona, em concreto, é definida de acordo com a especificidade do registo fóssil correspondente (biozonas de amonites, de trilobites, de corais, de gastrópodes, etc.), dos objectivos do estudo e da experiência e perspectiva de investigação dos estratígrafos envolvidos na sua definição.  

Uma biozona pode ser definida com base na ocorrência dos fósseis de um táxone específico (biozona de extensão), pelo intervalo entre o aparecimento de um dado táxone e o desaparecimento de outro (biozona de intervalo) ou ser caracterizada pela ocorrência de uma determinada associação fossilífera (biozona de associação), etc. O nome de cada biozona é dado com base no táxone (normalmente de categoria género ou espécie) que define ou que melhor caracteriza essa mesma biozona. 

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Biozona de Extensão. Os limites inferior, superior e laterais da Biozona de Extensão Aa são definidos pela extensão da ocorrência dos fósseis do táxone Aa.

 

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Alguns exemplos: Biozona de Extensão Dactylioceras costatum (biozona do Jurássico Inferior que reflecte a expressão estratigráfica dos fósseis das amonites da espécie Dactylioceras costatum); Biozona de Intervalo Globigerinoides sicanus-Orbulina suturalis (biozona do Neogénico definida pelo aparecimento dos fósseis do foraminífero G. sicanus e o desaparecimento dos de O. suturalis), Biozona de Associação Prionopeltis archiaci (biozona de trilobites do Silúrico em que a ocorrência de fósseis de P. archiaci é um elemento importante, mas não o único distintivo).

 


 

Que fósseis são bons fósseis índice?

Na Natureza, não há "fósseis bons" e "fósseis maus". Estabelecer uma divisão rígida entre fósseis que são indicadores de idade e fósseis que são inúteis para datação é um procedimento artificial e totalmente desprovido de fundamento. Todos os fósseis encerram algum tipo de informação estratigráfica, temporal, e como tal os fósseis de qualquer grupo taxonómico, em circunstâncias propícias, podem desempenhar o papel de fóssil índice.

Contudo, os fósseis que mais frequentemente são usados para a resolução de questões biostratigráficas, para a caracterização de biozonas e para datação relativa fina, são aqueles que mais se aproximam das seguintes características ideais:

1 - Ter distribuição estratigráfica tão estreita quanto possível.

Quanto mais curta for a distribuição estratigráfica (na vertical, ao longo das sequências de estratos geológicos) dos fósseis de um dado táxone (ou grupo biológico), mais úteis esses fósseis serão para a caracterização de intervalos estratigráficos finos. Quanto mais finos os intervalos estratigráficos definidos, mais detalhado será o seu posicionamento relativo (i.e., a sua datação relativa).

2 - Ter distribuição geográfica tão ampla quanto possível.

A correlação estratigráfica entre camadas geológicas de áreas geográficas distintas é feita com base na comparação das associações fossilíferas, dos fósseis, presentes nessas mesmas camadas. Quanto mais ampla a distribuição geográfica dos fósseis de um dado táxone, mais ampla a área geográfica em que a correlação estratigráfica com base neles será possível. 

3 - Existir em grande quantidade.

Para levar a cabo a correlação estratigráfica entre camadas geológicas localizadas em áreas distintas é necessário ter associações de fósseis (para comparar). Quanto mais abundantes forem os fósseis de um dado táxone (ou grupo biológico), mais fácil será encontrá-los e mais fácil será estabelecer a correlação.

4 - Apresentar características morfológicas distintivas.

Para usar os fósseis de um determinado táxone para datação relativa fina é necessário identificar esse fóssil até ao nível da espécie ou do género. Se os fósseis não apresentarem características morfológicas que os permitam distinguir de outros fósseis similares (correspondentes a grupos biológicos afins), então a sua identificação será pouco precisa e, consequentemente, a sua utilidade como indicador de idade diminuirá.

 


 

Grupos de fósseis úteis biostratigraficamente

Em diferentes intervalos estratigráficos e em diferentes contextos geológicos (em fácies distintas), os fósseis mais úteis do ponto de vista biostratigráfico, ou seja, os que mais se aproximam do ideal acima enunciado, podem corresponder a grupos biológicos distintos.

 Eis alguns exemplos:

Trilobites (artrópodes marinhos) - Muito úteis para a biostratigrafia de estratos geológicos marinhos do Paleozóico, especialmente do Câmbrico-Ordovícico e, localmente, do Carbónico.

Amonites (moluscos cefalópodes) - Muito úteis para a biostratigrafia de camadas geológicas marinhas do Mesozóico, especialmente do Jurássico e do Cretácico.

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Fósseis de alguns dos grupos mais usualmente utilizados em biostratigrafia zonal.

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Plantas pteridófilas (fetos e afins) - Muito úteis para a biostratigrafia de camadas geológicas carboníferas do Paleozóico, do Carbónico e do Pérmico.

Foraminíferos planctónicos (protozoários) - Muito úteis para a biostratigrafia de estratos geológicos marinhos do Cenozóico. Os fósseis dos foraminíferos - de muito pequenas dimensões - são estudados no âmbito da  Micropaleontologia.

Braquiópodes (Filo Brachiopoda) - Muito úteis para a biostratigrafia de estratos geológicos marinhos do Paleozóico.

Rudistas (moluscos bivalves) - Muito úteis para a biostratigrafia de camadas geológicas marinhas correspondendo a plataformas carbonatadas do Mesozóico, em particular do Cretácico.

 

 


 

Fósseis e biozonas na Internet

 

Geologic Unit Classification - CGI - IUGS

Biostatigraphic Units - ICS

International Commission on Stratigraphy

Paleontologia no Departamento de Geologia da FCUL

Museu de História Natural da Universidade de Lisboa

Introducción a la Paleontología

Paleontología Hispana

The Paleontology Portal

Palaeobase. Database of fossils

Discovering Dinosaurs

Ammonites du Jurassique infériour

Ammonites

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Carlos Marques da Silva - Lisboa, 24 de Março de 2008