.Departamento de Geologia

da Faculdade de Ciências de Lisboa

 

 

Faculdade de Ciências de Lisboa (FCUL)

 

 

Universidade de Lisboa

 


 

Carlos Marques da Silva

 


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Paleontologia no GeoFCUL


Materiais de divulgação da Paleontologia


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Temas de Paleontologia

 

Índice / Introdução

 

O que é um paleontólogo?

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Fóssil

 

Tafonomia

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Somatofóssil

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Icnofóssil

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Paleontologia

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Paleobiologia

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Micropaleontologia

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Geodiversidade

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Dinossáurio ou dinossauro?

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Fóssil vivo

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Moldagem

 

Mineralização

 

Clypeaster

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Carcharocles

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Como citar esta página web:

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Silva, C.M. da (2008) - Temas de Paleontologia: Fóssil Vivo.

Acessível em http://webpages.fc.ul.pt/~cmsilva/

Paleotemas/Indexpal.htm, consultado em:

[inserir a data da consulta].

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Estudar paleontologia

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Fóssil Vivo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Temas de Paleontologia           

 

 

"Fóssil vivo"

 

 

por Carlos Marques da Silva               

 
 

 

"Fósseis vivos" são organismos  (ou melhor, táxones de categoria espécie e género) actuais pertencentes a grupos biológicos (de categoria superior: ordem, classe) que, no passado geológico da Terra, foram muito mais abundantes e diversificados que na actualidade.

 

Frequentemente, a expressão "fóssil vivo" é também utilizada informalmente para qualificar organismos de grupos biológicos actuais que são morfologicamente muito similares a organismos dos quais há conhecimento apenas do registo fóssil.

 


 

Um pouco de história da Paleontologia

Foi Charles Darwin que deu origem a esta expressão.  A menção a fósseis vivos é feita na sua obra fundamental "A Origem das Espécies", publicada em 1859, no âmbito da discussão em torno do tema "Circunstâncias favoráveis à Selecção Natural". A este propósito Darwin, comentando a ocorrência em determinados ambientes actuais de grupos biológicos aparentando possuir uma morfologia mais conservadora do que a de outros  grupos contemporâneos, escreveu: "(...) é em ambientes de água doce que encontramos sete géneros de peixes ganóides, relíquias de uma ordem em tempos predominante. E é nesses ambientes que encontramos alguns dos organismos mais anómalos conhecidos no mundo, tais como o  Ornithorhynchus e o Lepidosiren, que, tal como os fósseis, estabelecem, de algum modo, a ligação  entre grupos biológicos agora muito afastados na escala natural. Estas formas anómalas podem quase ser apelidadas de fósseis vivos, pois resistiram até à actualidade, devido ao facto de terem habitado áreas confinadas e por, consequentemente, terem sido sujeitos a uma selecção menos intensa."
(Tradução livre. Negrito nosso.)

 

Na altura, quando a Teoria da Evolução de Darwin estava ainda a dar os primeiros passos e o conhecimento do mundo biológico e paleontológico era muito fragmentário (por comparação com o que actualmente já é conhecido), a questão da existência de "fósseis vivos", assim como de "formas de transição", era fundamental para a discussão e a compreensão dos processos evolutivos. Hoje em dia, estas questões, porque em grande parte ultrapassadas,  e com elas os "fósseis vivos", perderam relevância científica.

 

Actualmente, a expressão "fóssil vivo" vulgarizou-se, mas, até há bem pouco tempo, um outro termo era adoptado entre a comunidade científica para designar estes grupos biológicos, representantes únicos na actualidade de grupos biológicos mais abundantes e diversificados no passado: "formas-relíquia".

 


 

Exemplos de "fósseis vivos"


Um dos exemplos mais conhecidos de "fósseis vivos" são os celacantos actuais (espécies Latimeria chalumnae e L. menadoensis), um grupo de peixes.

 

Celacantos do Devónico. Fósseis e reconstituição dos organismos.

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Ilustrações de Smith Woodward em Smith (1957) Old Fourlegs, The story of the Coelacanth. Readers Union, Longmans, Green, London, 260 pp.  

 

 

Até à descoberta nas águas do canal de Moçambique, junto às ilhas Comores, de um exemplar vivo que foi atribuído à espécie nova Latimeria chalumnae, em 1939, os celacantos só eram conhecidos do registo fóssil, sendo os mais recentes datados do Cretácico, com mais de de 65 milhões de anos de idade.

 

 

 

Primeiros exemplares de Latimeria chalumnae descobertos: 1939 (1) e 1952 (2).

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Fotos de Smith (1957) Old Fourlegs, The story of the Coelacanth. Readers Union, Longmans, Green, London, 260 pp.  

 

 

Outro exemplo bem conhecido é o do ginkgo (Ginkgo biloba), uma espécie de árvores.

 

Outro ainda é o do Nautilus e do Allonautilus, dois géneros de cefalópodes representados na actualidade por cerca de meia-dúzia de espécies. O grupo a que estes géneros pertencem, os nautilóides (subclasse Nautiloidea), encontra-se representando na actualidade apenas por estes dois géneros, mas foi um elemento muito importante dos ecossistemas marinhos, por exemplo, do Paleozóico inferior, possuindo registo fóssil abundante e diversificado (com muitos géneros e espécies diferentes).


Há que salientar que, apesar de espécies da actualidade poderem estar, também, representadas no registo fóssil recente, estes indivíduos actuais, estes "fósseis vivos", apesar de morfologicamente muito similares aos seus parentes conhecidos do registo fóssil remoto (do Cretácico, no final do Mesozóico, por exemplo, no caso dos celacantos), não pertencem, exactamente, às mesmas espécies. Ou seja, não são a mesma entidade biológica.

 


 

Mitologia científica e utilidade do conceito de "fóssil vivo"

A expressão "fóssil vivo" há muito que, entre o público em geral, caiu no domínio da "mitologia científica" e é tão popular e utilizada de modo tão indiscriminado que, muitas vezes, é usada apenas para designar organismos actuais com aspecto invulgar e que por isso parecem, aos olhos do leigo, "primitivos" ou, usando outra expressão trivial e desprovida de qualquer significado científico, "pré-históricos".

De sublinhar, ainda, que apesar de muito popular, este termo é informal, desprovido de qualquer rigor científico, pois um "fóssil vivo" não tem qualquer relação directa com fósseis.

 

Além disso, o conceito de "fóssil vivo", por não ser útil, não é usado formalmente em Paleontologia, nem no âmbito dos estudos de evolução biológica. Por outro lado, sua utilização inadequada, nomeadamente no contexto dos currícula do Ensino Básico e Secundário, levanta -- do ponto de vista da abordagem de temas evolutivos -- mais problemas do que os que pretensamente "resolve".

 

Em suma, o conceito de "fóssil vivo" em contextos científicos e educativos deveria, pura e simplesmente, ser abandonado por não ser minimamente objectivo, nem útil, na abordagem de temas paleontológicos ou evolutivos.
 


 

Fóssil (substantivo masculino): Todo e qualquer vestígio identificável, corpóreo ou de actividade orgânica, de organismos do passado, conservado em contextos geológicos, isto é, nas rochas (do latim  fossile < fossu, cavado, retirado do chão cavando).

 

Tipos básicos de fósseis: somatofósseis e icnofósseis.

 


 

Paleontologia  na Internet

 

Paleontologia no Departamento de Geologia da FCUL

Museu de História Natural da Universidade de Lisboa

Paleontologia e História da Terra

Introducción a la Paleontología

The Trace Fossil Mystery - Nova Scotia Museum

Trace Fossils - The Paleontology Portal

Palaeobase. Database of fossils

Discovering Dinosaurs

Discovering Dinosaurs

Dino Directory - NHM London

 


 

Carlos Marques da Silva - Lisboa, 18 de Janeiro  de 2008