Reflexão

  Shine é um drama emocionante sobre a vitória extraordinária de um homem face a adversidade. Retrata a história de David Helfgott, um homem que nasceu com um extraordinário dom musical e uma vida que não tomou o rumo esperado.

 

 

  Embora o filme seja baseado na história real do pianista australiano, nem tudo que é aqui contado é inteiramente verdade. No entanto, apesar do irrealismo, não há que censurar o argumento, pois é naturalmente esperado pelo público que um filme crie fantasias em torno da realidade. De facto, quase que seria necessário um milagre para que qualquer pianista que esteve dez anos parado, e sob tratamentos de choque, voltasse a tocar de forma tão inesperada e virtuosa. Não querendo tirar o mérito a David, a sua fama foi grandemente ressuscitada devido ao filme. Aliás, muito do seu novo público considera-o um ídolo não propriamente pelo artista que pode ser, mas pela lenda criada por Shine.

 

 

  A ideia de um pai severo, cruel e até monstruoso não é verdadeira. Pelo contrário, David teve sempre o apoio da família, inclusive do seu pai.

  Apesar destas disparidades, o que interessa é a história de Shine que, de facto, enfatiza o poder destrutivo e dominador do pai. Quase que é possível fazer uma analogia com o deus Cronos da mitologia grega, que devora seus próprios filhos logo após nascerem. Na verdade, desde tenra idade que David convive com a figura de um pai devorador que faz prevalecer sempre a sua própria vontade.

 

 

  Não obstante, ambicionar o melhor para David, o pai não quer que o filho tenha um professor profissional de música. O mesmo acontece quando não o deixa ir para a América, desta vez justificando a sua recusa com o pretexto de querer manter a família unida.

 

 

 

 

Digamos que  Shine procura mostrar  de que modo a educação que recebemos nos afecta, em especial a primeira educação, aquela que nos é transmitida pelos pais e pela família.