Notas sobre a arquitectura
escolar

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Uma boa arquitectura escolar seria
a melhor das educações cívicas |
A arquitectura escolar é uma disciplina recente. Na verdade, durante muito tempo, o espaço
escolar foi ignorado enquanto tal. As suas determinações arquitecturais eram
consideradas neutras ou simplesmente não consideradas.
O progresso da arquitectura escolar vai estar
sobretudo articulado com o desenvolvimento da Psicologia e com
as
transformações da Ideia de Escola.
Do ponto de vista da Psicologia, o estudodas relações entre a criança e o espaço escolar é muito recente e incompleto. O seu
desenvolvimento fica a dever-se sobretudo à Psiquiatria e à atenção por ela prestada
às crianças inadaptadas, mais sensíveis ao espaço envolvente. Reconhece-se
então que o espaço escolar tem de ser pensado de modo a favorecer o desenvolvimento físico
e intelectual das crianças e adolescente.
Quanto à relação com a Ideia de Escola, o ponto de
partida é o de que, se a escola é a lugar onde a criança faz o seu primeiro
contacto com o meio social, é natural que as determinações típicas desse
espaço (cores, formas, dimensões, materiais utilizados, etc.) exerçam
sobre a criança uma forte influência. Nesse sentido, podem distinguir-se
duas grandes concepções de escola na sua relação com a arquitectura:
- escola deve ser uma instituição separada do mundo exterior, um local
de protecção face a influencias nefastas e contraditórias com os
princípios educativos dos mestres. A escola deve por isso rodear-se de
muros mais ou menos elevados, de grades, se for necessário. Um espaço onde os pais entregam os
filhos aos cuidados de estranhos, onde eles mesmos não são autorizados a
entrar, ou onde só entram em determinados dias. Ao arquitecto cabe
criar condições que facilitem a vigilância, que impeçam a fuga,
que favoreçam a disciplina: longos corredores rectilíneos, pátios amplos,
sem recantos, salas de aula iluminadas, rectangulares, nas quais o
mestre, no seu estrado, possa dominar o auditório. No limite, esta escola
tende a assemelhar-se a uma caserna, a uma fábrica, a um quartel, a um
hospital, ou seja, um lugar de encarceramento. Como mostra Foucault, modelo final é o do panóptico. Tudo deve
poder ser visto e controlado. Todos os gestos devem poder ser minuciosamente
observados.
- a escola deve ser um prolongamento da casa familiar, os espaços de ensino
devem ser agradáveis. A vigilância deve ceder lugar à autodisciplina.
Novos princípios
que vão estar na base de novas formas
arquitecturais. Os longos corredores diminuem de tamanho ou
desaparecem, os espaços de trabalho articulam-se com espaços de
lazer, os espaços de recreio tornam-se mais soltos. O recreio, o pátio
tendem a constituir-se como espaços
de repouso e locais de encontro dos alunos. As salas de aula distribuem-se em blocos articulados por
pátios e jardins e, dentro da sala de aula, os alunos devem
poder contornar os professores, trabalhar em pequenos grupos. As antigas
carteiras cedem lugar às mesas móveis. Ao lado dos ginásios, surgem as salas
polivalentes que servem para reuniões, para teatro e música, para bailes e
festas. No limite, a escola procura ser um lugar, não tanto de trabalho mas
de jogo, de alegria. A escola deve abrir-se para a natureza, plantar árvores, flores que os
alunos ajudarão a plantar, relva que os alunos se habituarão a respeitar.
Todo o gigantismo deve ser eliminado. O aluno deve ser respeitado na sua
individualidade e não reduzido à categoria de um número.
E, em Portugal, como é ?
Veja, neste site:
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Sites
http://www.museodelnino.es/sala1/arquitectura/arquitectura.htm
-
Arquitectura escolar (Espanha)
http://comunidad-escolar.pntic.mec.es/694/report1.html
- Antonio Flórez, arquitecto de escolas (Espanha)
http://www.ac-versailles.fr/pedagogi/cpe/92-3.05.2001.htm
-
Tópicos relativos a um estágio sobre a evolução e o papel da arquitectura
escolar na
vida escolar (França)
http://www.etab.ac-caen.fr/lebrun/histoire/architecture.htm -
A arquitectura do Liceu (França)
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