A história dos macedónios começou a delinear-se por volta do século VII a.C.. Eram de origem ariana ligados ao tronco helénico pelo ramo dórico. Porém, no século V a.C., naquela terra de férteis planícies ladeadas por montanhas situada ao norte da península grega, permaneciam ainda escassos os sinais de civilização.
O Mundo Helenístico, 240 a. C.
Os macedónios eram rudes e duros. Os seus governantes eram semelhantes aos guerreiros dos tempos homéricos cujo poder tinha por base o prestígio pessoal. Embora os macedónios não pertencessem ao mundo dos Helenos, razão pela qual alguns gregos consideravam os macedónios como bárbaros, os reis macedónicos afirmavam-se descendentes de famílias gregas (uma das quais com origem em Héracles), reivindicação que era em geral aceite.
Filipe da Macedónia
Em meados do século IV (359 a.C.) subiu ao trono da Macedónia Filipe II, que havia passado três anos em Tebas como fiador da aliança que seu pai contraíra com aquela cidade. Aí havia aprendeu a admirar a cultura grega, em particular os métodos militares que permitiram aos gregos vencer os persas. Filipe II pôde também observar de perto as rivalidades que existiam entre as várias Cidades-Estado e que estavam na origem da divisão entre os gregos. Ao assumir o governo da macedónia, Filipe começou por reformular inteiramente o seu poder militar. Organizou um poderoso exército composto de infantaria e cavalaria. Os infantes, recrutados entre os camponeses, foram armados de lança (sarissa) de comprimento variável conforme o lugar assinalado a cada combatente na falange, ou seja, no batalhão formado por 10 mil homens, distribuídos por 16 filas, com uma frente que podia atingir um quilómetro. Era a primeira etapa de um plano com que pretendia unificar, política e militarmente, todo o mundo grego. O objectivo final era a conquista da Pérsia.
A táctica da Falange
A falange Macedónica
Mas, mais que um conquistador, Filipe era um estadista. O seu respeito pela cultura helénica era indiscutível. A atestá-lo o facto de ter convidado o filósofo Aristóteles para percetor de seu filho Alexandre e adoptado o dialecto ático do grego como idioma oficial. Sabia e calmamente, aguardou o momento oportuno de intervir numa Grécia esfacelada pelas rivalidades entre as Cidades-Estado. Estátua de Aristóteles
Em Atenas a maior parte da população apoiava os líderes democráticos, sobretudo Demóstenes, contra as pretensões de Filipe. Este, por seu lado, era apoiado pela facção ligada à nobreza e pelo orador Isócrates. Como toda a Grécia, também Atenas estava dividida. O último acto da tragédia, animado pela dramática luta entre Filipe e Demóstenes, tem lugar em Queroneia. Demóstenes procura reunir à volta de Atenas todo o Peloponeso e prepara-se para a guerra. Mas, em Queroneia, no dia 2 de Agosto de 338 a. C., a falange e as cargas de cavalaria macedónicas, brilhantemente conduzidas pelo jovem Alexandre (então com apenas 17 anos), derrotaram os Atenienses e os Tebanos que, sem sucesso, se bateram bravamente. Na sequência deste acto que deu à Macedónia a posse da Grécia, Filipe destruiu Tebas. Mas poupou Atenas. Atenas fora vencida sem desonra e os seus habitantes tiveram a elegância de confiar a Demóstenes o cuidado tradicional de fazer o elogio dos mortos. Poucos anos depois, Filipe era assassinado em Pela, capital Macedónica (336 a. C.), precisamente quando se preparava para conduzir uma expedição contra o império persa. O seu filho, proclamando que "nada mudou, excepto o nome do rei", assumiu o poder e realizou o sonho do pai. Ao fazê-lo, difundiu a cultura grega em todo o Médio Oriente e iniciou um período de três séculos de brilhante civilização, conhecido como Época Helenística.
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Olga Pombo: opombo@fc.ul.pt
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