Durante
o reinado dos cinco primeiros Ptolomeus o Museu viveu tempos gloriosos, mas no
reinado de Ptolomeu VIII entrou em decadência. Ptolomeu VIII era uma personagem
terrível que, de acordo com Bonnard (1972: 242), “pôs Alexandria a ferro e
fogo e proscreveu e dispensou os pensionistas do Museu”. Os sábios viram-se
obrigados a abandonar o Museu e a arranjar outro meio de subsistência,
divulgando os seus conhecimentos de terra em terra. Alguns
imperadores romanos ainda se interessaram por esta instituição, nomeadamente Cláudio (41 – 64 d.C.), que teria mandado construir um novo Museu
ao lado do antigo. Mas o período áureo do Museu estava esgotado. Daí em
diante, "o
Museu é apenas uma instituição que sobrevive" (Bonard, 1972: 243). A
principal razão que levou à destruição do Museu foi o progresso do
Cristianismo. O ensino ministrado no museu era de carácter politeísta o que
era inadmissível para os cristãos. Exemplo
eloquente do conflito que opunha os cristãos à cultura pagã de que o Museu
era manifestação, é a triste história de Hipátia, a última estrela que
brilhou no Museu. Hipátia pertencia à corrente de pensamento neoplatónica que
se opunha aos dogmas e crenças
da religião cristã. Esta corrente representava uma ameaça para os líderes
cristãos e foi esta divergência que esteve na origem da sua trágica morte.
Hipátia era desprezada por Cirilo, o arcebispo de Alexandria, por causa
da sua estreita relação com Orestes, perfeito do Egipto e única força contra
Cirilo. Em 415 d.C., quando se dirigia para o Museu, foi brutalmente assassinada
por um grupo de fanáticos religiosos a mando de Cirilo. A morte de Hipátia
ficou impune e Cirilo foi santificado... O
Museu terá sido destruído pouco tempo depois da
morte de Hipátia.
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Olga Pombo: opombo@fc.ul.pt
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