O que é o Infinito?

 

Infinito... Em que é que pensamos quando ouvimos esta palavra? Em números enormes, incalculáveis, números que nunca mais acabaríamos de contar...? Um céu imenso, sem nunca mais acabar...? Cada um de nós pensará certamente uma coisa diferente, precisamente porque o conceito do infinito não tem por base nenhuma experiência sensível.  

 

Nenhum assunto provocou tanta polémica e tanta discussão entre matemáticos, filósofos e teólogos como a ideia de infinito. Grande parte da matemática fundamenta-se no conceito de infinito... muito embora nada seja mais difícil de definir e a controvérsia a seu respeito pareça interminável.  

O conceito de infinito surge assim como um dos mais importantes de toda a matemática e também como um daqueles cujo significado tem sido mais discutido.  

O infinito é uma espécie de enigma matemático, de truque de magia, porque o seu conteúdo é inesgotável. Se retirarmos um elemento a um conjunto infinito restarão, não um a menos, mas exactamente o mesmo número de elementos (e o processo pode ser repetido com qualquer número de elementos, tantas vezes quantas se queira). Foram paradoxos como este que forçaram os nossos antepassados a terem cuidado com argumentos envolvendo apelos ao infinito.

 

 

Mas de que é que falamos, quando falamos de infinito?

 

O conceito de infinito surge, antes de mais, na filosofia com o significado de que não existem limites. É a especulação teológica que dá a este conceito um conteúdo positivo de perfeição (ou grandeza) que é impossível superar.

(Micheli, in Romano, 1997, p. 133)  

 

Segundo Micheli (Romano, 1997) , o conceito de infinito desempenha um papel fundamental no interior da ciência a vários níveis:

 

 

 

 

 

De acordo com Ferrater Mora (1986), o conceito de infinito pode ser entendido de várias maneiras:

 

 

 

 

 

 

 

Ao longo da história foram vários os matemáticos e filósofos que optaram por cada uma destas concepções, sem nunca se chegar a um consenso.

 

Segundo Micheli (Romano, 1997), e apesar de todas as ambiguidades, existem apenas duas grandes classes de significações a atribuir ao termo:

 

 

 

Para além das diferentes significações que podem ser atribuídas ao termo, um segundo motivo gerador de ambiguidades é a diversidade de objectos a que a noção se pode aplicar. O conceito de infinito pode aplicar-se tanto a seres matemáticos (puramente conceptuais), como ao mundo (conjunto dos entes materiais) ou até mesmo a Deus (enquanto objectificação de todos os entes possíveis).

 

Este trabalho não procura dar uma resposta, mas sim apontar diversas dimensões da reflexão sobre o conceito de infinito. Tratando-se de um trabalho realizado no âmbito de uma licenciatura em matemática, dar-se-á especial relevância ao tratamento do conceito de infinito aplicado aos seres matemáticos, fundamentado na teoria de Cantor.