Canis lupus signatus

Introdução
Quem é o lobo?
Onde vive o lobo?
Qual o aspecto do lobo?
Qual o caráter do lobo?
Como vive o lobo?
Quando e como procriam os lobos?
O que comem os lobos?
Como caçam os lobos?
Qual é o território de um lobo?
Como comunicam os lobos?
Qual a relação dos lobos com o homem?
Que futuro para o lobo?
O que pode você fazer pelo lobo?

Introdução

Canis lupus - Lobo cinzento

O lobo que a maioria das pessoas conhece é o lobo das lendas. O verdadeiro lobo é apenas conhecido por um número restrito de pessoas. Ultrapassar esta situação é um passo fundamental para a conservação deste predador.
Com este texto procura-se dar a conhecer um pouco mais da biologia deste carnívoro e da sua situação actual em Portugal e na restante área de distribuição mundial.
O lobo não é uma ameaça para o Homem. É um animal que, tal como o Homem, tem que matar outros animais para sobreviver. O papel que este carnívoro desempenha nos ecossistemas é de suma importância, regulando o número de efectivos das populações-presa e mantendo estas em boas condições sanitárias, visto só os mais aptos sobreviverem.
Estero que estes textos vos permitam conhecer o magnífico animal que é o lobo e que não é mais que um outro ser que devemos respeitar e com quem devemos partilhar a nossa existência no PLANETA AZUL.


Quem é o lobo?

ReinoAnimalia PhylumChordata SubphylumVertebrata
ClasseMammalia Subclasse OrdemCarnivora
SuperfamíliaCanoidea FamíliaCanidae SubfamíliaCaninae
GéneroCanis Espécielupus Subespéciesignatus

Legenda- Classificação do lobo ibérico.

Existem duas espécies de lobo: o lobo cinzento, designado por Canis lupus, e o lobo vermelho, chamado Canis rufus.
O lobo vermelho encontra-se infelizmente extinto no seu estado selvagem, estando actualmente a efectuar-se estudos que permitam a sua reintrodução, com base em casais mantidos em cativeiro em instituições científicas. O lobo cinzento é pois o único que ainda podemos encontrar em liberdade em diversas regiões do mundo. Precisamente porque se distribui por diferentes zonas, evoluiu conforme as características das regiões onde vive, originando um grande número de subespécies. Foram descritas 32 subespécies de lobo cinzento, mas muitas destas estão já extintas, isto é, desapareceram, devido à acção destruidora do Homem, e nunca mais se poderão observar.
Actualmente, na maior parte da área por que se distribui, o lobo habita apenas as regiões mais abruptas e recôndidas. Uma das subespécies do lobo cinzento que ainda sobrevive, se bem que em número reduzido, encontra-se na Península Ibérica e designa-se cientificamente por Canis lupus signatus.

Onde vive o lobo?

Zonas onde habita o lobo!

Legenda- Distribuição mundial do lobo.

A distribuição original do lobo incluía a América (do Norte e Central), a Europa (desde o Mediterrâneo até ao Oceano Árctico) e toda a Ásia. Sendo esta área de distribuição tão vasta, engloba necessariamente diversos tipos de habitat: tundra, floresta, planície, estepe e deserto. O lobo distribui-se por altitudes que vão do nível do mar até aos 2.000 metros.
Actualmente, na América do Norte, ainda existe no Canadá e nos Estados Unidos da América nos estados do Alaska, Minnesota, Michigan, Wisconsin, Montana, Idaho e Wyoming, onde constitui pequenas populações isoladas. No centro e norte do México a população é igualmente reduzida. Na Europa encontra-se extinto nas Ilhas Britânicas, em França, na Alemanha, na Suíça e na Áustria, constituindo pequenos núcleos cuja sobrevivência se encontra ameaçada nos restantes países europeus, excepção feita à Rússia onde, embora sejam intensamente perseguidos, se encontram populações numerosas. Na Ásia ocorre no centro e norte.

Qual o aspecto do lobo?

Crânio de um lobo

Legenda- Crânio de um lobo.

Os lobos são animais de grande porte, de cabeça volumosa, com orelhas triangulares e rígidas e olhos frontalizados, oblíquos e cor de topázio, membros compridos (a altura ao garrote variando entre os 65 e os 80 cm) e patas volumosas. Os animais adultos têm entre 110 a 140 cm de comprimento médio do corpo, variando o comprimento da cauda, que é espessa, entre os 30 e os 45 cm; o peso oscila entre os 30 e 45 Kg, sendo, em geral, as fêmeas menos pesadas que os machos. Os lobos do Norte são maiores que os do Sul.
A pelagem deste canídeo apresenta duas fases: a pelagem de Inverno, densa e constituída por pêlos compridos e fortes, sob os quais se encontra uma espessa camada de pêlos lanosos; a pelagem de Verão, constituída por pêlos curtos e muito menor quantidade de pêlos lanosos. A mudança da pelagem de Inverno para a de Verão é um processo gradual que ocorre durante os meses de Abril - Maio, processando-se o fenómeno inverso em Outubro - Novembro.
A cor da pelagem é extremamente variável: do branco ao negro, passando pelo cinzento, grisalho, ocre e castanho. Usualmente estas tonalidades misturam-se, conferindo à pelagem uma cor acastanhada, sendo as cores mais claras, em geral, características do Norte e as mais escuras do Sul. Podem ocorrer casos de albinismo.
Os lobos têm uma visão extraordinária, com boa percepção do relevo e da distância, um ouvido muito sensível e um olfacto apuradíssimo.

Qual o carácter do lobo?

Sempre que se fala no lobo, associa-se a sua imagem a um animal selvagem, feroz e agressivo. Esta ideia tem origem principalmente no facto de ser um predador, isto é, um caçador que necessita de matar outros animais para sobreviver e que evita o contacto com o ser humano, procurando as regiões mais abruptas e recôndidas para viver. No entanto, nos últimos anos, numerosos cientistas têm realizado estudos sobre os lobos e, ao observarem a sua maneira de viver, chegaram à conclusão que são muito diferentes do terrível animal referido nas lendas e tradições.
Os lobos são animais com diversas «personalidades» mas, de um modo geral, pode dizer-se que são amigáveis, gostam de estar juntos e mostram uma grande afeição mútua. São bastante tolerantes e gostam de brincar, particularmente quando são jovens. São também animais inteligentes e bem disciplinados, uma vez que isso os ajuda a sobreviver. Constituem casais fiéis e são pais cuidadosos. De facto, a sociedade lupina é de uma organização tão completa que algumas pessoas estão a realizar estudos sobre este aspecto, pois acham que o próprio Homem poderá aprender com ela.

Como vive o lobo?

O lobo, como o Homem, é um animal social. Constitui grupos familiares - as alcateias - em que todos os membros mostram uma afeição mútua, não só porque dependem uns dos outros, mas também porque têm um forte espírito familiar. Na América do Norte, a maioria das alcateias tem em média 6-7 elementos, podendo por vezes atingir os quinze indivíduos. Em Portugal esta estrutura desapareceu devido à redução das presas naturais e à perseguição de que é alvo. Agora os lobos caçam individualmente ou aos pares, raramente se observando mais do que dois animais juntos e, quando isto acontece, deve-se ao facto dos jovens do ano ainda se encontrarem com os pais.
Para sobreviverem, necessitam de uma sociedade com ordem e harmonia e, por isso, desenvolveram uma hierarquização que, segundo alguns autores, os aproxima, a eles mais do que nos restantes animais, do tipo de comportamento social humano. Mas, no caso dos lobos, essa organização baseia-se apenas na idade, força e experiência.
No topo encontram-se os líderes, um macho e uma fêmea que constituem o chamado «par alfa». Depois destes encontra-se um macho adulto, o «beta», que com eles mantém estreitas relações familiares, podendo chegar a acasalar com a fêmea alfa. Os restantes membros da alcateia são os descendentes do par alfa e como este se reproduz uma vez por ano são de diferentes idades. Estes indivíduos ficam em geral até aos 16-24 meses de idade com a alcateia, podendo no entanto ficar até aos quatro anos. É de entre os indivíduos de posição social mais elevada que podem surgir os novos «alfas», acontecendo isto quando algum dos líderes da alcateia envelhece ou adoece, ficando incapacitado para desempenhar as suas funções.
O lugar que um lobo vai ocupar na hierarquia - salvo quando ainda é lobito - é o resultado de constantes jogos e provas de força. Não passam de rituais, raramente implicando lutas em que os animais se ferem ou matam, pois necessitam da cooperação de todos para capturar as presas de que se alimentam.
Nestes jogos observa-se um substituto da luta, um ritual definido por uma série de atitudes corporais, expressões faciais e posições de cauda que exprimem medo, submissão, rendição ou dominância, havendo sempre um indivíduo que se submete a outro, submissão que expressa ao deitar-se de costas no solo e ao oferecer-lhe o pescoço ou deixando-o cheirar a região inguinal.
Estas lutas rituais sucedem-se entre os machos, por um lado, e as fêmeas, por outro, existindo assim duas formações paralelas no seio da alcateia, cuja união é representada pelo par «alfa». Este par não só tem a função de criar, como é também responsável por todas as decisões das quais depende a sobrevivência da alcateia como, por exemplo, a realização de uma caçada. Contudo, a disciplina impõe-se independentemente do sexo.

Quando e como procriam os lobos?


Geralmente os lobos acasalam para toda a vida e usualmente, numa alcateia, apenas dois lobos acasalam - «o par alfa» -, sendo eles que conduzem a vida da alcateia devido às suas qualidades de força, inteligência e desenvoltura. Este par não permite que outros lobos da alcateia procriem, constituindo-se como uma espécie de controladores de nascimentos. Os lobos acasalam apenas uma vez por ano, durante o Inverno, sendo o período de gestação de 63 dias, tal como o dos cães. Durante este período a fêmea prepara a toca onde irão ocorrer os nascimentos; pode ser uma gruta nas rochas, uma cova na terra debaixo de arbustos ou árvores derrubadas, ou o covil de uma raposa depois de alargado.
Por via de regra toda a alcateia prepara esta toca, bem como outras alternativas para o caso da primeira ser descoberta e a ninhada correr perigo. Uma ninhada é constituída por 4 a 7 lobitos, que nascem cegos e totalmente dependentes da loba-mãe. As ninhadas variam consoante a condição fisiológica da mãe, a qual, por sua vez, depende da disponibilidade de alimento. O número de lobitos por ninhada adapta-se às necessidades da alcateia e às condições prevalecentes no local e na época em questão.
Inicialmente ao lobo-macho não lhe é permitido entrar na toca, sendo a sua tarefa a de fornecer alimento que caça, transporta e enterra num esconderijo perto. A loba-mãe apenas sai para caçar quando escasseia o alimento, ficando então os lobitos sozinhos e desprotegidos. Podem perder-se, se se afastam demasiado da toca, e serem mortos por predadores ou inclusivamente pelo próprio Homem que, ao tomar conhecimento da existência de uma ninhada desprotegida, a destrói de imediato. Situações destas são muito comuns em Portugal e Espanha.
Os lobitos começam a sair da toca com cerca de um mês de idade e percorrem os terrenos que a circundam. Passam muito tempo a brincar juntos ou com oc pais, muito pacientes, desenvolvendo as aptidões de que necessitarão quando forem adultos. Também evidenciam, já nesta idade, qualidades individuais de liderança, coragem e perícia. É a partir daí que se estabelecem os laços que irão unir os diferentes membros da alcateia e os lugares que cada um irá ocupar na hierarquia social.
Quando já capazes de seguir os pais em caminhadas, abandonam a toca e são levados para um novo local («rendez-vous site»), onde se inicia uma nova fase de aprendizagem: qual o melhor tipo de alimento, onde se encontra e como consegui-lo. Durante o primeiro ano de vida, os lobos ficam geralmente com a alcateia. Mas após o primeiro Inverno - que é sempre um período duro para os juvenis - e consoante a quantidade de alimento disponível na área habitada, têm por vezes que abandonar a alcateia e procurar o seu próprio modo de vida. Vivem assim isolados até estabelecerem o seu território, numa área com potencialidades alimentares e não ocupada por outro lobo ou alcateia; só então procuram um companheiro e constituem a sua própria família.
Se na área ocupada pelos respectivos progenitores abundarem alimentos, permanecem todos juntos, aumentando o número de indivíduos da alcateia.

O que comem os lobos?

Alce Caribú

Legenda- Presas dos lobos do Norte da Europa
e América do Norte.

O lobo é um carnívoro, um animal que se alimenta de carne. Antigamente consumia grandes herbívoros, dos quais retirava a energia necessária para sobreviver. Hoje, na ausência destes animais e na luta pela sobrevivência, o lobo habituou-se a consumir uma grande variedade de alimentos e adaptou a sua estrutura social às necessidades da captura de diferentes tipos de presa.
Nas regiões norte da sua área de distribuição, os lobos alimentam-se de alces, caribús ou renas, principalmente no Inverno, e no Verão também de lebres e roedores. Nas áreas mais a Sul, predam cervídeos - veados e corços - castores, lebres, coelhos e também roedores. Nas regiões onde o Homem destruiu as presas naturais do lobo, este alimenta-se principalmente de animais domésticos: cavalos, vacas, ovelhas, cabras e cães, mas isto porque foram as únicas presas que o Homem lhe deixou.
Da dieta alimentar deste predador fazem também parte produtos vegetais, pois ingerem erva, tal como o cão, amoras e figos. Na Europa do Sul, os lobos chegam mesmo a entrar nas aldeias durante a noite, para procurarem alimento nas lixeiras. Basicamente, contudo, são os ungulados - animais com cascos - que constituem a base da sua alimentação. Como é evidente, os lobos também necessitam de água e gostam mesmo de tomar banho. Em algumas zonas da sua área de distribuição são até hábeis pescadores!

Como caçam os lobos?

Caçar herbívoros é uma tarefa que se torna difícil para um lobo só. Encontrar, seguir e capturar tais presas, implica uma acção de conjunto. Capturar uma presa exige várias tentativas e muitas destas falham. Em geral, apenas de 7 a 10 tentativas, de entre 100, são bem sucedidas. Toda esta estratégia é parte de um plano da natureza, porque os lobos conseguem o mínimo suficiente para sobreviver e, simultaneamente, eliminam as presas mais fracas, mantendo a «saúde» da população das espécies presa, pois os indivíduos capturados são, na maioria, os doentes e os mais velhos. Os indivíduos saudáveis quase sempre conseguem fugir.
Para caçar tais animais, são necessárias muita sagacidade e preseverança. É preciso saber onde procurar a presa, ter a habilidade de a seguir, afastar da manada e conduzir para o local onde será capturada. Durante este processo, os lobos são por vezes feridos ou mesmo mortos, pois as presas defendem-se utilizando as armações e escoiceando. Há notícia de casos de lobos encontrados mortos com os crânios parcialmente destruídos e o tórax perfurado.
Tudo isto significa que na sociedade lupina - a alcateia - cada indivíduo tem uma função resultante das suas capacidades, sendo necessária uma estreita colaboração entre todos. A viabilidade de um predador deste porte reside no trabalho de conjunto, não havendo lugar para o egoísmo individual!
Apanhar presas de menor porte não exige evidentemente grandes alcateias e, por outro lado, animais demasiado pequenos não fornecem alimento a grandes alcateias. Nas áreas em que o Homem impediu a existência de alcateias, ou em que o número de indivíduos diminuiu drasticamente, os lobos alimentam-se sobretudo de presas de pequeno porte e de animais domésticos. Estes tornam-se presas fáceis, muitas das vezes por descuido dos pastores.

Qual é o território de um lobo?

Floresta

Para viver, um lobo necessita de uma certa área de terreno, onde encontra alimento e abrigo, da mesma forma que, antes do desenvolvimento da indústria, um homem precisava de uma certa quantidade de terra para cultivar o seu alimento. Evidentemente que os lobos não cultivam a terra, mas o seu alimento existe sob a forma de outros animais que, por seu turno, se alimentam da vegetação da área. O tamanho do território de um lobo depende da quantidade de presas disponível, do número de animais que integram a alcateia e dos hábitos das presas: os caribús, por exemplo, migram percorrendo vastas distâncias, entre o Verão e o Inverno, à procura de alimento; os lobos têm de os seguir. No Árctico, o território de uma alcateia pode atingir os 5000 km², enquanto que nos países do Sul por vezes não atinge os 50 km².
Como forma de marcação das fronteiras do seu território, os lobos utilizam a urina e os dejectos, chegando a efectuar marcações a cada 300 metros. Estes sinais odoríficos, que se encontram geralmente em cima de pedras ou tufos de ervas nas bermas de caminhos, funcionam como forma de aviso a outras alcateias ou lobos isolados de que aquele território se encontra ocupado. Também marcam caminhos e encruzilhadas dentro do seu próprio território, de modo a que qualquer membro da alcateia saiba sempre onde está e, provavelmente, saiba ainda quem foi o último a passar, a sua idade e sexo. Para além destes sinais, utilizam ainda o uivo para marcar a sua presença no interior do território.
Cada lobo conhece bem o seu território: os caminhos, os refúgios, as fontes de água e os locais onde encontrar alimento. Um território tão vasto necessita de ser defendido; assim, torna-se necessário percorrê-lo frequentemente e renovar as marcas territoriais. Por vezes, na procura de alimento, os lobos cobrem grandes distâncias. São infatigáveis caminhantes, chegando a percorrer dezenas de quilómetros por dia.

Como comunicam os lobos?

Uma sociedade tão organizada depende, tal como a sociedade humana, de um bom sistema de comunicações. Os lobos têm a capacidade de comunicar mutuamente, embora não através da palavra como os seres humanos. Eles utilizam sinais: movimentos e atitudes corporais, olhares, cheiros e sons tais como ladridos rugidos e uivos. O seu sentido do olfacto é muito desenvolvido e um cheiro significa muito mais para eles do que para nós.
Através da maneira como utiliza a cauda, um lobo mostra as suas intenções pela maneira como apresenta o focinho, as orelhas e a cauda e até pelos pêlos do dorso. E, evidentemente, os lobos uivam! Fazem-no, por exemplo, para informar os companheiros sobre a sua posição, para reunir os membros da alcateia, para chamar os lobitos, em ocasiões particulares como as que precedem uma caçada, ou simplesmente por prazer e para consolidarem os laços que os unem.

Qual a relação dos lobos com o homem?

Nas épocas pré-históricas, quando o Homem vivia como caçador, ele e o lobo viviam e caçavam lado a lado, mantendo por certo um respeito mútuo. Foi então que o Homem iniciou a domesticação do lobo, antepassado do cão. É muito possível que, ao observar os hábitos dos lobos, o Homem tenha aprendido muito sobre as suas presas e técnicas de caça. Em épocas mais recentes, povos como os Inuit e os Índios, respeitavam este predador chamando-lhe mesmo «Irmão». Um dia perguntaram a um velho Inuit quem conhecia melhor a terra, se um homem velho ou um velho lobo. Ele pensou, levantou a cara e disse: «Ambos. É o mesmo.».
Mas quando o Homem começou a fixar-se, a cultivar a terra, a criar animais e a aumentar de número, a situação mudou. Por um lado, os lobos atacavam por vezes os animais domésticos e, por outro, o Homem perdeu a sua ligação com a natureza e começou a ter medo dela; e o medo torna as pessoas agressivas. Tal atitude não teve consequências graves durante milhares de anos. Até que, nos tempos mais modernos, o Homem inventou a armadilha de ferro, o veneno, a espingarda e finalmente o avião. Contra estas armas, os lobos têm dificuldade em defender-se e hoje em dia estão extintos em muitos locais e em perigo noutros - como Portugal e Espanha - onde se encontram à mercê do Homem.
Graças ao cuidadoso e dedicado esforço de alguns homens e mulheres, começa a verificar-se actualmente uma lenta reacção a favor do lobo, pois está provado que os velhos contos e lendas sobre o «lobo grande e mau» são mentiras e mal-entendidos que fossilizaram sob a forma das chamadas «tradições». As pesquisas também revelaram que os lobos não consideram o Homem como presa e que apenas quando estão doentes com raiva atacam os seres humanos. Mas um lobo raivoso é um lobo doente, tal como um maníaco homicida é um homem doente. Um lobo saudável não constitui perigo para o Homem.
Eis as palavras do Índio Sioux, Ohiyesa, quando falava aos escuteiros, há apenas 60 anos:
«Às vezes, na pradaria aberta, o lobo tal como o urso árctico, um primo-vizinho do urso pardo, se acha que não o viram, faz companhia aos seres humanos durante alguns quilómetros. Assim, não vos seguem, mas andam paralelamente, apenas tão longe quanto o necessário para evitarem ser descobertos. Às vezes param e olham-vos do meio da vegetação. Mas não fiquem com medo! Eles não têm intenção de vos atacar. Provavelmente eles têm a toca e a ninhada bastante perto e apenas desejam assegurar-se de que o estranho não lhes quer fazer mal!».

Que futuro para o lobo?

Hoje, para sobreviver, o lobo depende do Homem, isto é, de todos nós. Pode ser salvo da extinção em quase todas as áreas onde ainda existe, mas só se o Homem o ajudar. Isto implica que as pessoas sejam informadas sobre a verdadeira natureza deste nobre carnívoro, sobre o seu lugar no mundo natural e sobre as suas necessidades. Implica também que aqueles que ainda sofrem a acção predadora dos lobos, como os pastores, devam ser ajudados a proteger os seus rebanhos e, se necessário, sejam indemnizados pelos prejuízos.
Finalmente, devem ser criadas leis racionais para controlar os caçadores e pôr fim à caça furtiva aos lobos e à utilização de métodos bárbaros, como as armadilhas e o veneno. Afinal todos nós dependemos do mundo natural e precisamos preservar a vida selvagem tanto quanto possível, não apenas porque é bela em si, mas também porque fazemos parte integrante dela e ao destruí-la estamos a destruir-nos a nós próprios!
O lobo é uma das espécies selvagens mais perfeitas e evoluídas que até agora apareceram na Terra. A sua extinção seria uma perda irreparável!

O que pode você fazer pelo lobo?

  • Aprender tanto quanto possível sobre o lobo e o seu habitat;
  • Divulgar aos outros tudo o que sabe e aprendeu;
  • Corrigir os que divulgam informações falsas;
  • Apoiar a acção dos grupos que se preocupam com a conservação do lobo (actualmente existentes em quase todos os países onde ainda existem populações de lobos);
  • Participar nos trabalhos-de-campo e de pesquisa a decorrer no seu país: tem interesse, é instrutivo, é divertido e ajuda.


Ajude-se a si mesmo!
BOA SORTE!
VIVA O LOBO!