Realizador

 

 

Manoel Cândido Pinto de Oliveira nasceu no Porto no dia 11 de Dezembro de 1908, no seio de uma família da burguesia industrial. Estudou no Colégio Universal, no Porto, e no Colégio Jesuíta de La Guardia, na Galiza.

Em 1928 entra para a Escola de Actores de Cinema de Rino Lupo e começa a sua carreira cinematográfica como figurante em  "Fátima Milagrosa" do fundador da escola.

Em 1929, comprou uma rudimentar máquina de filmar e realizou o seu primeiro filme: "Douro, Faina Fluvial", um documentário mudo que estreou em Setembro de 1931 no V Congresso Internacional da Crítica. O filme recebeu reacções violentas dos críticos portugueses e o aplauso da crítica estrangeira.

Em 1933 é um dos intérpretes do primeiro filme sonoro totalmente rodado em Lisboa, “A Canção de Lisboa”, de Cotinelli Telmo, e, em 1934, exibe comercialmente uma versão sonorizada de “Douro, Faina Fluvial”. O filme marca o inicio de uma série de apresentações no estrangeiro que não mais parariam, até hoje.

Em 1941, António Lopes Ribeiro, que tinha fundado uma empresa produtora de filmes, oferece a Manoel de Oliveira a oportunidade de realizar o seu primeiro filme de ficção, “Aniki-Bobó”. O filme é inspirado no conto “Meninos Milionários”, de João Rodrigues de Freitas e o nome que lhe atribuiu ( “Aniki-Bobó”), resulta de uma cantilena usada pelas crianças da zona ribeirinha do Porto quando brincavam aos polícias e ladrões.

Em 1940, casa com Maria Isabel Brandão Carvalhais e está inactivo mais de uma década devido à falta de meios para continuar a sua actividade cinematográfica (recusa de subsídios pelo Fundo de Cinema).

Em 1955 desloca-se à Alemanha para estudar os requisitos técnicos necessários à filmagem a cores e, com aparelhagem por ele mesmo adquirida, escreve, produz, fotografa, monta e dirige, em 1956, o documentário  O Pintor e a Cidade. Mais duas longas-metragens goradas (“O Bairro de Xangai” e “Do Ano Dois Mil não Passarás”) e um novo documentário rodado, “O Pão” entre 1958-1959.

Após a Revolução de 25 de Abril de 1974, realiza o filme "Benilde ou a Virgem Mãe", cuja primeira exibição teve lugar em Veneza em 1976, dois anos depois de ter sido recusado pelo Festival de Berlim. A partir dos anos 80, Oliveira não mais interromperá as suas múltiplas actividades cinematográficas.

O sucesso internacional do cineasta é comprovado nas exibições de "Francisca" nos festivais de Cannes e de Veneza em 1981, na atribuição do prémio Vittorio de Sica em Sorrento em 1982; na exibição de "Non, ou a Vã Glória de Mandar" no Festival de Cannes e de "Vale Abraão" em vários festivais nos anos 90. No início deste milénio, refere-se também a exibição de "Palavra e Utopia", um filme baseado na vida e obra de Padre António Vieira, seguido de "Vou para Casa" em 2001, com a participação de actores célebres internacionais como Michel Piccoli, Catherine Deneuve e John Malkovich.

Testemunham ainda o sucesso do realizador português a publicação do livro "Conversas com Manoel de Oliveira" pelos Cahiérs do Cinema, em 1996;  a sua participação como actor em "Conversa Acabada" em 1981, de João Botelho; a encenação da peça "De Profundis" em 1987, de Agustina Bessa-Luís e a participação no filme "Viagem a Lisboa" em 1994, de Wim Wenders.

            Aos 94 anos e com uma actividade extremamente intensa, estreia-se na realização de um “videoclip” para o tema “Momento” de Pedro Abrunhosa.

            Manoel de Oliveira é o único cineasta que principiou a sua carreira no período do cinema mudo e que continua activo no século XXI. Por desejo do realizador, o filme “ Visita ou Memórias e Confissões”, realizado em 1982, só será apresentado após a sua morte.

 

 

OBRA

1931

“Douro, Faina Fluvial”, (documentário)

1932

“Estátuas de Lisboa”, (documentário)

1937

“Os últimos Temporais, cheias do Tejo”, (documentário perdido)

1938

“Miramar, praia das rosas”, (documentário perdido)

“Em Portugal já se fazem automóveis”, (documentário perdido).

1940

“Famalicão”, (documentário)

1942

“Aniki-Bóbó”

1956

 “O pintor e a cidade”, (documentário)

1958

 “O Coração”, (documentário)

1959

 “O Pão”, (documentário)

1963

 “O Acto da Primavera”, (ficção)

“A Caça”, (ficção)

1964

 “Villa Verdinho, uma aldeia transmontana”, (ficção/documentário)

1965

 “As pinturas do meu irmão Júlio”, (filme de arte)

1971

 “O passado e o presente”, (ficção)

1974

 “Benilde ou a Virgem”

1978

 “Amor de Perdição”, (ficção)

1981

 “Francisca”, (ficção)

1982

 “Visita”

1983

 “Lisboa Cultural”, (documentário)

“Nice...à propos de Jean Vigo”, (documentário)

1985

 “Le Soulier de Satin”, (ficção)

“Simpósio Internacional de Escultura em Pedra”, (filme de arte)

1986

“O meu Caso”, (ficção)

1987

“A propósito da bandeira nacional”, (filme de arte)

1988

“Os Canibais”,(ficção)

1990

“Non ou a Vã Glória de Mandar”, (ficção)

1991

“A Divina Comédia”, (ficção)

1992

“O dia do desespero”, (ficção)

1993

“Vale Abraão”, (ficção)

1994

“A Caixa”, (ficção)

1995

“O Convento”, (ficção)

1996

“Party”, (ficção)

 “Viagem ao princípio do Mundo”, (ficção)

 

 

Olga Pombo opombo@fc.ul.pt