Resumo

 

 

Aniki-Bóbó” é uma história com miúdos, baseada no conto de Rodrigues de Freitas "Meninos Milionários".

A história é simples e tem como ambiente de fundo a zona ribeirinha do Porto e Gaia. Retrata a rivalidade entre dois miúdos, o Carlos e o Eduardo, que gostam da mesma rapariga, de nome Teresinha. Um é atrevido, valentão e astuto enquanto o outro é tímido, bom e sossegado. A rivalidade entre ambos vai aumentando no decorrer do filme e, um dia, para tentar atrair a atenção e agradar à sua “apaixonada”, Carlos rouba uma boneca da “Loja das Tentações”, que sabia que a menina gostava e desejava ter para si.  

 

 

Teresinha fica muito contente com a boneca e começa a prestar mais atenção ao Carlitos.

No entanto, um dia, numa brincadeira inocente, Eduardo escorrega e cai ao lado de um comboio que passa naquele momento. Todos, inclusive Teresinha, julgam que Carlos foi o culpado e afastam-se dele.

Carlos pensa fugir num barco ancorado no cais do rio por se sentir sozinho e abandonado pelos amigos, mas é descoberto. Finalmente, tudo se esclarece por intervenção do dono da "Loja das Tentações" que assistira ao acidente e que retira todas as suspeitas de cima do Carlitos.

Todos fazem as pazes com o rapaz e podem assim, voltar a jogar aos polícias e ladrões, ou seja, ao jogo do Aniki-Bóbó ("Anikibébé. Anikibóbó. Passarinho. Tótó. Berimbau. Cavaquinho. Salomão. Sacristão. Tu és polícia. Tu és ladrão") - fórmula mágica que, nas brincadeiras de crianças, permite determinar, sem discussão, quem é polícia e quem é ladrão.

Aniki-Bobó representa a passagem de Manoel de Oliveira do documentário para a ficção. É um filme que se desenrola numa rivalidade entre crianças que manifestam sentimentos como a hipocrisia, o egoísmo, a inveja, a superioridade.

O filme transmite uma mensagem de paz, de reconciliação feita através do dono da "loja das tentações", a todos os jovens perdidos em rivalidades inúteis. Faz um apelo à amizade, à compreensão sentida, verdadeira e real dentro das normas de convivência.

Estreou no cinema Éden, a 18 de Dezembro de 1942 e o público não acolheu com grande simpatia esta grande obra do cinema português.

Embora seja um filme protagonizado por crianças, não é um “filme para crianças”. Alguns críticos terão, talvez, pensado que o filme transmitia ideias erróneas sobre a vida e a inocência das crianças.

 

 

Olga Pombo opombo@fc.ul.pt