Instituições Políticas Atenienses   

 

            Os Tribunais


      Os Gregos não conheciam a separação dos poderes. A Boulé era um corpo essencialmente deliberativo e executivo, a assembleia, o conselho e os magistrados possuíam poderes judiciários e políticos. Mas, também os tribunais, os dikasteria, não tratavam apenas dos casos da justiça, sendo, efectivamente, importantes do ponto de vista da decisão política.

      O Areópago era o mais antigo tribunal de Atenas. Até 462 a.C., o poder judiciário estava-lhe totalmente reservado. Este tribunal tinha de decidir sobre inúmeros casos incluindo os de carácter religioso. No entanto, "o Areópago podia ser chamado a desempenhar um papel político" (Mossé, 1985: pág.74), o que demonstra a variedade de poderes que podiam ser simultaneamente atribuídos a cada uma das instituições políticas atenienses.

      O papel político que o Areópago possuía era, no entanto, bastante inferior ao da Helieia, o tribunal popular por excelência. Qualquer ateniense com mais de 30 anos e na posse de todos os seus direitos cívicos podia pertencer a este tribunal. Anualmente eram sorteados 6000 juizes à razão de 600 por demos.

      Qual era a participação do povo nos tribunais?
Teoricamente, o público não assistia ao processo, mas muitas vezes juntava-se à volta da paliçada no interior da qual se reuniam os juizes. Embora pudessem ser julgados vários casos num mesmo dia, por norma apenas se julgava um.

      O acusador e o acusado tomavam a palavra à vez, embora recorressem, com alguma frequência, a advogados ou a logógrafos que lhes redigiam os discursos ou que falavam por eles. A duração dos discursos era medida pela clepsidra. Os discursos podiam ser, eventualmente, interrompidos pela leitura de testemunhos, de leis, decretos, ou outras informações que pudessem ser úteis para se esclarecer o processo. Depois dos debates terminarem, os juizes, que até então haviam permanecido passivos, pronunciavam-se a favor ou contra a acusação.

      Sobre a honestidade e corrupção dos juizes e dos tribunais atenienses, já correram rios de tinta. Deixamos esses interessantes pormenores à curiosidade dos que desejarem aprofundar o assunto.

 

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Olga Pombo opombo@fc.ul.pt