Medicina

 
O grande desenvolvimento das actividades do Museu no domínio das ciências naturais e da medicina fica a dever-se a três ordens de razões:

  • a necessidade de enfrentar muitas doenças novas que a concentração urbana potenciava
  • o contacto com os conhecimentos nessa área acumulados pelos egípcios ao longo de mais de dois mil anos
  • o facto de as investigações anatómicas sobre cadáveres humanos terem passado a ser permitidas, o que não acontecia anteriormente.

Neste campo, podemos destacar dois nomes importantes: 

Herófilo de Calcedónia (315 - 255 a.C.) distinguiu-se sobretudo no campo da anatomia, podendo mesmo dizer-se que foi o seu fundador. Foi o primeiro a ensinar medicina no Museu, ainda sob o reinado dos dois primeiros Ptolomeus e a dissecar cadáveres humanos. Terá feiro publicamente a dissecação de mais de seiscentos cadáveres mostrando em pormenor todos os órgãos aos seus alunos. Herófilo dissecou também o cérebro e fez investigações sobre o sistema nervoso.  Estabeleceu a distinção entre artérias e veias, descobriu a forma de "tomar o pulso" com a ajuda de uma clepsidra. Estudou ainda numerosos órgãos, tais como o fígado, o pâncreas, os órgãos genitais e, com uma atenção particular, o coração e o sistema circulatório. Os seus resultados foram publicados na obra Anatómica, que mais tarde se perdeu.

Erasístrato (310 - 245 a.C.) distinguiu-se em fisiologia tal como Herófilo se havia distinguido em anatomia. Dominando com perfeição a arte do diagnóstico, advertia, de uma maneira perfeitamente moderna, contra o excesso de medicamentos. Como meios de cura e de prevenção aconselhava sobretudo a dieta, os banhos quentes e o exercício físico. Embora, tal como Herófilo, as suas obras se tenham perdido, foi encontrado um papiro no Egipto com a descrição de uma experiência por ele elaborada, que constituí um testemunho importantíssimo do método experimental praticado no Museu.

 

Olga Pombo opombo@fc.ul.pt