Geografia

As conquistas de Alexandre abriram a época das explorações e da pesquisa geográfica. Os geógrafos, que pretendiam estabelecer uma Carta do Mundo, fundamentavam-se nos relatos das inúmeras viagens então empreendidas. É o caso das viagens de Píteas e Eudoxo.

Píteas, contemporâneo de Alexandre cujas obras, a despeito de não ter vivido em Alexandria,  foram utilizadas pelos sábios alexandrinos, nomeadamente Eratóstenes e Hiparco.

Encarregado pela República de Marselha de explorar as regiões setentrionais de onde vinham recursos importantíssimos, Píteas partiu de Cádis na Primavera, seguiu a costa da Península Ibérica, singrou a direito através do Golfo da Gasconha e entrou no mar do Estanho. Aí prolongou a sua viagem para observar e anotar as ilhas e os nomes dos povos que encontrou. Suspeitou, em função da língua dos naturais, que entrara em terras célticas. Desembarcou e seguiu rotas fenícias e púnicas. Durante seis semanas seguiu ao longo da costa ocidental da Grã - Bretanha pelo mar da Irlanda. As suas observações permitiram-lhe concluir que a Britânia era uma ilha de forma triangular, maior do que a Sicília. Continuou a sua viagem pela costa oriental da Grã - Bretanha e seguiu pelo Mar do Âmbar, actual Mar do Norte.

Passados oito meses de ter iniciado a viagem regressou a Marselha. Desses oito meses, apenas navegou 115 a 116 dias tendo passado os restantes a explorar regiões até aí desconhecidas. Píteas foi também o primeiro a registar a correspondência entre as marés e as fases da Lua.  

Eudoxo de Císico(séc.II a.C.) fez também várias viagens para a Índia ao serviço dos Ptolomeus e procurou estabelecer, não se sabe se com sucesso, uma nova rota para aquela região via Gibraltar e Sul de África. Todavia, os soberanos ao recearem a concorrência do comércio da Ásia Oriental dispensaram os seus serviços.

                          

 Eratóstenes

Um dos cientistas com mais amplos conhecimentos geográficos no seu tempo foi Eratóstenes(276 - 196 a.C.). Para além de geógrafo, foi historiador, filósofo, poeta, crítico teatral, matemático e naturalista. De acordo com Van der Warden (1961: 229) deveria ter cerca de 50 anos quando foi chamado à corte de Ptolomeu III para educar o príncipe herdeiro, Philopator. Na parte final da sua vida foi director da Biblioteca de  Alexandria.     

Escreveu diversas obras entre as quais uma História da Filosofia, uma História da Comédia Antiga e uma obra poética e didáctica, Hermes que tinha por objectivo compilar em verso toda a ciência da época. No campo da geografia, elaborou uma carta bastante exacta do mundo e apresentou a noção correcta de que os continentes não são mais do que ilhas flutuando num único mar. O mapa por si elaborado foi o primeiro em que aparecem as longitudes e as latitudes.

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O feito mais glorioso a que Eratóstenes chegou foi porém o da medição do perímetro da Terra, com uma margem de erro incrivelmente pequena.

 Após ter sabido que, no solstício de verão, dia 21 de Junho, ao meio dia, uma vara espetada no solo, em Siene (que se assume ser no mesmo meridiano), não tinha qualquer sombra e que tal não se verificava em Alexandria, Eratóstenes deduziu que a única explicação para esse facto era a Terra ser esférica. Mandou então um escravo ir a pé de Alexandria a Siena para saber a distância entre as duas cidades. Em Alexandria, nesse mesmo dia 21 de Junho ao meio dia, Eratóstenes espetou uma vara e mediu o comprimento da sua sombra, verificando que o ângulo entre Siena e Alexandria era 7 1/2º, ou seja, um quinquagésimo de 360º. Bastou-lhe pois multiplicar a distância medida entre as duas cidades para obter o valor procurado.

 

Esquemas de Eratóstenes para a medição do perímetro da Terra

 

Olga Pombo opombo@fc.ul.pt