Nesta secção serão apresentados alguns dos “Mundos
Impossíveis” esboçados por Escher, talvez a parte mais conhecida
da sua obra. Como o próprio nome indica, trata-se de figuras
impossíveis, estruturas que
sugerem com grande força ser tridimensionais mas que, efectivamente,
não estão construídas a três dimensões. “... esse é realmente o mérito
de Escher, ao misturar o impossível com a realidade, enquadra as
figuras impossíveis num cenário harmonioso que se afirma ‘real’ à
vista do observador...” (A.P.M., 1998, p.20). Sobre
estas figuras Coxeter (1988) nota que, embora não sendo
“...matemática em detalhe, o são em espírito, conduzindo-nos a
universos fantásticos e estimulando a nossa imaginação...” (cit.
in Martinho, 1996, p.65).
Côncavo e Convexo
Embora possa, à primeira vista, parecer uma
construção simétrica (o lado esquerdo é quase a imagem reflectida do
lado directo), em
Côncavo
e Convexo (1955) existem
pormenores de perspectiva atentamente estudados por Escher. A
equivalência está de tal modo conseguida que o dilema: “Afinal, é
côncavo ou convexo?” se coloca de forma extremamente forte a qualquer
espectador da obra.
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Côncavo
e Convexo (1955) |
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Um ano depois da impressão de Côncavo
e Convexo, Escher escreveu a Ernst:
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Belveder
Inicialmente denominada por Escher como a
“Casa Fantasma”, designação que é repetidamente utilizada nos
estudos preliminares, a litografia
Belveder
data de 1958.
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Belveder (1958) |
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A
alteração deve-se ao
facto de o desenho final nada ter, em si, de fantasmagórico. No entanto,
tem muito de irreal!
Na verdade não pode haver nenhum edifício
como o representado. A figura apresenta uma estrutura arquitectónica
incoerente, resultante da ligação impossível entre os dois pisos, o
inferior e o superior. Exemplo de tal impossibilidade está bem
evidenciado na escada de mão, ao mesmo tempo dentro e fora do
edifício, e nos pilares que unem os dois pisos, ao ligarem a parte da
frente com a parte de trás.
Repare-se que o esquema subjacente a esta construção, está
também presente no cubo - Cubo Impossível -
que o rapaz sentado na parte inferior esquerda da gravura tem nas mãos e que podemos ver
abaixo de forma ampliada.
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Cubo Impossível |
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Queda de Água
No volume 49 do “British Journal of Psychology” (1958),
Penrose
publicou Tribar, uma espécie de triângulo,
que, em virtude de os lados estarem ligados de forma incorrecta,
resulta
impossível.
Escher viu esta figura, bem conhecida na Matemática,
na época em que estava completamente empenhado na
construção de figuras impossíveis. É nela que se inspira para mais uma construção impossível –
Queda de
Água
(1961). |

Tribar
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Queda de
Água (1961) |
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Escher liga aqui três tribares, constituídos pelo canal da
água e pelos pilares que o sustentam. De certa
forma, está aqui representado também o “infinito”, através do movimento da água que
parece estar continuamente a descer ao longo de um canal cujo termo coincide com o ponto mais alto e, consequentemente,
com o início
de uma nova descida. O que, para todos os efeitos, é impossível.
Escada Acima e Escada Abaixo
Um efeito de certa forma semelhante
é conseguido em
Escada Acima e
Escada Abaixo (1960). Na base desta
construção está novamente uma figura de
Penrose
– “Escada de
Penrose” – que se caracteriza por uma escada onde tanto se pode
subir como descer sem que, em algum dos casos, se atinja o topo (no
caso de subir), ou o fundo (no caso de descer).
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Escada
Acima e
Escada Abaixo (1960) |
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Observando com atenção a figura, notamos que os monges do lado
exterior parecem estar a subir continuamente uma escada sem que nunca
atinjam um ponto mais alto do que aquele de onde partiram. Ao invés, os
monges que circulam pela parte interior parecem descer
incessantemente uma escada que parece não ter fim.
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