"Esta é a fonte mais rica
de inspiração, de onde eu alguma vez bebi e ela não está ainda
seca. Os desenhos simétricos aqui representados, mostram como
uma superfície pode ser dividida regularmente em figuras
iguais, respectivamente, preenchida com elas. As figuras devem
confinar umas com as outras sem que resultem «áreas livres».
Os Árabes eram mestres nesta arte. Eles decoraram, em especial
em Alhambra, na Espanha, paredes e pavimentos com peças de
majólica coloridas e congruentes, que foram ajustadas umas às
outras, de forma contínua. Que pena que a religião islâmica
lhes proibisse a representação de imagens! Nos seus ornamentos
com azulejos, limitaram-se sempre a figuras de formas
abstracto-geométricas. Tanto quanto é do meu conhecimento,
nenhum artista árabe arriscou alguma vez (ou nunca lhe; teria
vindo à ideia?), usar como elemento para preenchimento de
superfícies, figuras concretas, perceptíveis e existentes na
Natureza, como peixes, aves, répteis e pessoas. Esta limitação
é para mim tanto mais incompreensível, quanto o reconhecimento
das componentes dos meus padrões é a razão do interesse que
mantenho vivo neste campo."
(Escher,
1994, p.7) |