5. A Academia
depois de Platão |
Quando Platão faleceu, cerca de 347/348 a.C., a Academia foi herdada por
seu sobrinho Speusipo, que sucedeu como escolarca durante oito anos (347 - 339
a.C.). Tal facto entristeceu Aristóteles que, aquando da morte de Platão, pensou poder
vir ser o novo escolarca da Academia.
Quando Speusipo faleceu, os membros da
Academia elegeram Xenócrates (400 - 314 a.C.) como escolarca, cargo que ocupou durante
vinte e cinco anos, desde 339 a.C. até à sua morte. Xenócrates, que juntamente com
Aristóteles, era um dos discípulos preferidos de Platão, teve uma certa influência no
desenvolvimento da escola, acentuando-se com ele a tendência para o pitagorismo.
"O ensino de Xenócrates terá sido um lógico prolongamento
do que nessa escola havia de mais fundo e acroamático: o ensino da matemática"
Sant'Ana
Dionísio, Pedagogia Culminante dos Gregos, 1962 |
O sucessor de Xenócrates na Academia foi Pólemon de Atenas
que permaneceu à frente dos destinos da Academia durante quarenta e quatro anos (314 -270 a.C.).
Crates de Atenas foi quem sucedeu a Pólemon, de quem era amigo, na direcção da academia
entre 270 e 265 a.C.. Sucedeu-lhe Arcesilau (316 240 a.C.), entre 265 e 240 a.C.
com quem a Academia entra numa fase céptica. Arcesilau defende a inexistência de um critério de
verdade, negando a possibilidade do conhecimento e argumentando que o homem sábio não
deve emitir juízos.
A corrente céptica mantem-se na Academia e atinge o seu auge com o sucessor de Arcesilau,
Carneiades (215 - 129 a.C.). segue-se Antíloco que vai pôr definitivamente de parte o cepticismo em favor
de um ecletismo que resulta da assimilação de elementos estóicos, platónicos e mesmo
aristotélicos.
Entre os séculos III e VI d.C., a escola entra na fase do neoplatonismo, inaugurada por
Plotino (204 - 270 d.C.). A sua filosofia é muito mais do que uma síntese do platonismo,
podendo mesmo considerar-se uma recapitulação de quase toda a filosofia grega.
Plotino ensinou até quase ao fim da sua vida e teve várias figuras ilustres entre os
seus discípulos. Escreveu cinquenta e quatro tratados, editados por Porfírio (234 - 305
a.C.), seu principal discípulo e biógrafo.
Depois de Plotino, seguiram-se ainda Porfírio, Amélio e Damáscio à frente
dos destinos da Academia.
A Academia manteve-se em actividade durante cerca de nove séculos, tendo sido encerrada quando Damáscio era o escolarca,
em 529 d.C., pelo imperador bizantino Justiniano I, que considerava que esta administrava ensinamentos
pagãos.
A primeira escola é ainda aquela que, até hoje, teve uma
vida mais longa.
Ruínas da Academia
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Diversos autores distinguem diferentes períodos na
história da
Academia depois de Platão.
Sexto Empírico (sec. II - sec. III a.C.) enumera cinco momentos e, com eles, cinco Academias: a primeira
fundada por Platão; Arcesilau seria o
fundador da Segunda, Carnéades o da Terceira, Fílon e Cármides da Quarta e Antíoco da
quinta Academia.
Outro ponto de vista é defendido por Cícero (106 - 43 a.C.) que
reconhece apenas duas academias: a Velha Academia, de Platão e de seus seguidores
fiéis e a Nova Academia, que começa com Arcesilau.
Por seu lado, Diógenes Laércio (sec. III d.C.), considera
três períodos na vida da instituição:
-
a Velha Academia iniciada por Platão e
continuada pelos seguidores que ensinaram estritamente a doutrina do mestre sem
qualquer mistura ou corrupção;
-
a Média Academia abarcando todos aqueles que, como
Arcesilau, com certas
inovações relativamente ao sistema
platónico, não o bandonaram completamente;
- a Nova Academia que se inicia com Carneiades e se caracteriza pelo
cepticismo dos seus ensinamentos.
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