5. O Liceu Depois de Aristóteles
Sob a liderança de Teofrasto, o Liceu assumiu uma faceta pública. O estado macedónico havia nomeado
Demétrio,
membro da escola Peripatética, como ditador de Atenas. Das acções governativas levadas
a cabo por Demétrio sabe-se que " ele desempenhou muitos e esplêndidos
serviços públicos pelo seu país e enriqueceu a cidade com avenidas e edifícios"
(Diogenes Laertius V,75, cit. in Patrick, 1972). De entre os planos para favorecimento
da cidade, Demétrio mostrou especial interesse pelo restabelecimento do
Liceu. Diz-se que, numa atitude que denota uma certa rivalidade para com a escola de
Platão, teré mesmo oferecido um jardim a Teofrasto.
O sucesso e o progresso na escola de Aristóteles e Teofrasto dependia em grande parte da
acumulação e classificação de livros e materiais de pesquisa. Situação que, por sua vez,
dependia da existência de instalações de armazenamento amplas e seguras. Dadas estas
necessidades, o Liceu foi crescendo em termos de ocupação de terrenos e edifícios.
Mas, a partir
do momento em que perdeu mobilidade, o sucesso do Liceu passou a estar
dependente da paz. A última parte do século IV a.C. e os primeiros anos do século III a.C.
foram pouco pacíficos em Atenas e, como tal, a história ateniense vai revelar-se
adversa aos trabalhos que Aristóteles e Teofrasto desenvolveram no Liceu.
Através do testamento de Teofrasto, é possível compreender os efeitos que os eventos que decorrem em Atenas tiveram sobre a
escola. Este resultado pode ser deduzido de vários pedidos que Teofrasto faz no
sentido de serem feitos reparos em algumas partes do complexo escolar que haviam sido
destruídas.
Contudo, nesse mesmo ano (306 a.C.) deu-se o reverso desta situação. Um aluno de
Aristóteles, Filon, conseguiu demonstrar a ilegitimidade da lei e levar os atenienses
a invalidá-la e a votar o regresso dos filósofos para
a cidade, "para que Teofrasto pudesse voltar e viver nas mesmas condições em
que tinha vivido anteriormente". A escola Peripatética conseguiu,
deste modo, sobreviver à mudança de governo que se deu em 307 a.C... Resistindo a inúmeras pilhagens e a uma destruição parcial em 84 a.C., o Liceu manteve-se activo, pelo menos, até ao sec. III d.C.. Consta que terá sido definitivamente encerrado no ano de 529 d.C., por ordem do imperador Justiniano I. |
Olga Pombo: opombo@fc.ul.pt
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