ARISTÓTELES

 

 

A interpretação aristotélica do infinito considera-o como uma espécie de reserva inesgotável de entes, que permitia explicar a origem do mundo e o constante fluir das coisas:  

 

 

 

É com razão que todos põem o infinito como princípio: de facto, não é possível que exista em vão  nem que tenha outra função senão a de princípio: todas as coisas ou são princípio ou vêm de um princípio mas não existe princípio do infinito porque esse seria o seu limite. Além disso, ele não é engendrado nem corruptível precisamente porque é princípio; na verdade, tudo o que é gerado tem necessariamente um fim e tudo o que está sujeito à corrupção tem um limite. Por isso, dizemos que ele não tem princípio mas que é o princípio das outras coisas, a todas  envolve e a todas governa como dizem aqueles que além do infinito não admitem outras causas como seriam a inteligência e a amizade e dizem ainda que ele é a Divindade, dado que é imortal e indestrutível como pretendem Anaximandro e a maior parte dos fisiólogos.

(Aristóteles, cit in Romano, 1997, p. 96)

 

Aristóteles comentou os argumentos propostos por Zenão, observando que, num contínuo espacial ou temporal, as infinitas divisões apenas existem em potência:  

 

Os cortes transversais  só começam a existir quando pára o movimento ao longo da linha ou quando  um certo tempo (ou uma linha) é, imaginariamente, dividido mediante o processo da contagem das partes. No próprio decorrer do tempo não acontece, porém, nenhuma destas coisas;  progride-se continuamente e os cortes transversais nunca emergem realmente.

 (Aristóteles, cit in Romano, 1997, p. 99)