O INFINITO E O UNIVERSO

 

 

Ao longo deste trabalho foram abordadas algumas concepções acerca do conceito de infinito ligadas à sua evolução histórica. Embora se tenha priveligiado a dimensão matemática da questão foi nítido, especialmente em Giordano Bruno, o alargamento do problema a campos não matemáticos, nomeadamente à Física com a questão da infinitude do Universo.

Frequentemente acontece não se distinguir quando se está a considerar o infinito físico ou o infinito matemático. No entanto, essa distinção existe e é esclarecida por Ferrater Mora da seguinte forma:

 

Tem sido muito comum misturar as noções de infinito matemático e de infinito “real” ou “físico”. Sem engano, pode distinguir-se entre eles. Em todo o caso faz-se assim na prática quando se coloca (de novo) a questão sobre se o universo físico é finito ou infinito. Têm sido defendidas diversas teses: o universo é infinito e ilimitado, expandindo-se sem limites e sem fim no espaço e no tempo; o universo é finito e limitado; o universo é finito mas não limitado.

As cosmologias do universo em estado estacionário tendem a defender a primeira tese. As cosmologias que partem de uma explosão inicial - que pode conceber-se como um acontecimento único, ou pode imaginar-se como um acontecimento de uma série de expansões e contracções do universo - tendem a defender a última tese. Vários modelos fundados na teoria da relatividade generalizada propuseram a odeia de um universo finito e não limitado.

Para compreender a possibilidade desta última noção dá-se como exemplo o de uma esfera espacialmente finita. O universo é comparável à superfície da esfera. Não é espacialmente infinita, mas pode percorrer-se em todas as direcções sem que se encontre um limite.

(Mora, 1986, p. 1696)  

 

 

 

Em termos matemáticos sabemos também que, embora não seja óbvio, há infinitos maiores do que outros, e há conjuntos infinitos que têm tantos elementos como uma sua parte.  

 

 

Muitas das nossas crenças provenientes do senso comum têm vindo a modificar-se com os avanços que o homem tem conseguido, quer em termos de experimentação, quer devido ao desenvolvimento do pensamento matemático. Num passado ainda não muito distante acreditava-se que a matéria e a energia eram contínuas. Hoje sabemos que a matéria é feita de átomos e que a energia é composta por quanta.  

 

No entanto, persistem ainda duas grandes interrogações acerca do Universo que se relacionam com o infinito:  

 

 

A primeira questão aponta no sentido de uma vastidão imensa, de um espaço infinito em todas as direcções, que as nossas capacidades jamais poderão abarcar na totalidade.

A segunda questão vai na direcção oposta, no sentido do infinitamente pequeno. A crença actual dos físicos é a de que os electrões são constituídos por combinações de quarks. Poderão estes ser constituídos por partículas ainda mais pequenas?

Alguns físicos pensam que não existe um limite para os níveis de estrutura em qualquer das direcções. O Universo total de Universos seria então como um imenso conjunto de bonecas russas, umas dentro das outras, sem que se possa determinar uma que seja a maior nem outra a mais pequena, tal como não podemos determinar uma fracção que seja a mais pequena de todas nem um número inteiro que seja o maior de todos.  

Provavelmente nunca chegaremos ao fim desta sucessão de maiores e de mais pequenos... Enquanto o Homem for capaz de desenvolver técnicas cada vez mais aperfeiçoadas, o seu conhecimento do mais pequeno e do maior estará sempre a ser permanentemente actualizado.

 

 
 
Ao contrário do que se poderia pensar, o conceito de infinito não é uma questão meramente matemática ou filosófica; ao pensar e estudar o conceito de infinito não estamos só a exercitar a mente. Na prática, compreender o infinito é importante para que consigamos avançar no sentido de uma melhor compreensão do tempo, espaço, matéria e energia!