A Coordenação das
Relações de Equivalência
e a
Composição Multiplicativa
dos Números
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"As relações de equivalência fundadas sobre a
correspondência unívoca e recíproca "qualquer" ou "quantificante"
são relações especiais, cuja descoberta e emprego supõem a aquisição
de uma série de noções propriamente matemáticas, tais como a de um
conjunto que se conserva, de seriação, de correspondência termo a termo etc. Já
ao contrário, as composições das relações de equivalência
constituiem um mecanismo tão geral que o seu manejo parece não supor mais
que a lógica." A propriedade transitiva "(...) própria à
relação de igualdade, é, ao mesmo tempo, a expressão de um raciocínio
que empenha toda a estrutura formal do pensamento. Ele exprime tanto a
igualdade ou equivalência de três classes quanto à coordenação de duas
relações e aplica-se tanto a realidades matemáticas (sobre a designação
incorrecta de "silogismos matemáticos") quanto a realidades
qualitativas. " (Piaget , 1971, p.279).
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" (...) as crianças que fracassam na questão da
composição das relações de equivalência são também aquelas a que
falta a correspondência biunívoca e recíproca, enquanto que aquelas que
têm sucesso nesta última conseguem, de saída, compor diversas
equivalências entre si." (Piaget, 1971, p.280).
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"Não apenas o adulto e a criança após os 11-12 anos
possuem o poder de raciocinar formalmente com rigor sobre proposições
reconhecidas como falsas ou que não compreendem, mas ainda, e bem antes que
seja adquirida esta mecânica formal, a criança tem o poder de se adaptar
às palavras e às noções colectivas inerentes à linguagem ambiente: é
assim que muitas crianças que permanecem incapazes de compreender que 10 flores
saídas de 10 jarras são sempre equivalentes a essas 10 jarras,
apertadas ou espaçadas, sabem, no entanto, contar essas flores até
10." (Piaget, 1971, p.284).
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"(...) constatamos que a equivalência por
correspondência biunívoca e recíproca era uma equivalência de ordem multiplicativa.
Existe, com efeito, uma grande diversidade de formas de equivalência e faz
parte do papel de uma psicologia genética tanto quanto de uma logística
operatória, interessadas em colocar em evidência as articulações reais
do pensamento, distinguir esta relações variadas, em vez de procurar
confundi-las. (...) Precisemos unicamente que, no caso das operações
multiplicativas, como no das adições, a composição qualitativa das
classes não se constitui no plano operatório antes das dos números, mas
ao mesmo tempo. Não existe uma fase da multiplicação lógica e uma fase
da multiplicação aritmética: no decurso de uma primeira fase, nenhuma
dessas composições é possível; no decorrer da segunda, ambas se esboçam
num plano intuitivo, mas sem conclusão operatória e, no decurso da
terceira, ambas se constituem em operações propriamente ditas, donde o
sucesso simultâneo das diversas provas estudadas (...) e a generalização
imediata da multiplicação, assim que é descoberta." (Piaget, 1971, pp.298,299).

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