O movimento expressionista alemão

 

O período de 15 anos que decorreu entre a revolução de novembro de 1918 e a ascensão de Hitler ao poder, em Janeiro de 1933, é conhecido na história alemã como a época da Cultura de Weimar. Foi um momento muito especial no qual um clima derrotista e depressivo, resultante do desastre militar de 1918, coexistiu com a extrema criatividade artística e intelectual. Berlim tornou-se a capital das vanguardas nos anos 20.

O expressionismo tem raízes na pintura (surgiu por volta de 1910) e foi rapidamente adoptado pelo teatro, pela literatura e pela arquitectura. Esta corrente enfatizava as reacções emocionais do artista opondo-se à visão tradicional segundo a qual o artista se devia esforçar para reproduzir fielmente apenas a aparência natural do objecto do seu trabalho.

O expressionismo no cinema alemão começa em  1919, com o célebre  filme  de Robert Wiene: "O Gabinete do Doutor Caligari". Caligari  transporta-nos  para um mundo de puro pesadelo que coincide com a  instabilidade política do momento: muros cheios de  “grafittis”, prédios  “inclinados”,   panos  de   fundo   desbotados  de  onde  se destacam    figuras   geométricas   abruptas   e personagens alucinadas. Tudo aqui gira sob o signo da angústia. Mas o mais interessante é o facto de que o que poderia ter sido apenas uma experiência isolada, de cariz bizarro, se viria a tornar a fonte de uma imensa corrente que influenciou toda a história do cinema. O horror, o fantástico e o crime eram os temas dominantes do expressionismo. Nosferatu, O Vampiro (1922), de Murnau, e Dr. Mabuse, O Jogador (1922) e Metrópolis (1926), ambos de Fritz Lang, constituem as obras mais significativas do expressionismo.

A escola expressionista tem como principais autores Arthur Robinson, Karl Grune, Paul Leri, Friedrich Wilhelm Murnau ("Nosferatou", "Fausto", "O último dos homens") e Fritz Lang ("A morte cansada", "Metropolis","A mulher da Lua", "Os Nibelungos",  "O diabólico Dr. Mabuse", "Matou!").

Os filmes expressionistas foram produzidos apenas durante alguns anos, no entanto os seus temas foram integrados em filmes posteriores resultando no controlo artístico do cenário, luz e sombra de forma a acentuar a atmosfera do filme. Esta escola foi levada para os Estados Unidos da América quando importantes realizadores alemães emigraram para Hollywood. O expressionismo influenciou particularmente dois géneros, o cinema de terror e o filme negro.

 

 

Olga Pombo opombo@fc.ul.pt