Críticas da época

 

"A fita é uma infame cilada armada à inocência das crianças e à imprevidência dos pais. É uma verdadeira monstruosidade.”

                                        Jornal “Cidade de Tomar” de 24/01/1943

   

 

“Manoel de Oliveira construiu uma história de amor infantil como fulcro e articulou neste alguns dos elementos que constituem parte da vivência psíquica de garotos daquela idade e daquele viver: o tédio de uma escola arcaica, mas ainda corrente entre nós, o medo da polícia, as lendas que envolvem o mistério da morte, o jogo dos polícias e ladrões.”

                                        Rui Grácio no “Horizonte” de 13/01/1943

   

“Uma tarde de Agosto, fez este verão um ano, Manoel de Oliveira leu a algumas pessoas, entre as quais me encontrava, a história de Aniki-Bóbó que não tinha ainda este título tão impopular. A história foi discutida durante horas e Manoel de Oliveira defendeu-a com entusiasmo de quem havia imaginado e desenvolvido. Quanto a mim, considerei-a, desde logo, anti-comercial – e demasiadamente literária para poder suportar a “ampliação” humana que a tela, necessariamente lhe conferiria. Procurámos convencer Manoel de Oliveira que a sua história carecia de verdade humana e que, com outro desenvolvimento, que unisse aquelas crianças em torno de uma boa acção, lhe faria perder o ar de “Dead End Kids” tripeiros, com vantagem para o espectáculo e para a acção construtiva de que o filme, e sobretudo o filme português não deverá alhear-se. Esta norma é tanto mais para ponderar quando se trata do chamado “cinema sério”, do cinema em que se faz Arte pela Arte.”

                                    Fernando Fragoso na “Vida Mundial” de 07/01/1943

   

“De uma grande honestidade, com pedaços de límpido cinema, tudo bem equilibrado, interpretação admirável, cingida, certa, expressividade, este filme dá o encanto das coisas despretenciosas e belas, no seu aprumo de simplicidade emotiva, recortada duma intenção social irónica e popular. Um artista, muito artista, este Manoel de Oliveira.”

                                  Poeta António Botto in Jornal “Os Sports” de 04/01/1943

 

 

 

Olga Pombo opombo@fc.ul.pt