Críticas
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Apesar de todas as críticas que têm sido dirigidas aos sofistas, não podemos negar que
a sua influência foi notória em vários aspectos: na linguística, na gramática, na moral, na religião, na arte, na poesia, na música, nas ciências... na sociedade!
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Os primeiros sofistas iniciaram um conjunto de interrogações de natureza filosófica sobre a origem do ser humano e de tudo o que o rodeia. De facto a contribuição dos sofistas foi notória para que, mais tarde, pudessem aparecer as famosas filosofias de
Platão e
Aristóteles.
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No que respeita à lei, basta-nos salientar que alguns sofistas foram requisitados para estabelecerem e/ou orientarem a elaboração de constituições em várias regiões. Eles prestavam auxílio quer na redacção das leis, quer como conselheiros. Por vezes também apareciam como sendo advogados, defendendo determinadas causas.
Graças às suas digressões, estavam muito bem informados sobre os sistemas jurídicos das diferentes civilizações. Isto terá contribuído, também, para que eles conhecessem os variados sistemas políticos, formas de expressão e linguagem, hábitos, usos e costumes dos diversos povos com os quais haviam mantido contactos. Este extraordinário conhecimento antropológico foi determinante para a ideologia que desenvolveram.
No domínio linguístico sabemos que eles foram
muito inovadores, quer no domínio da gramática, quer na própria estrutura linguística. Na verdade, houve sofistas que se preocuparam em analisar profundamente os tempos verbais, o significado das palavras, a sua origem, as invenções estilísticas, etc.
Além disto, "despertaram e mantiveram um novo interesse pela poesia primitiva, mesmo se a interpretação nada mais significasse para eles que o treino mental. A virtuosidade retórica teve como resultado imediato as suas análises da linguagem e os seus estudos críticos da literatura. O seu amor genuíno pela linguagem influenciou gerações que começaram pesquisas mais
sérias" (Pombo, 1996: pág.33).
Também na lógica e na retórica
sabe-se terem sido desenvolvidas técnicas bastante úteis na arte de influenciar e argumentar, e que
a eles se devem.
No domínio político foram também muito influentes.
Para além de ensinarem os seus alunos na triunfar neste meio, parece que houve vários sofistas
que ocuparam cargos de destaque nos sistemas políticos.
Além disto, os sofistas foram os primeiros a aperceberem-se de que o sistema educativo da altura era insuficiente na preparação dos jovens, pelo que se proclamaram professores, indo pelo mundo fora em busca de pupilos.
Um outro acontecimento fundamental para todo o sempre foi a introdução do ensino matemático. Embora esta ciência tivesse sido objecto de investigação no tempo dos
pitagóricos, terá sido Hípias o primeiro homem que reconheceu o seu extraordinário valor pedagógico.
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Elogios
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A prática sofística despoletou
severas críticas, quer no seu tempo, quer posteriormente. Uma das mais violentas prende-se com o facto dos sofistas serem acusados de
imoralidade face à descrença que apresentavam para com a religião.
Além disto, por considerarem que cada pessoa tinha o direito de
decidir o que estava certo ou errado foram considerados precursores da desmoralização da sociedade.
Uma outra crítica que lhes foi
dirigida está relacionada com a cobrança de dinheiro que exigiam pelos seus
serviços. Havia quem não conseguisse compreender o porquê desta
prática.
Consideravam que o orgulho no triunfo e na evolução dos alunos deveria
ser o suficiente para que se sentissem realizados, não tendo que exigir
dinheiro. Assim,
havia quem os rotulasse de aproveitadores, trapaceiros, charlatões e
manipuladores.
A crítica também não perdoou os sofistas pelo facto destes considerarem a verdade como sendo algo de relativo ao indivíduo. Por
este motivo, havia quem defendesse que os sofistas não pretendiam ensinar nada de realmente
útil e interessante, mas somente influenciar o povo com a sua pompa e eloquência, de modo a ficarem cada vez mais famosos e a enriquecerem à custa
dele.
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Um
outro aspecto negativo que lhes foi apontado, e que está
relacionado com os anteriores, diz respeito ao período
posterior à morte de
Péricles. Depois deste acontecimento, verificou-se uma
violenta luta pelo poder e "ambos os partidos utilizaram a retórica e a arte de discutir dos sofistas" (Jäeger, 1986:
pág.375) para poderem aceder ao domínio político.
Embora, no início, as práticas sofísticas não fossem usadas com o objectivo de combater o estado, estavam,
naquele período, a ser
utilizadas de uma forma bastante perigosa. |

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