A Educação do Príncipe

 

O ciclo da  Paideia Isocrática conclui-se com a reflexão sobre os deveres dos governantes e governados. 

O texto fundamental é o célebre Discurso a Nícocles, provavelmente redigido em 370 a.C. e dirigido, como exortação, ao rei de Salamina em Chipre, Nícocles. Nascido primeiros anos do século IV a.C., Nícocles sobe ao trono ainda jovem, sucedendo a seu pai, Evágoras, e a seu irmão mais velho, sucessivamente assassinados. 

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O Discurso a Nícocles é composto por três partes. Na primeira, Isócrates trata dos deveres dos governantes; na segunda ocupa-se dos deveres dos súbditos que lhe aparecem, em grande medida, como contrapartida dos deveres do soberano; finalmente, na terceira, Isócrates faz o elogio, na pessoa do pai de Nícocles, o governante ideal.

Para Isócrates, o governante tem de satisfazer dois requisitos essenciais:

  ninguém pode governar bem nem cavalos, nem cães, nem homens ou qualquer outra coisa, se não experimentar prazer na companhia dos seres ou das coisas sobre os quais deve velar.  

Daqui decorrem todos os outros deveres dos governantes:

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A arte de governar não é pois uma simples técnica. Ela resulta d a união de dois valores complementares: o amor do Estado e o amor da Humanidade.

  que os melhores possuam as honras e que os outros não serão submetidos a qualquer injustiça.  

Os tratados de educação de príncipes - que encontram no Discurso a  Nícocles de Isócrates um momento matricial - irão ter uma vitalidade surpreendente nos séculos subsequentes, em especial durante a Idade Média e o Renascimento. 

Nesses discursos ecoam as normas e deveres enunciados por Isócrates. Normas e deveres que, embora repetidos durante séculos, parece não terem sido ainda plenamente escutadas.