Os trabalhos de Escher
constroem-se, em grande parte, sobre o fascínio por alguns
objectos e conceitos matemáticos (infinito, sólidos platónicos,
rotações, simetrias, translações...). Não é pois de espantar que a sua
obra tenha chamado à atenção de alguns matemáticos, como
Penrose e
Coxeter. Este último, nota que “...a qualidade estética da sua obra
enriquece a dimensão Matemática da lógica, da geometria e do paradoxo
e é por ela enriquecida...” (1988, cit. in Martinho, 1996).
Contudo, parece-nos importante referir que
Escher nunca teve formação em Matemática. de acordo com a
bibliografia consultada, parece ter sido um aluno relativamente
fraco a matemática. Aliás, como o próprio Escher referiu várias vezes,
não se considerava um matemático. O que não o impedia de reconhecer a
proximidade do seu trabalho à Matemática:
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“...apesar de não possuir
qualquer conhecimento ou treino nas ciências exactas, sinto muitas
vezes que tenho mais em comum com os matemáticos do que com os meus colegas artistas...”
(1967, cit. in APM, 1998, p.9) |
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Digamos que Escher se “situa” algures entre a Arte e a Matemática, e
que a sua obra concilia de forma extraordinária estes dois universos,
o artístico e o matemático. O seu interesse pela expressão plástica de
objectos matemáticos
manifesta-se muito cedo e, posteriormente, como ele próprio refere
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“...confrontando os enigmas que nos rodeiam e considerando e
analisando as observações que fazia, terminei nos territórios da
Matemática...”
(1967, cit. in APM, 1998, p.9) |
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Segundo Martinho
(1960), alguns dos tópicos matemáticos surgem na obra de Escher como
uma antecipação de complexas teorias matemáticas. As pavimentações
bidimensionais, consideradas pela autora como “...a mais fecunda
das ligações entre a obra de Escher e a Matemática...” (p.65), são
um exemplo de tal antecipação.
Na sequência desta pavimentação, surgem as
pavimentações do plano hiperbólico, expressas na série de
Limite
Circular que, segundo
Coxeter
(1988, cit. in Martinho, 1996, p.66) é o melhor exemplo da relação
entre a Arte e a Matemática.
Em síntese, o que a obra de Escher nos fez perceber é que o mundo da Matemática e
o mundo da
Arte não são tão distintos quanto possa parecer. Embora por vezes
se estabeleça uma oposição entre a Arte como emoção e Matemática como razão,
a verdade que Escher nos dá a ver é que os domínios estético e
racional não são passíveis de ser separáveis (Pappas, 1998).
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