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"Muito antes de o homem aparecer
na Terra, já na crosta terrestre cresciam todos os cristais.
Um dia o homem viu pela primeira vez a brilhar no chão um
destes fragmentos de regularidade. Ou talvez o partisse com o
seu machado de pedra. Desfez-se em partes e caiu-lhe aos pés.
Pegou nele, examinou-o – e espantou-se. Há qualquer
coisa de empolgante nas leis fundamentais dos cristais. Não
são criação do espírito humano. "São” – existem independentemente de nós. Num momento de lucidez o homem
pode, no máximo, descobrir que eles existem e dar-se conta
deles."
(Escher, 1959, cit. in Ernst, 1978,
p.93) |
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Escher tornava-se lírico quando falava sobre
cristais. Pegava num minúsculo cristal da sua colecção,
colocava-o na palma da mão e observava-o como se tivesse acabado de
recolher da terra o maior tesouro e nunca o tivesse visto na sua vida.
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"Este maravilhoso cristalzinho tem
muitos milhões de anos. Já estava na Terra muito antes de
terem aparecido nela os seres vivos."
(Escher cit. In Ernst, 1978, p.93)
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Os matemáticos gregos já sabiam que só eram
possíveis cinco sólidos regulares. Três deles são limitados por
triângulos equiláteros como o tetraedro (quatro faces triangulares
regulares), o octaedro (oito faces triangulares regulares), e o
icosaedro (vinte faces regulares); um por quadrados: o cubo (seis
faces quadradas regulares) e um por pentágonos regulares como o
dodecaedro (doze faces regulares).
Todos estes sólidos geométricos fascinavam Escher.
Podemos encontrar alguns deles nas suas gravuras.
Escher fez mesmo alguns sólidos regulares de madeira e de vidro acrílico.
Não como modelo para os seus desenhos, mas como obra de arte
independente.
Uma das mais bonitas destas peças é
Poliedro
com Flores que Escher esculpiu em madeira de ácer, em 1958. Tem cerca de
13 cm de altura e consiste em cinco tetraedros que se interpenetram
uns aos outros.
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Poliedro
com Flores (1958) |
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Em
Estrelas, o pequeno universo é
preenchido com sólidos regulares. Em frente, no centro do campo
visual, vemos a construção de um corpo composto de três octaedros.
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Estrelas
(1948) |
Na gravura
Cristal
(1947) está patente o interesse de Escher pelos sólidos platónicos,
"...como símbolos com harmonia e ordem, prévios à própria experiência
Humana..." (Coxeter, 1988, cit. in Martinho, 1996, p.64).
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Cristal
(1947) |
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