Foi educado na Universidade de
Leipzig e concluiu o seu doutoramento em Direito na Universidade de Nuremberga em 1666.
Para ganhar a vida, trabalhou como advogado e diplomata a serviço da nobreza e realeza,
particularmente para a Casa de Brunswick na Alemanha. Este trabalho permitiu a
Leibniz viajar pela Europa e conhecer os estudiosos principais de seu tempo. Durante duas
viagens a Londres em 1673 e 1676, Huygens e Boyle despertaram o seu interesse sobre os
temas matemáticos. Entretanto, começou a relacionar-se com as personalidades mais
eminentes da Filosofia e da Ciência da sua época entre os quais Hobbes, Malebranche
Mersenne e Newton. O seu último trabalho foi como bibliotecário do Duque George Louis de
Hannover que se tornou o Rei George I da Inglaterra em 1714. Os seus muitos deveres não
interferiram com as suas extensas actividades intelectuais.
Leibniz tem uma
obra imensa da qual publicou em vida unicamente alguns trabalhos. Em "Meditationes
de Cognitione, Veritate et Ideis" define a sua teoria do conhecimento. "De
rerum originatione radicali" tenta provar que só Deus poderia ser a fonte de
todas as coisas. Nos "Essais de Theodicee", único trabalho principal
publicado em vida, explica as suas ideias a respeito da justiça divina. "Monadologie",
escrito dois anos antes da sua morte, apresenta a teoria de monadas substâncias
espirituais simples que formam a base para todas as formas compostas de realidade. A
teoria de Monadas, um termo derivado do grego que significa "aquilo que é um"
ou "unidade" tenta descrever um universo harmonioso, o "melhor de todosos
mundos possíveis", composto de um número infinito de monadas organizadas
hierarquicamente originadas no Monada Suprema que é Deus.Em "Nouveaux essais sur
l'entendement humain", Leibniz analisa os Essays on human understanding de
Locke criticando de forma radical o seu empirismo. Locke afirmava "nihil est
intellectus quod prius non fuerit in sensu" (nada existe no entendimento que
não tenha estado anterirmente nos sentidos) ao que Leibniz acrescentou "nise
intellectus ipse" (a não ser o próprio entendimento). Leibniz defende, tal como Descartes e Platão uma posição
inatista segundo a qual a alma conhece virtualmente tudo. Um dos aspectos mais importantes do trabalho de Leibniz é o projecto de construção uma linguagem universal baseada num alfabeto do pensamento, uma espécie de cálculo universal para o raciocínio. Ao longo dos tempos, muitos tentaram por em prática este projecto. O
caso mais ilustre é o de Leibniz que dedica grande parte do seu esforço intelectual
à tentativa de realização de uma ambicioso projecto por si mesmo definido e limitado: a
construção de uma língua universal filosófica - Characteristica Universalis. 1 De facto, o projecto de Leibniz era muito ambicioso
pois, tencionava construir uma linguagem mais
perfeita ainda do que a linguagem matemática na qual (
) Leibniz via as
maiores virtudes (univocidade, universalidade, rigor) e algumas limitações
(arbitrariedade e ausência de sentido). Rigorosa e insignificante. Por isso Leibniz
pretendia construir uma Characteristica Universalis que reunisse e reconciliasse enfim o
rigor que só a linguagem matemática possui ao sentido que dela está, por isso mesmo,
necessariamente ausente. O projecto de Leibniz nunca foi realizado. Depois dele,
muitos tentaram ainda concretizá-lo, o que nunca chegou a acontecer. O sonho, partilhado
por vários filósofos, entre eles Russell e, em especial, Frege mas também Peano
e Couturat, com quem Frege estabeleceu correspondência, nunca foi realizado.
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Olga Pombo: opombo@fc.ul.pt
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