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breves comentários
1º comentário - Uma aparente contradição Sabemos que, em "A arte de resolver problemas" (Rio de Janeiro, Editora Interciência, 1977), Polya considera quatro fases na resolução de problemas: 1) compreensão do problema, 2) estabelecimento de um plano, 3) execução do plano e 4) análise retrospectiva. Ora, no texto cuja
tradução
(parcial) aqui se apresenta, Polya defende a necessidade de uma fase prévia:
a formulação do problema. Na verdade, sugere que os alunos participem
na formulação do problema, fundamentando a sua opinião no facto
de esta ser uma fase importante que geralmente permite um maior envolvimento e empenho dos
alunos na resolução do problema. Além disso, ao participarem na formulação
do problema, este ganha sentido para os alunos o que constitui uma razão
fundamental para a sua resolução.
2º
comentário - Problemas e exercícios Assim sendo, cabe ao professor encontrar um equilíbrio viável,
isto é, adequado aos seus alunos, entre a resolução de
problemas e a resolução de exercícios de rotina nas aulas
de matemática. 3º comentário - Um ponto forte Um dos pontos fortes deste texto é a correlação que Polya estabelece entre os três princípios da aprendizagem e os três princípios do ensino. Aliás, o autor afirma explicitamente que “estes «princípios de aprendizagem» também podem ser considerados como «princípios de ensino»”. O princípio de aprendizagem activa, enquanto princípio de aprendizagem e princípio de ensino, assenta na ideia do “método socrático” segundo o qual o professor deveria agir como Sócrates e consequentemente, o aluno, à semelhança do escravo Ménone, deveria descobrir as coisas por si próprio. O princípio da melhor motivação, enquanto princípio de aprendizagem, defende que “o aprendiz não agirá se não tiver motivos para agir” e, enquanto princípio de ensino, mostra ao professor que muitas vezes o facto de o aluno não estar motivado depende do próprio professor e das suas dificuldades para envolver os alunos. Finalmente, o princípio das fases consecutivas demonstra a necessidade de se cumprirem as três fases de aprendizagem: exploração, formalização e assimilação, através da analogia com a afirmação de Kant, “Todos os conhecimentos humanos começam por intuições, avançam para concepções e terminam com ideias”. Com este princípio o autor pretende realçar a importância da utilização de bons problemas nas aulas de Matemática, isto é, a utilização de problemas que permitam aos alunos percorrer todas as fases de resolução de problemas, que tenham um contexto rico e que sejam significativos. Na base destes três princípios está o facto de, para Polya, o pensamento matemático não ser só o pensamento formal, “não está relacionado apenas com axiomas, definições e demonstrações rígidas” (Polya, 1962), pelo que o professor, ao ensinar, deve dar “espaço” a outras formas igualmente importantes de pensamento matemático, o “pensamento informal”, tais como: “generalização a partir de casos observados, argumentação por indução, argumentação por analogia, reconhecimento de conceitos matemáticos, ou sua extracção a partir de situações concretas”(Polya, 1962). Neste texto há uma afirmação que, a nosso ver, resume a brilhante concepção que Polya tem acerca do que é ensinar Matemática:“Deixem-nos ensinar demonstrando de todas as maneiras possíveis. Mas deixem-nos também ensinar adivinhando” (Polya, 1962). Tentaremos tê-la sempre presente ao longo da nossa vida profissional. Elisa Mosquito, Ricardo Incácio e Teresa Ferreira |
Olga Pombo: opombo@fc.ul.pt
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