Etimologicamente, a palavra comunicar deriva do latim
comunicare que significa "pôr em comum, entrar em relação
com". Mas a comunicação pode exprimir uma infinidade de formas. Na verdade, o homem engendrou um complexo sistema de símbolos que encerram e exteriorizam laivos da
sua essência e dos constructos culturais cozinhados na fogueira dos
tempos. Aí se articulam e fundem sinais verbais (orais e escritos), sinais não verbais
(mimica e expressão corporal) e indicadores culturais como a indumentária, adornos, penteados, etc.
Pela amplitude que a dinâmica comunicacional implica, optámos por concentrar a nossa atenção sobre a comunicação de natureza não verbal tendo por base o contexto escolar. É nosso
objectivo revisitar sinestesias, emoções, ideias, pensamentos, comportamentos, atitudes, posturas, expressões, movimentos e gestos tão antigos e tão novos, tão, aparentemente, propensos ao devir e à intemporalidade.
Sob o caleidoscópio das linguagens não verbais,
queremos aprofundar a percepção e expressão destas formas de comunicação
na sala de aula.
A comunicação não verbal processa-se através dos gestos, das posturas, das expressões faciais
(comunicação cinésica), das utilizações da voz e do silêncio
(comunicação paralinguística), do vestuário,
dos objectos de que nos fazemos cercar, da relação que estabelecemos, quer com esses objectos, quer entre
nós
(comunicação proxémica).
Todas estas formas de linguagens não verbais exprimem e comunicam ideias, sentimentos e
emoções, acompanham, reforçam e chegam a substituir a linguagem verbal, delineando significações e conferindo uma vivência mais profunda e autentica à comunicação.
Podemos cessar a comunicação verbal, simplesmente, não a utilizando.
Ao contrário da comunicação verbal que se faz por intermédio de signos
discretos, a comunicação não verbal é contínua e ininterrupta. O que
significa que não podemos nunca impedir a comunicação não verbal, mesmo que não seja deliberada e intencional.
No entanto,
todas as formas de comunicação têm um resto insondável. Elas dizem
muito. Mas não dizem tudo. Que mistérios, que sonhos, que ausências, que projectos se aconchegam e confortam na imaginação
para lá do silêncio e das palavras?
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Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é o outro universo ( . . . )
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras ( . . . )
(Fernando Pessoa) |

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