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José Figueiredo https://webpages.ciencias.ulisboa.pt/%7Ejmfigueiredo/
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1.a. Será
que a Lua roda
em torno da Terra? 1.b. Como
é a orbita da
Lua vista do Sol? 2.b. O
que são as marés
vivas? 3. A
Mensagem das Estrelas "... não existem verdades sagradas, todas as asserções
devem ser cuidadosamente examinadas com espírito crítico, os argumentos
de autoridade não têm valor ..." Cosmos, Carl Sagan.
Palestras sobre assuntos de Física 1.a. Será que a
Lua roda em torno da Terra? É tentador imaginar que a trajectória da
Lua roda em volta da Terra de tal modo que por vezes anda para trás.
Mesmo quando vemos uma representação da sua trajectória como a que se
mostra na animação seguinte, a nossa percepção cria-nos uma ilusão: A
Lua parece andar para trás. E, na verdade, (mesmo nesta animação, em
que a sua trajectória é representada como uma curva sinusoidal) ela
avança sempre. A principal razão para
essa ideia
errada é o facto de nas representações do sistema solar, em que as
trajectórias dos planetas são desenhadas do ponto de vista do Sol, é
comum representar-se a trajectória da Lua do ponto de vista da Terra, o
que é enganador. O movimento aparente diário da Lua, devido à rotação
da Terra em torno do seu eixo,
ajuda ainda mais a fortalecer essa ideia errada. 1.b. Como é a orbita da
Lua vista Sol? De facto, como a força
gravitacional do Sol sobre a Lua é 2,2 vezes mais forte do que a
exercida pela Terra, a Lua descreve uma elipse quase idêntica à da
Terra em volta do Sol. E a sua trajectória é sempre convexa: curva-se
sempre na direcção do Sol. Não é
esse o caso da maioria dos satélites artificiais, que fazem uma rotação
em
volta da Terra em menos de 2 horas. Mas a rotação da Lua em volta da
Terra
é 4 centenas de vezes mais lenta. A Lua anda para trás? (animação) -
ver simulação A figura abaixo descreve
melhor o que realmente acontece. É mais esclarecedor visualizar o
movimento da Lua como se ela fosse uma mota que acompanha um automóvel
(a Terra), ambos em movimento numa mesma estrada. A mota, uma vez por
mês acelera e ultrapassa o automóvel pela direita e depois deixa-se
ficar para trás pela esquerda. De facto, a Lua, quando fica para trás
(quarto crescente) é acelerada pela atracção gravítica da Terra e
quando se adianta (quarto minguante) é travada pela atracção gravítica
da Terra [1]. A trajectória real da Lua - ver simulação De facto, tanto a Terra
como a Lua estão em queda livre em volta do centro de massa do sistema Terra-Lua (localizado dentro da Terra) que, por
sua vez, está em queda livre em torno do centro de massa do sistema Sol-Terra-Lua (localizado dentro do Sol). Por
isso, podia de facto ser mais esclarecedor e menos geocêntrico dizer
que a Terra e a Lua rodam ligeiramente em torno do seu centro de massa
comum, à medida que seguem a uma órbita comum em torno do Sol. Alguns
astrónomos defendem aliás que o sistema Terra-Lua
é um planeta duplo, já que a influência gravitacional do Sol é
comparável com sua interacção mútua. O texto desta secção foi
retirado da Wikipédia e está sob a GNU
Free Documentation
License. Os direitos de autor de
todas as contribuições para a Wikipédia
pertencem aos respectivos autores (mais informações em sobre direitos
de autor). Notícia: Meteorologia - Marés vivas chegam para a semana - A culpa é do alinhamento da lua e do sol. (em
construção) O termo maré designa o movimento
periódico de subida (fluxo) e descida (refluxo) das águas do mar,
produzido principalmente pelas influências da Lua e do Sol, em geral
com duas marés-cheias e duas marés baixas por dia. De forma mais geral,
o termo maré refere-se aos efeitos sentidos num corpo devido à
perturbação do campo gravítico causado pela interferência de um ou mais
corpos externos. Aqui, o vocábulo maré refere-se ao fenómeno da
alteração da altura dos mares e oceanos, causado pela interferência da
Lua e do Sol sobre o campo gravítico da Terra.
A influência da Lua e do Sol prova as
marés da seguinte forma: Imagina que dás a mão a um(a) amigo(a) e, com
os braços esticados, se põem a correr em círculo, sendo a união das
vossas mãos o centro e eixo desse rodopio! Se o fizerem com certa
velocidade, irão sentir dois tipos de força a actuarem em cada um de
vocês: a força centrípeta e a força centrífuga. A primeira é sentida
através do braço, a puxar-te em direcção ao eixo (à mão). A segunda
puxa-te para trás, tentando arrancar-te desse
rodopio. Agora imagina que o outro companheiro que te segura é bastante
mais
forte e com maior massa. Há alterações neste movimento? De facto, há;
ele
roda muito mais devagar do que tu, sentindo mais fracas as tais forças.
Isto
acontece, porque o eixo de rotação está muito mais perto dele - praticamente no corpo dele - e não na união das
mãos, como anteriormente. É exactamente nesta situação em que
estão, continuamente, a Terra e a Lua -
mais "leve", i. e., com menor massa. É
devido a este binário em rotação, que se formam as marés. As duas
forças criadas puxam, cada uma para seu lado, as
grandes e facilmente deformáveis quantidades de água oceânica.
Duas "corcundas" de água são, então,
formadas sobre o planeta, ambas no alinhamento da Lua: as marés altas. Nos dois pontos onde se verificam
depressões da água, por esta ter sido puxada para as "corcundas", são
as marés vazas. Poderás verificá-lo nas figuras desta página! Vejamos agora como essas forças produzem
as marés e, para isso nós vamos considerar um planeta hipotético
composto de um núcleo sólido e coberto por uma camada líquida, ou seja,
uma Terra sem continentes. Na Figura abaixo representam-se as forças
actuantes sobre o oceano devido a Lua. Para tanto consideremos quatro
pontos particulares sobre esse oceano. Como o ponto (1) é mais próximo
da Lua, este sofrerá maior atracão (F1 é a mais intensa das
forças), mas precisa vencer o peso da própria água. Na região do ponto (4) temos duas coisas
a levar em consideração: primeiro a atracção que a Lua exerce é menor,
pois fica mais distante; segundo é preciso lembrar que não é
simplesmente a Lua que gira em torno da Terra, mas ambos giram em torno
de um centro de massa comum (CM). Portanto, para quem está na Terra
existe uma força centrífuga (devido a inércia) agindo no ponto (4).
Nesse local também forma-se uma preia-mar e o resultado final
de todas essas forças é a formação das marés alta e baixa, como
indicado na figura abaixo, que mostra as marés alta e baixa devido a
dinâmica do movimento entre a Terra e a Lua. Até aqui nós consideramos apenas os
efeitos entre a Terra e a Lua. O Sol também influencia os movimentos
das águas do oceano no planeta, mas com metade da intensidade da Lua.
Quando nós temos Lua Cheia ou Lua Nova, o Sol, a Terra, e a Lua estão ''alinhados'' e portanto o efeito do Astro-Rei
soma-se ao do nosso satélite natural. A Terra e o Sol formam, ao mesmo tempo,
um sistema similar ao da Terra-Lua.
(Poderás imaginá-lo como sendo um daqueles "brutamontes", também em
rotação semelhante, ligado a ti por uma corda muito comprida.) Deste
modo a Lua e o Sol (o seu efeito é só 50% do da Lua) são os dois
elementos fundamentais que regulam as marés. Devido às suas constantes
rotações, as amplitudes atingidas pelas águas
variam consideravelmente. Um exemplo é o das marés mistas, que ocorrem
quando
estes astros tomam posições bem definidas. 2.b. O que são as marés
vivas? Quando o Sol, a Lua e a Terra estão na
mesma linha (Lua Nova ou Lua Cheia), os efeitos reforçam-se, criando as
marés altas mais elevadas, e as marés
vazas mais baixas; designam-se por marés vivas (spring
tide). Quando o Sol e a Lua
formam um ângulo perpendicular em relação à Terra (Quarto Crescente ou
Quarto Minguante), as forças compensam-se parcialmente, gerando
amplitudes mais fracas. Logo, será a maré alta
mais baixa, e a maré vaza mais alta; são as marés mortas (neap tide).
Devido à inerência de outros factores, estas
marés ocorrem somente nalguns pontos do globo.
Nas duas figuras seguintes mostram-se os
efeitos do Sol sobre as marés quando do "alinhamento" Sol - Terra - Lua, e quando a Lua se encontra em
Quadratura com relação ao Astro-Rei. Nesse hipotético
planeta oceânico, as duas ''montanhas de água'' ficam exactamente alinhadas com a Lua. No
caso da nossa Terra os continentes influem na evolução das marés.
Devido a rotação da Terra, a água choca-se com os continentes e isso
faz com que a maré alta chegue atrasada com
relação à Lua ao tomarmos por base o planeta oceânico. Devido a forma
irregular dos continentes, às vezes a maré alta
acumula-se em certas bacias, atingindo nesses pontos amplitudes
bastantes altas. Por exemplo: na Bacia de Fundy
(Canadá) a maré alta alcança até Como sabemos a Terra realiza uma volta
em torno
de si mesma a
cada
24 horas. Mas a Lua também se move e isso faz com que o ciclo de marés
se
complete a cada 24 horas, 50 minutos e 28 segundos em média. Como são
duas
marés, a água sobe e desce a cada 12 horas, 25 minutos e 14 segundos.
Quando
a maré está em seu ápice chama-se maré-alta, maré-cheia ou preia-mar;
quando
está no seu menor nível chama-se maré baixa ou baixa-mar. Em média, as
marés
oscilam em um período de 12 horas e 24 minutos. Doze horas devido à
rotação
da terra e 24 minutos devido à órbita lunar. O fenómeno das marés também é observado
na parte sólida do planeta, mas com menor intensidade. O solo terrestre
pode elevar-se até Existe ainda um fato
curioso: devido ao choque das marés com os continentes a rotação da
Terra diminui lentamente. Mas a quantidade de momento angular perdida
pela diminuição da velocidade de rotação não pode desaparecer
(conservação do momento angular) e portanto deverá ser transferida.
Essa transferência dá-se para o nosso satélite
natural, e por isso a Lua não descreve uma órbita elíptica mas, sim em
espiral
devido o aumento do momento angular da mesma em relação ao nosso
planeta.
Com isso, o afastamento anual produzido por esse retardamento da
rotação
da Terra é cerca de Ainda há outros pontos a tomar em
consideração: a Terra roda sobre si mesma. É deste modo que as marés
avançam pelo mundo fora, havendo, normalmente, duas marés
cheias e duas vazas por dia. Além disso, um dia lunar (tidal day)
dura 24h50min; logo, em cada dia que passa, as marés avançam cerca de
uma hora! O interior da Terra e da Lua é aquecido
por estas marés, pois elas também deformam o corpo terrestre, ainda que
em
quantidades ínfimas. Podes comprovar isto, dobrando constantemente um clip. Um exemplo claro deste efeito é o
binário de Júpiter e Io, sua lua. As
forças exercidas sobre Io são tão grandes,
que o solo está constantemente a ser erguido e rebaixado várias
centenas de metros!! Por essa razão, Io é o corpo celeste vulcanicamente
mais activo do Sistema Solar. (http://csep10.phys.utk.edu/astr161/lect/moon/tidal.html).
Preia-mar: Nível máximo de uma maré-cheia. Baixa-mar: Nível mínimo de uma maré vazante. Estofo: Também conhecido como reponto de
maré, ocorre entre marés, curto período em que não ocorre qualquer
alteração na altura de nível. Amplitude de Marés: Variação do nível
das águas,
entre uma preia-mar e uma baixa-mar imediatamente anterior ou posterior. Quadratura: O sol e a lua formam ângulo
de 90º graus em relação à Terra. Maré de quadratura: Maré de pequena
amplitude, maré que se segue ao dia de quarto crescente ou minguante. Maré de sizígia (oposição ou conjunção da Lua (ou outro
planeta) com o Sol. Do gr. syzygía, «conjunção», pelo lat. syzygîa-, «id.»):
Nas luas nova e cheia, as marés lunares e solares reforçam uma a outra,
produzindo as maiores marés-altas e as menores marés baixas. Para aprofundares os conhecimentos,
aconselho ver a página http://www.cdcc.sc.usp.br/cda/aprendendo-basico/forcas-de-mares/forcas-de-mares.htm. Parte do texto desta secção é uma
adaptação do texto da Wikipédia
e está sob a GNU
Free Documentation License. Os direitos de autor de todas as
contribuições para a Wikipédia pertencem
aos respectivos autores (mais informações em sobre direitos
de autor). ver também: http://en.wikipedia.org/wiki/Tide. Outras partes são
adaptações do conteúdo da páginas http://www.ajc.pt/cienciaj/n08/cnet.php3
e http://www.cdcc.sc.usp.br/cda/aprendendo-basico/forcas-de-mares/forcas-de-mares.htm. (Em
construção;
pode ver a versão publicada a 3 de Janeiro de 2010 em http://www.observatoriodoalgarve.com/cna/opinioes_ver.asp?opiniao=697
e as contribuições para a Wikipédia "O
Mensageiro das Estrelas".)
No dia 7 de Janeiro de 2010 completam-se
400 anos desde que Galileu Galilei
(1564-1642), descobriu três planetas “que
giram com admirável rapidez
em torno de Júpiter”; o quarto foi observado no dia 13 de Janeiro de
1610.
Estes planetas na realidade satélites de Júpiter e são correntemente
referidos
como as luas de Galileu: Io, Europa,
Ganimedes e Calisto,
sendo Io a mais próxima e Calisto a mais afastado de Júpiter. A “inaudita novidade” é relatada na obra
“Sidereus Nuncius”,
um breve
tratado de 24 páginas, escrito em latim, publicado a 12 de Março de
1610.
O “Sidereus Nuncius”
é traduzido, nas interpretações mais líricas, como “O Mensageiro das
Estrelas”, referindo-se ao papel de Galileu. Galileu considerava a obra
um “aviso sidereo” que dava a conhecer
quatro planetas, nunca antes vistos, ao maior número de sábios. “O Mensageiro das Estrelas” é um texto
indelével na história da ciência e, em particular, nos anais da
astronomia, que para além de narrar a descoberta de quatro satélites de
Júpiter, que Galileu considerou ser a sua descoberta mais
surpreendente, relata as observações da Lua e
das estrelas fixas, no que até há pouco tempo, se considerava ser a
primeira
utilização do telescópio em observações astronómicas. Porém, estudos recentes parecem indicar que Thomas Harriot
(1560-1621), astrónomo inglês, usou o telescópio para observações da
Lua cerca de 4 meses antes de Galileu. Para comemorar o quarto
centenário das primeiras observações astronómicas com telescópio, o ano
2009 foi designado Ano Internacional da Astronomia. Na obra, Galileu relata o espanto e o
deslumbramento crescentes que sentiu à medida que fazia descobertas
astronómicas com um óculo, por ele produzido e aperfeiçoado em 1609,
capaz de fazer “as coisas vistas com dele parecerem quase mil vezes
maiores e mais de trinta vezes mais
próximas”. Galileu descreve desta forma apaixonada a descoberta de três
satélites
de Júpiter: “Eis que no sétimo dia de Janeiro do
presente ano de 1610, na primeira hora da noite, enquanto contemplava
com o óculo os astros celestes, apareceu Júpiter. Dispondo, então, de
um instrumento excelente,
percebi (coisa que antes não me havia acontecido em absoluto pela
debilidade
de outro aparelho) que o acompanhavam três estrelinhas, pequeninas,
ainda
que claríssimas, as quais por mais que considerasse que eram do número
das
fixas, me produziram certa admiração, pois pareciam dispostas
exactamente em linha recta paralela à eclíptica
e também mais brilhantes que as outras de magnitude parecida.” [1] A designação de “estrelinhas” resultado
do facto de até à aceitação generalizada do heliocentrismo
no século XVII, todos os astros serem, genericamente, designados como
sendo estrela: as estrelas actuais eram as fixas, os planetas as
estrelas errantes e os cometas as estrelas de cabeleira. De acordo com
o geocentrismo, todo o corpo que se
movesse relativamente à esfera das estrelas fixas era considerado um
planeta – o Sol e a Lua eram considerados planetas. Voltemos descobertas de Galileu. As
observações meticulosas do corpo lunar, permitiram-lhe concluir que a
superfície da Lua apresenta montanhas idênticas às da Terra,
determinando inclusive a sua
altura – eram mais altas que as montanhas terrestres então conhecidas.
Galileu
considerou haver um grande parentesco entre a Terra e a Lua, afirmando
existir
atmosfera e mares na Lua, o que hoje sabemos hoje não ser verdade. A
acuidade
do seu juízo permitiu-lhe perceber também que a luminosidade da face da
Lua não iluminada directamente pelo Sol, conhecida como luz cinzenta,
se
deve à luz solar reflectida pela superfície terrestre. Na época
considerava-se que a fonte dessa luminosidade era Vénus. A descoberta
de irregularidades topológicas na superfície da Lua pôs em causa a
doutrina cosmológica dominante e o
geocentrismo, que consideravam a Terra o centro do Mundo e defendiam
que a Lua e todos os astros para além dela eram esferas perfeitas. O relato de Galileu prossegue,
descrevendo as suas observações das estrelas. Verifica que existe “uma
numerosa grei de estrelas fixas que escapam à visão natural”. Fica
surpreendido com a “incrível abundância”. Ao mesmo tempo constata que
os planetas apresentam globos precisamente delimitados como se fossem
pequenas luas inundadas de luz, enquanto as estrelas nunca se vêem
limitadas por contornos circulares, tal com acontece quando vistas a
olho nu. Desvenda a natureza e o carácter da Via Láctea, verificando
que esta é um aglomerado de inúmeras estrelas reunidas em nuvens,
referindo que algumas lhe pareciam bastante grandes. Conclui que a
brancura da Via Láctea se deve a esses muitos aglomerados de estrelas. O espanto de Galileu aumenta quando
verifica que as nebulosas são agregados de estrelas dispersas, cujas
distâncias não permitem a sua individualização à vista desarmada. Tendo
estudado algumas delas, Galileu refere ter contado 21 estrelas na
nebulosa de Orionte, que actualmente se
reconhece ser uma região do espaço onde se estão a formar novas
estrelas, e mais de 40 (36 identificadas no seu ensaio) na nebulosa da
Manjedoura (designação à época), na constelação do Caranguejo, e
actualmente conhecida como o exame aberto do Presépio,
M44. A narração continua com a exposição da
parte mais admirável do trabalho, nas próprias palavras de Galileu, a
descoberta e a descrição minuciosa das posições e movimentos de quatro
planetas nunca antes observados. O que impressiona no relato de Galileu
dedicado às circunstâncias da descoberta dos quatro satélites de
Júpiter é a forma pormenorizada como descreve as observações e a
qualidade dos registos das posições, dos deslocamentos, e das mudanças
relativas dos satélites em relação a Júpiter e às estrelas fixas. Noite
após noite, durante quase dois meses, de 7 de Janeiro até ao dia 2 de
Março de 1610, sempre que a limpidez do céu o permite, Galileu observa
a região celeste em torno de Júpiter. Regista as posições e os
movimentos dos novos planetas, verificando que tanto em longitude
quanto em latitude concordam exactamente com o previsto nas tabelas
astronómicas. Os registos minuciosos das posições e dos movimentos das
quatro estrelas errantes permitem-lhe concluir que estas orbitam
Júpiter, “a mais nobre de todas”, e que em conjunto realizam uma
revolução “em torno de centro do Mundo, isto é, o Sol”, em cada em cada
12 anos. Para Galileu as revoluções dos novos
planetas em torno de Júpiter são um argumento notável para eliminar as
dúvidas daqueles que, aceitando genericamente o sistema heliocêntrico,
mantêm algumas reservas por não compreenderem o carácter singular do
movimento da Lua em torno da Terra, enquanto ambas descrevem o
movimento em torno do Sol. Na opinião de Galileu, expressa no “O
Mensageiro das Estrelas”, a existência de quatro planetas orbitando
Júpiter, que por sua vez descrevem em conjunto revoluções em redor do
Sol, retira o carácter particular do movimento da Lua em torno da
Terra, abrindo caminho para a aceitação plena do heliocentrismo.
Trata-se da primeira manifestação pública de Galileu em favor do heliocentrismo, proposto inicialmente por
Aristarco de Samos (320 – Aristarco estava entre os que
acreditavam que
as estrelas fixas estavam em repouso e que era a Terra que girava em
redor
do seu próprio eixo. Determinou que o ano terrestre tinha 365,25 dias.
Estes
factos explicavam o movimento aparente das estrelas fixas, que nunca se
distanciavam
umas em relação às outras. Estimou, usando cálculos trigonométricos,
que
o Sol era, pelo menos, 7 vezes maior que a Terra. Como para ele não
fazia sentido que um corpo grande girasse em torno de um mais pequeno,
concluiu que todos planetas, inclusive o sistema Terra - Lua, giram em torno do Sol. Após um longo período de esquecimento, o
heliocentrismo foi retomado no século
XVI por Nicolau Copérnico (1473-1543), o último dos aristotélicos entre
os grandes nomes da ciência, e o primeiro grande reformador da
astronomia, após Cláudio Ptolomeu (90-168). Na obra "De Revolutionibus Orbium
Coelestium", Copérnico retoma a
tradição da astronomia matemática dos gregos para solucionar o problema
do movimento irregular dos planetas. Mais tarde, Johannes
Kepler (1571-1630)
descobre as leis fundamentais da Mecânica Celeste, verificando que os
planetas
descrevem elipses em torno do Sol, ocupando este um dos focos das
elipses. Usando o seu óculo,
Galileu viu o que nenhum homem observara antes dele. Através da
acuidade do seu olhar e pensamento, chegou a um conjunto surpreendente
de conclusões. As descobertas relatadas no “Sidereus
Nuncius” provocaram, em simultâneo,
enorme euforia e muita controvérsia, pois abalaram a visão do Mundo,
apresentando um novo Universo ao homem. Galileu rompe com a concepção
aristotélica do Universo, dando um impulso significativo ao “motus” que retirará a Terra do centro do Mundo.
A astronomia ganha argumentos físicos correctos, iniciando-se o
processo de unificação entre a física celeste e a física terrestre.
Fica na história como um divisor de águas no pensamento científico,
lançando as bases de uma nova atitude científica que encontrou em Isaac
Newton (1643-1727) um seguidor fervoroso. Bibliografia [2] "As
descobertas que mudaram o mundo”, versão swf. 4. Luas de Galileu e
Júpiter, 7 de Janeiro de 1610 e 2010 A
7 de
Janeiro de 1610 Galileu descobria três satélites de Júpiter (o quarto
foi observado no dia 13 de Janeiro). As luas de Galileu são Io, Europa, Ganimedes
e Calisto, sendo Io
a mais próxima e Calisto a mais afastado
de
Júpiter. A “inaudita novidade” é relatada na obra “Sidereus
Nuncius”, um breve tratado de 24
páginas, escrito em latim, publicado a 12 de Março de 1610 (ver texto A Mensagem das Estrelas).
2010 Hoje 7 de Janeiro de 2010 às 19:00,
quatrocentos anos após a descoberta de Galileu, assim se apresenta o
céu na vizinhança de Júpiter: Início da projecção da sombra de Io em Júpiter, 17:30
Trânsito de Io
e sombra de Io em Júpiter às 18:35:
As luas de Júpiter às 19:47
[2] "As
descobertas que mudaram o mundo”, versão swf. 5.a. Já somos 7 mil milhões e não paramos de
crescer.
Nos
últimos 350 anos, o crescimento populacional foi exponencial, atingindo
o pico
de 2,19% ao ano em 1963. Desde então o ritmo de crescimento tem vindo a
abrandar. Actualmente, a taxa de crescimento da população mundial
cifra-se em
1,1% ao ano. Taxas de crescimento anuais de 1% podem parecer muito
baixas, mas
a manter-se o ritmo de crescimento actual seremos 14 mil milhões por
volta do
ano 2080.
Para
além do problema da ocupação de espaço, mais população implica maiores
necessidades de energia, e mais alimento, em particular, mais água
doce. O
crescimento exponencial verificado nos últimos 350 anos está
intimamente ligado
à melhoria das condições sanitárias, resultantes das descobertas
científicas, e
à exploração maciça, primeiro, do carvão e, mais recentemente, do
petróleo,
fontes de energia barata que julgávamos ilimitadas. De facto, até ao
início dos
anos setenta do século passado profetizar o fim da energia barata
parecia um
prognóstico sem sentido. A
crescente demanda energética é alimentada pela disseminação do
progresso
tecnológico e pelo crescimento populacional. Boa parte da indústria e
das nossas
actividades diárias assentam em maquinaria e ferramentas cada vez mais
sofisticadas, para as quais é necessário garantir o fornecimento
ininterrupto
de energia. Embora estas sejam cada vez mais eficientes, o seu número é
cada
vez maior, impulsionado pela melhoria dos padrões de vida em muitas
regiões do
globo.
Estima-se
que 60% do consumo de energia de um país desenvolvido visa satisfazer
as
necessidades aquecimento dos lares e de transporte dos cidadãos. A
acelerada
melhoria dos padrões de vida em muitas regiões do globo associada ao
crescimento populacional colocam a questão energética no centro das
preocupações mundiais. Prevê-se que nas próximas duas décadas a procura
de
energia aumente em 40%.
Tendo
em conta a finitude da terra arável, cerca de 35% da superfície da
Terra que
temos à nossa disposição, a agricultura e a industria alimentar terão
de
aumentar a produtividade e uma gestão mais eficiente das reservas de
água doce
terão de ser encontradas. Prevendo a necessidades futuras, países ricos
e a
indústria agro-alimentar têm comprado extensas porções de terra arável
nos
países pobres de forma a assegurarem a alimentação das populações de
maior
poder de compra. Como consequência, os estados mais pobres perdem
gradualmente
a capacidade de alimentar a sua própria população, levando a que alguns
desses
países precisarem de ajuda internacional para suprimirem as carências
alimentares dos seus povos.
Pode
dizer-se que a maior ameaça que a humanidade enfrenta actualmente
corresponde à
necessidade instalada de garantirmos um crescimento global permanente.
Os
últimos desenvolvimentos levam a crer que, sejam quais forem as
revoluções energéticas
e alimentares que estejam na calha, é necessário por em marcha um
modelo económico
de desenvolvimento que relativize o crescimento, modere o consumo,
promova uma
real redistribuição da riqueza e respeite a biosfera. Caso contrário,
não
chegaremos em paz aos 8 mil milhões, por volta do ano 2027.
Bibliografia
5.b. Até quando caberemos todos? “A Terra é o berço da humanidade … mas não se pode viver eternamente no berço”, Konstantin Tsiolkovski. Nos primórdios da Era Cristã, o número de seres humanos rondaria os 200 milhões. Por volta de 1650 já seriam 500 milhões. Cerca de cento e cinquenta anos mais tarde o número de seres humanos terá atingido o primeiro milhar de milhão (um giga). Em Nos
últimos 350 anos, o crescimento populacional foi exponencial, atingindo
o pico
de 2,19% ao ano em 1963. Desde então o ritmo de crescimento tem vindo a
abrandar. Actualmente, a taxa de crescimento da população mundial
cifra-se em
1,1% ao ano. Taxas de crescimento anuais de 1% podem parecer muito
baixas, mas
a manter-se o ritmo de crescimento actual seremos 14 mil milhões por
volta do
ano 2080. Até
ao presente, o aumento da população não impediu a progressiva melhoria
das
condições de vida dos seres humanos, o que por sua vez reforçou o
crescimento
populacional. Terá a Terra recursos suficientes para satisfazer as
necessidades
de mais 14 mil milhões de seres humanos, ou mesmo 9 mil milhões? O
crescimento
populacional coloca vários problemas à sustentabilidade da biosfera: os
aumentos crescentes do consumo de energia e de água doce, e a ocupação
territorial. Para
se ter uma ideia do impacto de um crescimento populacional da ordem de
1% no
período de tempo correspondente a duas ou três gerações, consideremos a
superfície emersa do planeta, cerca de 30% da superfície total da
Terra, que
corresponde a aproximadamente 150 milhões de quilómetros quadrados. Se
este valor for dividido irmãmente, a cada ser humano teria direito a
cerca de
21 mil metros quadrados (pouco mais de 2 campos de futebol, isto é,
dois
hectares), ou seja, actualmente a densidade populacional do planeta é
da ordem
de 47 habitantes por quilómetro quadrado; em Portugal é de 115
habitantes por
quilómetro quadrado. A
manter-se a taxa de crescimento de 1,1%, daqui a 70 anos cada habitante
da
Terra “terá" direito a uma área correspondente a um campo de futebol, e
por
volta do ano 2150, 70 anos mais tarde, a meio campo de futebol. Em
2220, cada ser
humano “disporá” de apenas 2700 metros quadrados, isto é, a área
correspondente
a um quadrado com cerca de
Bibliografia http://en.wikipedia.org/wiki/World_population 6. Prémio Nobel da Física 2006: John C. Mather
and George F. Smoot,
pela suas descobertas da forma do espectro de
corpo negro e da detecção da anisotropia da radiação cósmica de fundo
em microondas ("for their discovery of the blackbody form and anisotropy of the cosmic microwave background radiation").
Corpo negro: radiador integral,
substância que absorve completamente qualquer radiação que nele incida
(o negro-de-fumo aproxima-se bastante do
corpo negro ideal). Uma cavidade fechada, a uma dada temperatura
(“corpo negro”), com uma pequena abertura, emite um espectro de
radiação contínuo.
Ver também: Apanhado sobre a Introdução à Relatividade e Acetatos sobre a Relatividade. Nobel
Prize Announcement: The Nobel Prize in Physics goes to John C. Mather and George F. Smoot "for their discovery of the blackbody
form and anisotropy of the cosmic microwave background radiation". Parte dos textos desta secção são adaptações de artigos da Wikipédia no espírito da GNU Free Documentation License. Os direitos de autor de todas as contribuições para a Wikipédia pertencem aos respectivos autores (mais informações em sobre direitos de autor). ver também: http://en.wikipedia.org/wiki/Tide |