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VASPR
- Vacina tríplice
contra o sarampo, parotidite (papeira)
e rubéola
VAS - Vacina anti sarampo
VAR - Vacina anti rubéola |
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Generalidades
Recomendações específicas
Reacções pós-vacinais
Contra
indicações
Eficácia
das vacinas - o caso da parotidite
É
crucial a VASPR ter cobertura vacinal elevada - o exemplo da rubéola
congénita
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Generalidades
As três componentes da VASPR
- anti-sarampo, anti-parotidite e anti-rubéola - são
vacinas fabricadas a partir de estirpes virais vivas
atenuadas.
A vacinação contra o
sarampo iniciou-se em Portugal com a VAS, em 1973, com uma campanha
dirigida a crianças até aos 5 anos de idade. Em 1974
a vacina foi incluída no PNV,
administrando-se uma só dose aos 12-15 meses. Em 1987 foi
introduzido no PNV a vacinação contra a parotidite
(papeira) e a rubéola, sendo estas duas vacinas administradas
em combinação com a vacina do sarampo numa vacina
trivalente, a VASPR. A VASPR era administrada numa dose única,
aos 15 meses, e a vacina VAS passou a ser usada só em condições
especiais em que é necessária imunização
isolada contra o sarampo, como por exemplo em crianças com
menos de 12 meses em caso de epidemia. Nestes casos mantém-se
a recomendação habitual de administração
da VASPR aos 15 meses.
O PNV de 1990 introduziu uma 2ª
dose de VASPR, a ser administrada aos 11-13 anos (para uma discussão
teórica, ver ref
21). Em 1999 a CTV reviu o PNV
e diminuiu a idade da 2ª dose para 5-6 anos, com o objectivo
de conseguir maior cobertura vacinal.
Presentemente, recomenda-se a 1ª
dose da VASPR aos 15 meses e, para os nascidos depois de 1993, a
2ª dose aos 5-6 anos, antes da escolaridade obrigatória.
Para os nascidos até 1993 (inclusivé) a 2ª dose
é dada aos 10-13 anos de idade.
Em ambos os sexos recomenda-se sempre
uma 2ª dose da VASPR, independentemente da idade em que foi
feita a 1ª dose da VAS ou da VASPR. Entre as duas doses recomenda-se
um intervalo de pelo menos 2 meses.
Espreite aqui
o impacto que os antibióticos e a vacinação
tiveram sobre o número de mortes por ano devido a complicações
do sarampo em Portugal.
Recomendações
específicas (recomendações DGS)
Depois dos 18 anos, as mulheres em
idade fértil, sem nenhuma dose anterior de vacina contra
a rubéola (VAR ou VASPR) e cujo estado imunitário
se desconheça, devem fazer uma dose de VASPR. A determinação
de anticorpos contra a rubéola não é necessária
para tomar a decisão de vacinar.
As puérperas não imunizadas, ou cujo estado imunitário
se desconheça, deverão ser vacinadas ainda na maternidade
ou na consulta de revisão do puerpério, não
se perdendo assim oportunidades de vacinação.
As mulheres em idade fértil
devem ser informadas do risco teórico que correm, se estiverem
grávidas no momento da vacinação e se engravidarem
nos três meses subsequentes, devido, principalmente, à
componente contra a rubéola.
O aparecimento de surtos de sarampo
pode justificar a administração de uma vacina contra
o sarampo - VAS (VASPR se a vacina monovalente não estiver
disponível) - dos 6 aos 11 meses de idade, devendo manter-se
a administração da VASPR I aos 15 meses de idade.
A VASPR I poderá ser antecipada para os 12 meses em caso
de surto.
A vacina contra o sarampo pode conferir
protecção se administrada até 72 horas após
exposição ao vírus do sarampo, pelo que se
recomenda a vacinação com VAS ou VASPR a todos os
indivíduos susceptíveis (i.e. sem registo de pelo
menos uma dose de VAS ou VASPR e sem história credível
de sarampo anterior) com mais de 6 meses e que tenham tido contacto
com casos de sarampo.
As crianças com VIH positivo,
assintomáticas ou sintomáticas, sem imunodepressão
grave, devem fazer a VASPR aos 12 meses de idade (nestas crianças
a VASPR requer prescrição médica), seguida
de uma segunda dose que deverá ser administrada o mais precocemente
possível (intervalo mínimo de 4 semanas em relação
à primeira dose).
Se o risco de exposição ao sarampo for elevado, a
vacinação deve ser efectuada numa idade mais precoce,
entre os 6 e os 9 meses de idade, caso em que se fará uma
nova dose de VASPR aos 12 meses e um reforço 4 semanas depois.
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Reacções
pós-vacinais
Vacina contra o sarampo
(VAS ou incluída na VASPR)
Em cerca de 5 a 15 % dos casos, pode
surgir febre superior a 39,4ºC, com início entre o 5º
e o 12º dia após administração da vacina.
A febre dura geralmente de 1 a 2 dias (até 5 dias). Em 5%
dos vacinados, pode surgir exantema transitório, associado
ou não a febre.
Vacina contra a rubéola
(VAR ou incluída na VASPR)
As reacções normalmente
associadas à vacina contra a rubéola são ligeiras
e ocorrem raramente: exantema, febre e adenomegália, 5 a
12 dias após a vacinação. Ocasionalmente, podem
surgir artralgias transitórias nas pequenas articulações,
entre 7 e 21 dias após a vacinação, especialmente
em mulheres a partir da puberdade.
Vacina contra a parotidite
(incluída na VASPR)
As reacções locais mais
comuns, de curta duração, são ardor, ulceração
e/ou irritação cutânea. Muito raramente podem
surgir reacções alérgicas ligeiras (pápula
ou púrpura localizada). As reacções gerais,
atribuídas à componente contra a parotidite, são
raras, registando-se ocasionalmente febre moderada, linfadenopatia,
tosse e rinite.
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Contra
indicações
Uma história de reacção
anafiláctica ao ovo não implica uma reacção
anafiláctica às vacinas produzidas em culturas celulares
de embrião de galinha, como é o caso de algumas vacinas
VAS e VASPR.
No entanto, e apesar de uma reacção anafiláctica
ser improvável após a administração
daquelas vacinas, recomenda-se que a mesma decorra em meio hospitalar.
De um modo geral, a hipersensibilidade
grave a certos antibióticos contra-indica o uso de vacinas
que os incluam na sua composição.
A VAS, a VAR e a VASPR podem conter neomicina, estando, neste caso,
contra-indicadas nas situações de hipersensibilidade
grave ao antibiótico.
A hipersensibilidade grave à
gelatina contra-indica algumas vacinas VAS, VAR e VASPR, que contêm
este componente.
Chama-se a atenção para
a leitura do folheto informativo das vacinas e do Resumo das Características
do Medicamento (RCM) a fim de se verificar a sua composição.
Nos casos de hipersensibilidade
grave a uma substância que faça parte da composição
de uma vacina disponível nos serviços, poderá
considerar-se a utilização pontual de uma vacina de
outra marca que esteja isenta dessa substância.
Gravidez
Embora sem evidência de teratogenicidade,
as vacinas vivas não devem ser administradas a grávidas,
principalmente a VAS, a VAR e a VASPR.
Alterações imunitárias
De um modo geral, as vacinas vivas
(BCG, VAP, VASPR) não devem ser administradas a indivíduos
com:
- síndromes de imunodeficiência congénita, tais
como hipogamo-globulinémias ou imunodeficiência combinada
grave;
- estados de imunodepressão devidos a algumas doenças
malignas, tais como linfomas, outros tumores do sistema reticulo-endotelial
e leucemias;
- estados de imunossupressão associados a certas terapêuticas.
Deve respeitar-se um período mínimo de 3 meses após
a suspensão da terapêutica para administrar uma vacina
viva. A vacinação requer prescrição
médica.
- estados de imunodepressão devidos a terapêutica sistémica
com corticosteróides em doses elevadas (> = 2 mg/Kg/dia
de prednisolona ou 20 md/dia para crianças com peso >10Kg):
* durante menos de 14 dias (diariamente ou em
dias alternados). As vacinas vivas podem ser administradas logo
depois de parar o tratamento, mas de preferência após
2 semanas.
* durante 14 dias ou mais (diariamente ou em dias
alternados). As vacinas vivas só podem ser administradas
1 mês depois de parar o tratamento.
- transplantes de órgãos.
Depois do transplante, não devem ser administradas vacinas
vivas. Crianças com mais de 12 meses, devem fazer a VASPR,
pelo menos, um mês antes do transplante.
Nos transplantes alogénico e
autólogo de medula, uma vez que a imunidade induzida pela
vacinação se perde após o transplante, torna-se
necessário revacinar. A administração de VASPR
é recomendada 2 anos depois do transplante, excepto se os
indivíduos transplantados estiverem a fazer terapêutica
imunossupressora, se tiverem tido uma recidiva ou se houver doença
hospedeiro versus dador activa.
Os indivíduos com VIH positivo,
assintomáticos ou sintomáticos, sem imunodepressão
grave, devem cumprir o esquema vacinal do PNV, mas a VASPR deve
ser antecipada para os 12 meses de idade (ou excepcionalmente para
os 6 a 9 meses de idade).
Os indivíduos com VIH positivo,
sintomáticos e com imunodepressão grave não
podem receber nenhuma das vacinas vivas do PNV.
Após a administração
de vacinas contra o sarampo, a parotidite e a rubéola (VAS
/ VAR / VASPR), deve respeitar-se um período mínimo
de 2 semanas para administração de produtos contendo
imunoglobulinas.
Após administração de produtos contendo imunoglobulinas,
e em relação às vacinas contra o sarampo, a
parotidite e a rubéola, deve respeitar-se um período
mínimo de 3 meses.
A vacinação de indivíduos a quem foram administradas
imunoglobulinas ou fizeram transfusões requer prescrição
médica.
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Eficácia
das vacinas - o caso da parotidite
A eficácia das componentes anti-sarampo
e anti-rubéola da VASPR é bastante elevada - estimando-se
que ronde os 95%. A componente anti-parotidite (-papeira), contudo,
suscitou algumas dúvidas em meados dos anos 1990. Uma eventual
diminuição da sua eficácia foi associada à
epidemia de papeira registada em 1996-1997 em Portugal. É
oportuno uma explicação sobre este assunto. Em 1987,
as vacinas VASPR existentes no mercado incluiam três estirpes
do vírus da parotidite: Urabe Am9(Japonesa), Rubini (Suiça)
e Jeryl Lynn (EUA). Em Portugal, entre 1987 e 1992, foram usadas
vacinas VASPR com as três estirpes. Contudo, na sequência
de casos de encefalite pós-vacinal ocorridos no Reino Unido,
Canadá e Japão, aparentemente relacionados com a estirpe
Urabe Am9, o Ministério da Saúde decidiu suspender
a aquisição e administração da VASPR
com estirpe Urabe Am9 (a vacina Pluserix) em Outubro de 1992. À
semelhança de muitos outros países europeus, a partir
de 1993 a estirpe em uso no PNV nacional passou a ser quase exclusivamente
a VASPR com a Rubini (vacina Triviraten). Esta estirpe, contudo,
foi associada por vários autores portugueses à subida
do número de casos de papeira observados 2 ou 3 anos após
a adopção da estirpe Rubini, sugerindo uma diminuição
significativa da eficácia desta componente da VASPR. Ocorreram
surtos semelhantes em outros países europeus e estudos subsequentes
de eficácia vacinal, no estrangeiro e em Portugal, sugeriram
que, de facto, esta é bastante menor na Rubini do que nas
outras estirpes vacinais. Presentemente, a VASPR utilizada no PNV
nacional utiliza exclusivamente a estirpe Jeryl Lynn.
É
crucial a VASPR ter coberturas vacinais altas - o exemplo da rubéola
congénita.
As doenças contra as quais a
VASPR protege são em geral benignas, quando contraídas
muito cedo na vida. Porém, a probabilidade destas doenças
originarem complicações sérias tende a
aumentar com a idade em que são contraídas. São
exemplos as encefalites provocadas pelo sarampo, a orquite no seguimento
da papeira, ou o risco de sindroma da rubéola congénita
(SRC) nas jovens em idade em que podem engravidar. Se uma jovem
grávida contrair rubéola, o vírus pode infectar
o feto e originar uma grave doença neurológica no
recém nascido conhecida por SRC.
Ao se apostar numa estratégia
de vacinação que tem por objectivo interromper a circulação
destes vírus através de taxas de cobertura vacinal
elevadas, diminui-se grandemente a probabilidade de uma pessoa "encontrar"
os agentes infecciosos desde o momento em que nasce. Assim, a incidência
destas doenças baixa enormemente, mas os poucos casos registados
ocorrem em idades mais velhas do que ocorriam na época anterior
à vacinação. Demonstra-se matemáticamente
que, se a cobertura vacinal não fôr suficientemente
elevada (diga-se >85%), apesar de diminuir o número
absoluto de casos de doença, a proporção
destes casos que ocorre em idades perigosas aumenta muito e, no
balanço final, pode haver maior número de casos com
complicações sérias do que havia antes da vacinação.
Este efeito populacional indesejável
da vacinação em massa, é razão pela
qual certos países industrializados onde a experiência
mostra ser muito difícil conseguir coberturas vacinais elevadas,
optaram por não administrar a VASPR de forma generalizada.
No Reino Unido, por exemplo, durante muito tempo a vacina contra
a rubéola não era dada às crianças,
sendo recomendada apenas para jovens do sexo feminino em idades
pré-adolescentes. O objectivo da vacinação,
neste caso, não era impedir a circulação do
vírus, mas sim evitar o aparecimento de casos de rubéola
congénita.
A vacinação em massa
com a VASPR, portanto, requer coberturas vacinais muito elevadas
(a segurança total está acima dos 90%) e o raciocínio
exposto é generalizável a doenças em que o
risco de complicações aumente com a idade em que são
contraídas. A introdução de vacinas contra
estas doenças requer sempre ponderação sobre
o perigo de as coberturas vacinais não serem suficientemente
elevadas.
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