3. Ensino no Liceu de Aristóteles Todas as manhãs, Aristóteles passeava com os seus
alunos ao longo do peripatos, e com eles discutia as questões filosóficas mais
profundas. À tarde, expunha assuntos de menor dificuldade para uma audiência mais vasta.
Os cursos da manhã, ditos esotéricos ou acroamáticos, destinavam-se a um grupo menor e
mais restrito de discípulos, mais adiantados, e incidiam sobre temas mais abstractos -
lógica, física e metafísica - que requeriam um estudo mais intensivo. À tarde,
decorriam os cursos exotéricos ou populares, destinados ao público em geral
sendo eram
expostos temas de maior acessibilidade, como a retórica, a política ou a literatura.
O Liceu compreendia uma biblioteca, laboratórios, salas de conferências e talvez algumas residências. A sua vasta biblioteca era a mais completa biblioteca particular, depois da de Eurípedes ( Bonnard, 1972). O grande número de obras que a compunham terá levado à criação de princípios de classificação bibliotecária o que, por si só, constitui um valioso contributo para a cultura.
A
intenção de Aristóteles era agrupar os sábios e os alunos em volta de uma biblioteca e
de importantes colecções cientificas, com o intuito de assim contribuir para o progresso
da ciência. A sua biblioteca serviu de modelo para a mais rica e a
mais célebre biblioteca da Antiguidade, a Biblioteca de
Alexandria.
O Liceu atingiu uma posição invejável entre as instituições atenienses. A sua fama atraia um grande número de alunos que chegou a rondar os dois mil. Com a chegada de muitos alunos ao Liceu, foi necessário estabelecer normas, algo complexas, para a manutenção da ordem. Parece que os próprios estudantes fixavam as regras e elegiam, de dez em dez dias, um colega para dirigir a escola. Uma vez por mês, realizava-se um simpósio com regras estruturadas pelo próprio Aristóteles.
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Olga Pombo: opombo@fc.ul.pt
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