Arquimedes, contador de areia

 

 




E acrescentou: eu multiplicarei extraordinariamente a tua descendência, e a farei tão numerosa, que se não poderá contar.

Génesis 16: 10

 

 

Apresentamos neste trabalho a tradução de uma célebre carta de Arquimedes ao rei Gelão. 
Nesta carta, Arquimedes demonstra que consegue escrever o número de grãos de areia necessários para encher a esfera que tem por centro o sol e cujo raio é a distância entre o centro do sol e o centro da terra, ou seja, o número de grãos de areia que o 'universo', pode conter. Para poder demonstrar a sua tese, Arquimedes teve de se basear em estimativas de distâncias entre a terra e a lua, e entre a terra e o sol. Para tal, socorreu-se dos trabalhos astronómicos de Aristarco de Samos (310-230 a.C.). daí que, para além do seu interesse teórico, esta carta tenha um imenso interesse histórico: ela constitui uma das fontes para o conhecimento das teses defendidas por Aristarco no seu célebre " Tratado do Mundo", obra dramaticamente perdida no incêndio da biblioteca de Alexandria. Referimo-nos à tese de que a terra girava em torno do sol (hipótese heliocêntrica), tese que, só 17 séculos mais tarde, será redescoberta por Copérnico (1473-1543) e Galileu (1564-1642). 

Nesta carta teremos também oportunidade de ver como é que Arquimedes consegue exprimir as dimensões do universo por intermédio da criação de um sistema numérico próprio.

 

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Olga Pombo opombo@fc.ul.pt