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Os Temas da Obra de
Escher |
A obra de Escher é constituída por uma série
de estampas que têm por tema paisagens do sul de Itália e do
Mediterrâneo (quase todas produzidos antes de 1937) e por, cerca
de setenta gravuras com uma forte influência matemática ao longo das
quais Escher vai apresentando os resultados da sua investigação ou
viagem.
“Tem-se a impressão de que, da primeira à
última gravura, Escher se encontra numa viagem de descoberta e que
cada uma das suas gravuras é um relatório sobre o que descobriu.” (Ernst,
1978, p.20).
Esta viagem cobre três grandes temas matemáticos.
A estrutura do espaço
Um dos temas recorrentes da obra de Escher é
a sobreposição de vários espaços sobre uma mesma imagem.
Paradoxalmente somos convidados a ver dois mundos diferentes num
único lugar e ao mesmo tempo. Será isto possível? Possível ou não, o
que é certo é que Escher consegue juntar numa mesma imagem dois planos, e por vezes três,
de forma tão
natural que o observador é levado a acreditar que essa imagem é
possível, que é possível abarcar dois ou três mundos ao mesmo tempo.
“Só um artista como Escher nos pode dar
esta ilusão e através dela proporcionar-nos uma sensação tão
peculiar, uma experiência de um sentido tão absolutamente novo” (Ernst,
1978, p.73).
Pertencem a este tema três categorias de trabalhos – composição paisagística, interpenetração de mundos diferentes e sólidos matemáticos.
Composição paisagística |
Interpenetração de mundos diferentes |
Sólidos matemáticos, abstractos |
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A Ponte (1935) |
Mão com esfera reflectora (1935) |
Estrelas(1948) |
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A estrutura da superfície
Depois de, numa rápida visita em 1926, ter
estado no
Alhambra, Escher fez enormes esforços para representar, como
ele mesmo dizia, “um tema rítmico em superfícies planas”. Em 1936, faz
uma nova visita a Alhambra e mais uma vez fica com a impressão de que, na
divisão de uma superfície, estão contidas muitas possibilidades.
Durante alguns dias Escher e a esposa copiaram os ornamentos de muitos
mosaicos e, após o regresso, Escher investigou-os profundamente. Leu
estudos sobre ornamentação e procurou respostas em ensaios matemáticos
que não compreendeu. As suas únicas tarefas eram as suas próprias ilustrações
que copiava e analisava incansavelmente.
Finalmente, elaborou um sistema completo para
a divisão regular de uma superfície plana, sistema que mais tarde viria a
despertar grande admiração entre cristalógrafos e matemáticos. Esse
sistema passou a constituir um instrumento que Escher usou nas
gravuras da série
Metamorfoses
nas quais figuras rigorosamente geométricas se vão lentamente
transformando em formas reconhecíveis – animais, pessoas, casas,
plantas, etc.
O mesmo sistema de divisão regular da superfície é usado
nas chamadas gravuras cíclicas que diluem uma na outra as fases inicial e final
e nas composições em que Escher tematiza a aproximação ao
infinito.
Assim, a estrutura da superfície cria a base para três tipos de
gravuras – Metamorfoses, Ciclos e Aproximação ao infinito.
Metamorfoses |
Ciclos |
Aproximação ao Infinito |
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Evolução II (1939) |
Encontro (1944) |
Limite
Circular IV (1960) |
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Representação pictórica da relação entre o espaço e a superfície plana
Estamos habituados a ver motivos
tridimensionais representados bidimensionalmente sem que isso nos
cause qualquer problema. No entanto, ficamos perplexos perante uma mesma imagem
em que a realidade bi e tridimensional se misturam.
Escher, desde cedo, deu expressão a esse espanto
criando com grande mestria gravuras que fazem com que um
determinado ser assuma, simultaneamente, a forma bidimensional e
tridimensional.
Nesta categoria, incluem-se mais uma vez três grupos de gravuras – A essência da representação (conflito espaço-superfície), Perspectiva, Figuras Impossíveis.
A essência da representação |
Perspectiva |
Figuras Impossíveis |
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Dragão (1952) |
Profundidade (1955) |
Belveder (1958) |
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