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Historicamente, a escolástica pode dividir-se em três
períodos: Escolástica primitiva (sécs. IX ao XII); Escolástica
média (sécs. XII e XIII) e Escolástica tardia (sécs. XIV e XV).
Escolástica primitiva
- inícia-se com o
renascimento carolíngio e com o ressurgimento da escola que então se
verifica. Aí se desenvolve um método de ensino que posteriormente será
elaborado nos seus mínimos detalhes, constituído
pelas quaestiones (problemas sujeitos a exame) e disputationes
(exposição de argumentos a favor ou contra). As grandes disputas
centram-se então em torno de dois problemas fundamentais: o problema da relação entre a fé e a razão
(entre entre dialécticos,
partidários da razão, e anti-dialécticos, defensores da fé) e a
polémica dos universais.
Escolástica média
- surgem diversos tipos de escolas (inclusivé as primeira universidades) e inicia-se um intenso trabalho de tradução (principalmente na
Península Ibérica) que vai possibilitar o conhecimento dos clássicos gregos e
latinos, concretamente, a filosofia natural e a
metafísica de Aristóteles, juntamente com as obras dos seus comentaristas
gregos e árabes. No século XIII, com a introdução, em Paris, da filosofia árabe, representada pelo contributo
dado por Averróis enquanto comentador de Aristoteles, inicia-se uma tendência denominada averroísmo latino, que
preconiza,
entre outras, a defesa da tese da dupla verdade (fé e a razão são
verdades independentes e igualmente legítimas). Com a reestruturação das ordens religiosas e a criação das ordens
franciscana e dominicana, a escolástica alcançou o seu ponto culminante,
representado fundamentalmente pela obra de S. Tomás de Aquino, membro da
escola dominicana, que adaptou, seguindo de perto Averróis, a filosofia de
Aristóteles ao pensamento cristão. Pelo contrário, a escola franciscana,
de que S Boaventura é um representante maior, é inspirada no neoplatonismo
e na
filosofia de Santo Agostinho.
Escolástica tardia - o séc.
XIV caracteriza-se pela
separação definitiva entre a filosofia e a teologia. A teologia mantém-se em vigor na escola franciscana, representada
por Duns Escoto e G. de Occam, e a filosofia instala-se no
empírico, no particular e no sensível. A escolástica conhece antão um notável florescimento em Espanha e
Portugal, dinamizado pelas ordens dominicana e dos Jesuítas, orientadas
para a nova interpretação que se fez da teoria de S. Tomás em Itália. O dominicano F. de
Vitoria fundou uma escola de Salamanca em que se formaram notáveis teólogos
tomistas, os quais, juntamente com os jesuítas de Coimbra e F. Suárez, em
polémica com o escotismo e o nominalismo, defenderam uma síntese de
escolástica tradicional com as novas tendências de pensamento da época. |

Duns Escoto, por Justus Van
Ghent, Roma, Palacio Barberini |