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A
vida e as obras
Pródico
nasceu em Iulis, na ilha de Céos, ignorando-se a data do seu
nascimento, embora se aponte para o período entre 470 e 460
a.C.. Sábio e hábil na arte de falar, foi enviado, pela sua
terra natal, como embaixador a Atenas, onde foi apreciado pela
Assembleia do Povo. Em Atenas dá lições e torna-se
conhecido. Além disso, como mestre percorre várias cidades
gregas. Pródico talvez tenha sido discípulo de
Protágoras e mestre de
muitos sofistas, entre eles contam-se
Isócrates e, por vezes, Sócrates. |
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Quanto às obras de Pródico, não se sabe se os títulos de que nos falam os testemunhos antigos pertenceriam a escritos diferentes ou se seriam partes distintas de um único escrito. Contudo, a segunda hipótese é a mais comummente aceite. Portanto segundo esta hipótese, além das
"Epideixeis", Pródico teria produzido uma grande obra,
"As Estações", composta por uma secção intitulada Da
Natureza. Esta secção dividia-se em duas partes, tratando uma Da Natureza do
Homem. Obra que incluiria uma fábula sobre Héracles. O título desta grande obra de Pródico é enigmático, pois pode traduzir-se
"Horai" por "As Horas", que eram em Céos as deusas da fecundidade, ou por
"As Estações".
Teologia natural
A grande obra de Pródico parece ter começado por um quadro da génese da civilização relacionada com uma reflexão sobre a natureza e a acção do divino que, em conformidade com o politeísmo, intervém constantemente nos empreendimentos do homem. Para
Pródico, o desenvolvimento da civilização fazia-se por meio de tudo o que se relacionasse com a terra e com a agricultura.
Pródico considerava como deuses os quatro elementos do universo, o sol e a lua. O divino podia, no sentimento religioso politeísta de
Pródico, transformar-se na própria substância da vida de todos os dias do homem: no pão, no vinho, na água e no fogo. Pródico colocava-se, deste modo, na linha da religião grega, para a qual os deuses estavam estreitamente relacionados com os fenómenos naturais.
Mas os deuses não se contentam com serem a natureza, querem também descobrir o que na natureza pode ser útil ao homem. Pródico fala, com efeito, dos "descobridores". As descobertas visariam a
transformação do trigo em farinha, das uvas em vinho... O problema que se coloca nos escritos de Pródico é a identificação destes "descobridores". Coloca-se a questão de serem os homens que inventaram o que antes não existia e que o reconhecimento dos seus semelhantes diviniza a seguir ou de serem os que produziram tudo o que existe de útil para o homem na natureza.
Pródico parece ter sido o primeiro a escrever uma filosofia da mitologia. Contudo, esta adquire um sentido particular da expressão, podendo ser considerada uma teologia natural.
A
ética heróica
A fábula sobre Héracles de Pródico
é contada por Xenofonte, não nos seus termos exactos, mas no seu conteúdo. De seguida apresentamos o conteúdo global desta fábula e alguns dos temas tratados nela.
Héracles, na sua adolescência, retira-se para um lugar solitário para deliberar sobre a orientação que deve dar à sua vida. Aí surgiram duas mulheres exaltando cada qual um género de existência: um dedicado à procura da volúpia e outro dedicado à procura da excelência. A primeira via é atraente e fácil, a segunda exige um esforço contínuo em todos os domínios e é recompensada na terra por bens sólidos e duradouros. As duas vias estão orientadas para a felicidade, mas a primeira sob a forma do prazer sensível imediato, a segunda sob a forma de alegria racional.
O tema principal desta obra é o confronto entre a Excelência (Areté) e a Maldade
(Kakía) que coloca um jovem perante um problema de escolha, o que revela o despertar da individualidade naquela época. O homem já não observa cegamente as normas, compara os valores e decide, mediante uma vontade divina.
Um outro tema de Héracles é o voluntarismo heróico. A excelência não é a aquisição fácil, mas sim a exaltação da dor e do esforço, necessárias para ultrapassar as provas impostas que conduzirão à felicidade.
Um terceiro tema importante de Héracles é a determinação clara dos "géneros de vida". Pródico visa, antes de mais, uma formação para a vida prática.
No parágrafo 30 do apólogo de Héracles, Pródico passa à condenação da homossexualidade, donde se pode deduzir que a homossexualidade não era uma prática geral na Grécia Antiga, mas mais uma característica da aristocracia. Também podemos concluir que existia um afastamento claro entre Pródico e os costumes e as tradições aristocráticas.
Pródico reconheceu que os artistas e os servos têm parte na virtude, o que revela a amplitude do seu humanismo e as suas tendências políticas não
oligárquicas. De facto, a preocupação política não estava ausente do ensino de
Pródico, que definia o sofista como um intermediário entre o filósofo e o político. Como tal, dedicava-se à formação dos cidadãos que pretendiam participar activamente nos assuntos políticos.
Para saber mais sobre Pródico:
http://www.utm.edu/research/iep/p/prodicus.htm
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